42.

175 13 16
                                    

{ RAFE }

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

{ RAFE }

"Pára o carro!" ela ordena.

Estacionei na berma da estrada confuso enquanto olhava para ela, do seu lado na janela a chuva batia com violência e em abundância. Ela abriu a porta e saiu dando a volta ao carro, abriu os braços e tombou a cabeça para trás levando com a chuva em cima e tinha um sorriso enorme no rosto mantendo os olhos fechados. Parecia que estava a desfrutar daquele momento como se fosse uma liberdade que só ela podia sentir. Sai também do carro e andei até Emma abraçando o seu pequeno corpo que logo se aconchegou ao meu apertando-me com força num abraço firme. Com cuidado levantei-a no ar fazendo-nos girar enquanto os risos altos da morena nos meus braços se faziam ouvir por toda a estrada vazia tendo apenas as luzes baixas dos candeeiros que iluminavam as estradas e as cores dos semáforos.

Assim que a larguei ela olhou-me nos olhos deixando um dos sorrisos mais lindos que alguma vez já tinha visto na minha vida preencher o seu rosto completamente molhados, os cabelos húmidos caídos pelos ombros e a roupa encharcada, ela segurou as minhas mãos entrelaçando os nossos dedos e aproximou-se colocando-se de bicos de pés para chegar perto dos meus lábios.

"Lembraste de dizer que queria dançar na chuva ou apenas que alguém me beijasse debaixo da chuva?"

Assenti.

"Está aqui a nossa oportunidade." sorriu.

Afastei uma mexa molhada que grudava a sua cara e rocei a ponta dos nossos narizes juntando depois os nossos lábios com toda a calma do mundo, ela sorriu contra mim e anulou todo o espaço entre nós segurando a minha nuca, as minhas mãos não largavam o seu rosto frio, os nossos lábios estavam tão envolvidos que por momentos esqueci-me que estava no meio da chuva gelada.

"Por favor... Não tenhas mais ninguém a tua espera, não ames mais ninguém." pestaneja lentamente comprimindo os lábios.

Senti o ar dos meus pulmões ser completamente roubado, aqueles olhos verdes que me imploravam para não me desenvencilhar dela e a voz baixinha que me fazia tal pedido, as nossas mãos estavam mais apertadas que nunca e os nossos corações sobrepunham-se ao barulho da chuva batendo num ritmo compassado partilhando as mesmas batidas. O medo que me consumia de a perder era absurdo, mas sabia que ela não iria ser minha para todo o sempre, porque ela não podia. Mas iria amá-la para toda a eternidade e disso eu tinha completa certeza.

"Merda eu queria tanto que fosses só minha, mas eu não posso pedir-te uma coisa dessas." encosto a minha testa a sua.

"Pede..." ela murmura e eu fecho os meus olhos.

"Não posso." sinto um arder percorrer a minha garganta e as pequenas mãos de Emma soltarem as minhas.

Abri os olhos no mesmo segundo vendo-a caminhar de volta ao carro e abrir a porta, cerrei os punhos e naquela hora toda a minha mente e corpo agiram no automático. Caminhei a passos largos até ela puxando para mim fazendo com que ela me olhasse, encostei-a ao carro e beijei os seus lábios como se fosse tudo aquilo que eu precisasse para sobreviver, como se fosse a minha bala de oxigénio ou a cura para uma doença qualquer. As suas mãos pousaram de cada lado do meu rosto e um suspiro foi lançado contra os meus lábios como se fosse um alívio por estarmos assim juntos. Emma foi soltando o beijo com calma porém deixando-se assim junto a mim, os meus dedos percorreram o rosto frio e molhado dela acariciando com ternura, deixei um longo beijo sobre a sua testa e finalmente me afastei.

"É hoje que vamos acabar aquilo que temos não é?" pergunta baixinho e apenas consegui baixar a cabeça.

Quando a voltei a mirar ela tinha um olhar compreensivo preso no rosto e os lábios fechados numa linha.

"Tudo bem... Sabíamos que tinha de ser assim." sussurra.

Como um idiota eu não conseguia abrir a porra da boca para falar que não, que a queria comigo que não precisávamos terminar nada porque não tínhamos sequer começado direito, fazia alguns meses apenas que andavamos assim e nestes meses foi incrivelmente insano aquilo que vivemos e aquilo que sentimos.

"Vamos para casa." roda o corpo entrando no carro e fechou a porta deixando-me sozinho a apanhar chuva.

