| Two minutes.

4K 365 223
                                    

Capítulo anterior. Vocês já sabem o que fazer.

• Any Gabrielly. •

Olhar para o céu parecia um alívio. Fazia muito tempo desde que não sinto a brisa bater no meu rosto. E claro, marshmallows são incríveis.

Podia sentir os olhos de Josh pairarem sobre mim, e tentava não me sentir envergonhada ou incomodada.

Era um momento certamente peculiar.

Já estava começando a escurecer quando Josh decide quebrar o silêncio entre nós.

- Any, posso te fazer uma pergunta?

-"Um passo falso acarreta milhares de desgraças." - Riu.

Ele me olha confuso. Payton teria entendido.

- Que?!

- É Jane Austen, Josh.

- Uh?!

- É uma citação... De orgulho e preconceito?

- Céus. Você é realmente a maior nerd que já vi na vida.

- Obrigada, isso é ótimo!

Ele revira os olhos.

- Enfim, como dizia... O que significa aquela, hm... A frase que estava na lápide da sua mãe?

Oh.

- Isso é uma coincidência e tanto, na verdade... - Me aproximo mais. - Quando me encontrou no cemitério, era porque tinha acabado de entender aquela frase.

Josh ajeita as costas, como um sinal de que estava mais atento.

- Acho que mamãe sabia sobre seu falecimento. Ela quis deixar aquela frase como um desafio para mim, e eu sei disso.

Engulo seco. Certamente não era fácil conversar sobre algo como este.

Ele percebe meu desconforto.

- Desculpa... Foi uma pergunta insensível e...

- Não, está tudo bem. - O interrompo. - Talvez seja bom me livrar desse sentimento. - Sorriu.

Ele força uma meia risada.

- Papai nunca quis me mostrar as coisas dela, e mesmo assim, sempre as fucei quando dormia. Antes de ontem, especialmente, encontrei um... Um diário. A primeira coisa escrita era titulada como "Vida."

- Vida?

- É... Ela descrevia como a vida funcionava para ela. Mamãe a comparava com um lago. Ler aquilo me fez enxergar muito que nunca havia visto antes, e por um minuto, conheci a mulher que nunca vi.

- O que dizia? - Ele diz baixinho.

- Dizia que a vida não se passa de um enorme lago. Nós, pessoas, temos áreas delimitadas. Vivemos naquela pequena proporção, aquela que nos reflete. Aquela parte em que quando olhamos, vemos a si mesmos. Passamos todo o nosso tempo parados no mesmo lugar, fixando os olhos a nossa própria imagem, sendo que com um simples gesto de levantar a cabeça, poderíamos ver... a beleza além do lago.

Os olhos azuis do garoto pairavam sobre os meus. Finalmente podia sentir algo genuíno vindo dele.

Era uma sensação certamente estranha e incômoda, ao mesmo tempo prazerosa.

- Ela parece ter sido uma mulher incrível.

- Creio que sim. - Sorriu.

Josh de repente dá um pequeno pulo.

Begging | Beauany.Onde histórias criam vida. Descubra agora