Ato I

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"Ouve uma noite em que
Eu chorei e quase desisti"

A pequena Lynch, de apenas nove anos, andava animadamente pelo caminho de casa com um sorriso radiante no rosto, seus pequenos pezinhos batiam forte no chão enquanto ela pensava apenas em chegar e abraçar sua irmã, na qual sempre abraçava todo dia. O Sol batia forte em seu rosto, mas seu sorriso era perceptível a todos que estavam vendo, ela olhou para o céu vendo um azul como nunca. Antes que pudesse ao menos traçar metade do seu caminho, alguém a agarrou, ao que parecia, uma mulher. Sua idade não passaria dos 19 e sua feição era alegre. sua irmã. Ela a levantou no colo, a fazendo se assustar, a mulher riu da cara da menininha

- pra onde estava indo com tanta pressa assim, meu anjinho? - ela pergunta suavemente passando a ponta do dedo indicador no nariz da menina, que apenas ri com o toque

- eu estava indo encontrar você, é óbvio! - ela fala animada sendo recebida com mais um abraço apertado, mas aquele não parecia tão feliz quanto os que sua irmã sempre dava. Estava mais apertado, mais necessitado do que nunca, porém a menina era nova demais para perceber algo desse tipo, apenas sabia que aquele abraço era mais forte do que o normal. A mulher levantou o olhar para ela, se desprendendo do abraço. Não havia mais sorriso em seus lábios.

- querida, nós temos que ir. - ela fala segurando em seus ombros pequenos. A mais nova pode notar a mochila que sua irmã carregava nas costas. Não era segredo para ninguém que a mais velha portava um dos 10 titans primordiais, então era algo haver com aquilo?

- do que está falando? - o sorriso aos poucos estava se esvaindo

- eu sei que é confuso... mas não tenho tempo de explicar. Precisamos ir para Paradis.

O que aconteceu em seguida foi confuso para a criança. Sua irmã a pegou no colo e correu com ela até a costa. Afagou o cabelo da menina antes de a colocar no chão junto a mochila que foi pega pela pequena e morder a mão bruscamente, até que dela saísse sangue em abundância. Em um piscar de olhos, ela tinha se tornado um Titã. Os cabelos longos e escuros e o corpo que, embora fosse muito grande, parecia delicado. A olho nu não dava para tentar medir seu tamanho, mas se pudesse, diria que tinha de 14 a 15 metros. Os braços grandes do titã se moveram até a menina, abrindo a mão para que ela subisse e ficasse em sua palma, o que foi feito.

A Titã olhou para a pequena garotinha, e por alguns segundos, ela pode jurar ver um sorriso se formar diante da pele pálida do ser enorme onde habitava sua irmã. Ela levantou devagar com a menina em mãos e andou em contramão com as ondas do mar. Tiros e gritaria eram ouvidos por vários lados mas a Titã não parecia se importar, a garotinha, mesmo pequena sabia que a habilidade de manipular e fazer crescer seus próprios ossos a impedia de ser atingida por quaisquer armas como aquelas. A pequena garotinha se perguntou onde estavam os outros Titãs e por que ainda não tinham chegado a vir atrás das duas. Talvez tudo devesse ser explicado depois.

Enquanto o gigante se movimentava pela água, a garota apenas via o mar engolir do seu quadril para baixo, isso as vezes mudava e o mar engolia mais ainda fazendo a Titã ter que levantar as mãos com a garotinha para que a imensidão azul não engolisse a criança. As horas estavam se passando, e a manhã logo virou tarde que virou noite. O mar já tinha ficado pra trás e agora só havia dunas de areia pra todo lado. Um deserto sem fim. Como a garotinha estava com a mochila, comida não foi problema pra ela, mas estava preocupada com a irmã. Pegou a baguete mais longa de pão que viu e toda a água restante e estendeu para a gigante, que apenas olhou e viu com um pouco de pesar os olhos bondosos da menina e seu sorriso meigo. Passou delicadamente o dedo mindinho por entre a nuca da menina, voltando a olhar para frente

O Titã não ficava parada nenhum segundo, quanto tempo ela aguentaria? Ao longo do caminho, alguns outros Titãs passaram por perto, mas não o suficiente para verem a carne humana que a mulher carregava ali. Pouco a pouco a paisagem mudava, as vezes era possível ver pequenas árvores a distância, outras vezes um pouco de terra fértil, mas sua irmã só parou quando avistou uma arvore com o dobro de seu tamanho. A mulher colocou a garotinha no tronco mais forte e alto que conseguiu ver dentre aquele escuro e finalmente saiu do corpo da Titã por seu pescoço, do lado de trás da cabeça, se embaraçando com os fios grande do gigante agora sem comando que se deteriorava em fumaça. A menina ascendeu uma lamparina que encontrou dentro da mochila, clareando o caminho para a irmã que se sentou ao lado dela a abraçando. Era nítido seu cansaço.

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