Querida Marionete

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Athanasia agora iria se passar por um rapaz qualquer, junto de um nobre com nome falso. E o intuito de irem para as montanhas como planejaram era para iniciar o treinamento logo no início da tarde, mas Lucius não esperava que fosse ser tão longe assim, ao ponto de estar agora segurando seus joelhos com força e buscando o fôlego com desespero.

"E olha que nem corremos. Apenas andamos um pouco." Apesar de Petterson dizer aquilo, ele segurava a lateral de sua barriga com força, resmungando sobre estar úmido e doloroso. Seus olhos foram para os verdes do garoto ofegante, recebendo por alguns segundos a tonalidade avermelhada e opressora daquele que possuía sua mente.

Vamos... Arranque aquele maldito colar. Sugue a energia dela com o meu poder, assim você não sofrerá mais dessa dor. — A voz distorcida e risonha do ser que lhe possuía nublava sua mente, deixando apenas aquele desejo único de obedecer às ordens dadas a si.

...Devemos ser gentis. — Anastacius logo recobrou o controle de sua mente e corpo, dando um sorriso cortês quando Lucius olhou em sua direção, confuso e curioso com aquelas expressões estranhas que o Visconde fazia.

"Comeu algo estragado, Sir Petterson?" O rapaz indagou, aproximando-se aos poucos, finalmente recuperado daquele caminho todo percorrido.

"Bom. Você cozinhou o almoço, então não desconfiaria caso começasse a me sentir mal." Petterson zombou, ganhando um olhar irritado do garoto de olhos verdes.

"Pare com isso! Eu fui muito bem ensinado pela minha Ama!"

"Eu não me importo." Petterson deu alguns passos à frente, para então poder se virar outra vez para o outro rapaz com um sorriso zombeteiro. "Devemos treinar agora, não acha?"

"Sim!"

E então eles começaram o treino naquela noite, assim como em todas as outras.

Petterson demonstrava a Lucius cargas energéticas de magia, para depois ensinar como canalizar mana e soltá-la num único foco.

Era surpreendente a forma como Athanasia, ou melhor, Lucius conseguia aprender rápido. Tão rápido, que as faíscas carmesim nos olhos negros de disfarce de Petterson brilhavam, instigando-o a perder a cabeça; ao se aproximar dela e roubar aquela essência poderosa que com o passar dos dias engrandecia pelo cultivo esforçado que ela tinha.

E isso se seguiu assim durante semanas, com eles sempre mudando o local dos treinos noturnos pelos quatro cantos dos reinos, para que assim ninguém pudesse rastrear a mana da princesa.




Um mês se passou desde o desaparecimento da Princesa Athanasia, mas o Imperador Obeliano e o segundo Príncipe de Arlanta não ficaram parados. Lucas e Cabel foram para Obelia iniciar o plano de conseguir alguma atenção dos dois vizinhos, tentando dia e noite, sem descanso algum — Félix vinha com Lily no escritório de Claude para entregar-lhes comida para que não passassem fome.

Sempre que Lilian aparecia no escritório, Cabel lhe entregava olhares como se desejasse conversar com ela depois, tentando reprimir a vontade de abraçá-la e largar por alguns segundos aquela investigação em busca de sua noiva. E Lilian sorria gentilmente para ele, em concordância daquelas encaradas sempre que adentrava o cômodo.

Lilian esperou dezenove anos por isso.

Apenas... um pouco mais. — Ela pensava.

Enquanto isso, Lucas passava horas à fio tentando rastrear qualquer traço mágico de Athanasia — do qual ele sentia a cada canto dos quatro Impérios, mas era simplesmente caso perdido, pois no fim eram apenas resquícios impossíveis de serem seguidos —, Cabel e Claude tentavam por cartas pedir a solicitação de uma transmissão entre os dois Impérios dos quais eles desejavam criar contato, na esperança de uma resposta.

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