O dia em que pensei em flertar e engoli água no processo

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Sally

Percy e eu vamos embora de Montauk. Após a noite de ontem eu nem tenho mais cabeça pra pensar. Só joguei minhas roupas numa mala e as de Percy em outra. Comprei passagens de ônibus para Manhattan e já aluguei um quarto no hotel mais barato que achei. Não é muito longe de Montauk, mas é o que tenho pro momento. O Olimpo fica em Manhattan, então Zeus e Hera devem estar furiosos. Mas o rei dos deuses não precisa se preocupar, afinal, Possie sempre gostou mais do mar. Percy ainda não assimilou a mudança. Num dia ele está brincando com o pai na areia e no outro o pai simplesmente some. Ele fica olhando de um lado pro outro, como se estivesse procurando Possie. Aqueles olhinhos verdes me fizeram lembrar do dia em que eu o conheci.
Meu tio tinha acabado de falecer, e eu estava perdida. Sem dinheiro, sem lar e sem família. Tinha largado a escola para cuidar do tio Rich, então com certeza eu não teria um emprego muito bom, muito menos realizaria meu sonho de ser escritora.
Fui para a praia, pra relaxar um pouco. Então resolvi nadar. No mar, enquanto mergulhava, vi algo incomum. Um cara nadava próximo a mim, e parecia que o mar seguia seus movimentos. A água salgada não o afetava, e os peixes, juntamente com as algas, dançavam ao seu redor como um grande show.
Fiquei encantada. Pelos deuses, nunca tinha visto algo como aquilo. No mesmo instante, senti borboletas revirando meu estômago do avesso. Fiquei o encarando por um tempinho, e ele não pareceu notar minha presença. Voltei ao mundo real quando meu oxigênio estava acabando e eu comecei a me afogar. Voltei à superfície e fui rapidamente para a praia. Eu realmente passei do horário no mar. Não conseguia respirar muito bem, e ia tossindo água encanto caminhava pelo fundo raso.
Estava quase encostando na areia, mas decidi virar para trás. Foi quando o vi melhor. Ele saia do mar, o sol batendo em sua pele bronzeada, e os seus olhos verde-mar me hipnotizando. Ah, qualquer um poderia facilmente se perder naquele olhar. Fiquei travada mesmo quando notei que ele vinha em minha direção! Nem me mexia. Foi aí que ele me tirou do transe.
"Oi! Tá tudo bem com você moça? Eu notei que você se afogou"
"Oi! Sim. Eu só estou meio... ah... tonta. Fiquei tempo demais embaixo d'água."
"Hum, tem certeza?"
"Tenho. Eu tô bem."
"Tá legal, acho que vou acreditar no que disse. Ei, você é daqui de Montauk? Venho sempre pra cá e nunca te vi"
"Sim, sou. Acho que só não deve ter me notado por aqui."
"Ah, acho difícil não notar alguém como você princesa.
"Princesa? Meio exagerado você, não?"
"Pelo contrário, acho que foi pouco. Não acho que exagerei. E aliás, não perguntei o seu nome. Poderia me dar a honra?"
"Sally, Sally Jackson."
"Meu nome é Poseidon. Mitologia, história, coisa do tipo, sabe?"
"Sei, gostava de estudar sobre."
"Ótimo! É um assunto realmente intrigante. Fico feluz que goste. Bom, Sally. Foi bom conversar um pouco, mas acho que vou indo. Não posso deixar o barco sozinho por muito tempo."
"Você é pescador?"
"Pous é, esqueci de mencionar. Te vejo amanhã?"
"Eu não sei se posso..."
"Sem problema, princesa! Então nos vemos qualquer dia desses! Até mais."
"Até."
Ele se foi para o mar, mas antes de mergulhar, se virou e deu uma piscadinha. Quase morri! De um jeito ou de outro, eu iria voltar no dia seguinte, só pra receber uma piscadinha igualzinha àquela mais uma vez...

In the arms of the SeaOnde histórias criam vida. Descubra agora