Capítulo 21 - Turbilhão de pensamentos

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Scarlett Johansson

Eu nem mesmo sei que horas são, que horas eu saí de casa ou quanto tempo gastei para pegar a estrada e chegar até New Paltz

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Eu nem mesmo sei que horas são, que horas eu saí de casa ou quanto tempo gastei para pegar a estrada e chegar até New Paltz. Sinceramente, perdi a noção de tempo há exatamente dois dias e não lembro o último momento em que me sentei tranquilamente e analisei o relógio sem que fosse algo meramente costumeiro.

Já na casa de fazenda deixo a pequena mala no meu quarto e no percurso até a sala passo observando cada pequeno detalhe desse lugar, aqueles que eu mais amo, apenas para me sentir mais acolhida.

Abro as janelas e me sento no sofá, sentindo o ar puro com cheiro de grama e terra úmida entrar. Tem cheiro de infância. Tem cheiro de lar.

Manhattan é meu lugar, minha casa, assim como New Paltz. Florence e eu crescemos aqui, em Pughsson Farm, e sempre será nosso lugar de paz e tranquilidade, onde podemos fugir um pouco do barulho que a grande cidade faz. É o melhor lugar para pensar e se encontrar quando, ocasionalmente, se perde. Por isso eu vim até aqui para pensar, de preferência, sozinha.

Não sinto fome, mesmo que minha última refeição tenha sido feita horas atrás, ainda na casa de Steve. Ou melhor, Christopher. Também não estava com fome quando Florence, que chegou no meu apartamento minutos depois de Evans deixá-lo, me chamou para jantar antes que eu realmente pegasse a estrada.

Não era o momento e, sinceramente, topar com minha irmã exatamente no minuto em que tentava "fugir sorrateiramente" foi a melhor e pior coisa que poderia me acontecer. Foi a melhor porque tudo o que eu precisava era de seu abraço quente e aconchegante, e foi a pior porque ela estava desesperada por informações.

Não nos falávamos direito há quase dois dias e eu sei da quantidade de coisas que ela queria conversar. E a situação se complicou ainda mais quando percebeu que estava chorando e fazendo uma mala. Mas no final consegui acalmá-la dizendo para onde vinha e consegui fazer com que prometesse não contar a ninguém e ainda segurar nossos pais por mais dias em Manhattan.

E agora estou aqui olhando para o breu da minha janela, aguardando o dia amanhecer, prestes a finalmente assimilar os acontecimentos recentes.

Volto minha mente a algumas horas atrás, no momento em que — agora chamado Christopher — saiu pela minha porta, e como foi impossível não desabar. Não só por Evans, mas por tudo. Pelos dois últimos dias mais insanos da minha vida, por todos os inúmeros sentimentos intensos que vivi, pelas pessoas que saíram, pelas que entraram, pelas que quiseram ir e eu as obriguei a ficar e pelas que ficaram mas as obriguei a ir.

Em menos de uma semana minhas emoções foram obrigadas a se modificar tão rapidamente que nem mesmo tive tempo para associar cada uma delas antes que precisasse colocar outra no lugar.

Há dois dias eu ainda estava noiva de Colin, disposta a devolvê-lo a aliança que havia me dado, se isso simbolizava por um fim ao que chamávamos de noivado. Há dois dias anunciei nosso término, disse que Jost estava noivo de outra mulher e criei para ele uma dívida enorme. Há um dia dormi com Christopher e no dia seguinte descobri que meu ex noivo é um criminoso e que o homem que havia dormido estava o investigando debaixo do meu nariz, e eu nunca notei...

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