Caminhei quase como se tivesse um peso em ambas as pernas que não me deixavam sair do sitio, sabia que se chegássemos a casa ela nunca mais iria falar comigo, olhar para mim ou sequer ter um sorriso dirigido na minha direção, sabia que as fotos em conjunto no seu mural iam ser arrancadas e substituídas por outras. Mas o que me assustava mesmo era saber que não a ia poder amar, não ia poder dormir mais do seu lado, fugir durante a noite até ao seu quarto para lhe dar um beijo de boa noite ou enviar-lhes mensagens provocadoras só para a ver olhar por cima do telefone e fazer aquele seu sorriso discreto mas cheio de malícia, não a ia poder fazer rir. Tudo o que me ia restar eram lembranças dos nossos momentos ou conversas antigas muito antes de nos termos beijado.

Entrei naquele maldito carro e o silêncio foi esmagador, olhei de soalho para Emma que mirava a janela com uma mão sobre os lábios, talvez segurando o choro. Desviei o olhar, não conseguia encarar a dor que lhe causava, o seu maior medo era que lhe partissem o coração e aqui estou eu, a partir o coração de Emma na noite em que a trouxe a jantar ao seu segundo restaurante favorito depois de nos beijarmos debaixo da chuva como ela sempre sonhava, igual aos livros clichês.

A minha boca abria e fechava, nada saia. Comecei a conduzir com a cabeça cheia de pensamentos mas a boca seca parecia que tinha esquecido como se falava. Acabei por virar à esquerda numa espécie de rua sem saída e discreta entre duas vedações. Desliguei o motor e encostei o meu corpo no banco apertando o volante por baixo das mãos com alguma força. Tinha de fazer o que melhor sabia, usar as mãos, usar o tato, precisava de a tocar e, se calhar, só assim, quem sabe, ela entendia o que eu queria.

"Rafe o que estás a fazer?" a voz era baixa e finalmente conseguiu encarar-me.

Sabia que ela me olhava porque conseguia enxergar pelo meu campo de visão. As mãos caídas no colo, com certeza ela estava cheia de frio, mas não se preocuparia com isso, não agora que estávamos parados num beco. O seu cabelo estava ainda todo molhado, mas não como antes, estava mais solto e a pele agora seca. Girei a cabeça para o lado direito, onde Emma se encontrava sentada a tentar decifrar o que ia na minha mente, a sua feição confusa que eu conhecia cada detalhe, desde a testa enrugada, os lábios mais fincados um no outro e os olhos mais cerrados para se concentrar no mínimo gesto que estaria pronto a fazer ou talvez nas próximas palavras que iria usar. As maçãs do rosto estavam agora mais vermelhas que nunca, as sardas salientes e os olhos verdes apagados, lábios húmidos. Apenas abanei a cabeça de forma negativa e deixei os ombros descaírem ganhando finalmente coragem para abrir a boca e dizer alguma coisa.

"Vamos fazer do jeito certo, vamos despedir-nos pelo menos." profiro rouco.

Segurava o nó que parecia maior que nunca na minha garganta vendo-a mais confusa ainda, porém relaxou a cara percebendo onde queria chegar.

"Não consigo... Não consigo fazer isto." baixa a cabeça.

"Emma..." comprimi os lábios.

"E depois o quê?" pergunta.

"Não quero que a nossa última vez tenha sido no dia em que disse que te amava, nem quero que o nosso último beijo tenha sido depois de te negar uma coisa que queres e eu também!" aclaro a voz para tentar manter-me firme.

"Queres que doa mais se fizermos a nossa despedida aqui, neste carro com a consciência de que não nos vamos poder ter nunca mais? Vais conseguir? Vamos fingir que não afeta?" gesticula.

"Não vou fingir, nunca precisei de fingir contigo, temos a consciência e por isso é que vai ser o mais especial de todos e sempre que nos lembrarmos vai ser desta noite. Do jeito que nos beijamos porque sabemos que vai ser o último, do jeito que te entregas a mim porque vai ser a última vez, o jeito que os nossos corpos vão reagir porque sabem que vai ser a última vez que as nossas peles se vão unir." solto o volante.

🐻
O que estão a achar? Estamos quase quase a chegar ao fim desta nossa história de amor impossível...
Passem por Reckless e desfrutem do nosso Rafe Cameron.

𝑳𝑶𝑽𝑬𝑹𝑺, Cameron. Onde histórias criam vida. Descubra agora