Cap 1= Novo lar

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Março 1989, Porto Alegre

- Parabéns pelo seu desempenho, sabes que é uma ótima aluna.

- obrigada - respondeu a menina simplista.

- Pena que não nos veremos ano que vem. - choramingando de brincadeira, a professora se levantou indo em direção a mais nova.

- Eu sei, eu também não queria me mudar pra tão longe, mas meus pais acham melhor assim.

- Eu entendo, seus pais são bem ocupados. Mas você vai se dar bem, vamos sentir saudades de você meu anjo - abraçou a menina calorosamente - Venha nos visitar!

- Pode deixar professora.

(...)

Caminhando pra fora da sala acenou de longe a menina que estava se despedindo da grande escola .

- Vamos, Aurora?- Perguntou-me minha mãe.

- Calma mãe!

Começava um novo ciclo na minha vida, e que reviravolta. Nunca imaginei que um dia sairíamos daqui, mas até que eu estou começando a aceitar a ideia. Após terminei o ensino médio, me vejo quase de cara com a vida adulta. Mas ainda falta muito. Então, não vou me preocupar tanto.

"Ser prevenido não significa ser alguém preocupado!"

- Chegamos, Já arrumou todas suas coisas? - minha mãe esbanjava animação.

- Já sim, tá tudo empacotado. Só falta levarem os móveis do meu quarto pro caminhão e os meus instrumentos que eu coloquei em várias caixa escrito FRÁGIL, em maiúsculo - Disse a menina preocupada - Imagina se algo acontecer com meus bebezinhos mãe? - resmunguei baixinho.

- Ó meu amor, pode deixar que eu cuido deles, viu? E os pequenos você pode levar no carro, que tal?

- Tudo bem, assim eu fico aliviada.

A tarde se seguiu. Caixas e pacotes, viraram o foco principal até o chegar de noite.

(...)

- Nunca mais, nós vamos nos mudar para lugar nenhum! - ditou meu pai um tanto quanto estridente - Porquê nós temos que ter tantas coisas! Vamos doar!

- Tantas coisa tantas coisas - debochava minha mãe - Você é o responsável por acumular todas elas!

- Mãe, quem é a senhora pra falar? Estamos fazendo uma mudança só de plantas suas!

- Viu? Até a nossa filha percebe que eu não sou o único culpado!

- Ninguém tem culpa de nada! Também como ninguém sabe aceitar o fato de que às plantas  rejuvenescem os ambientes!

- Chega de falar de planta! - de onde estava, meu pai se levantou rápido tropeçando em algumas caixas vazias - Vou buscar comida! - Cozinhar estava fora de questão, afinal onde estava nosso fogão?

- Traga doces... Muitos doces...

- Formiga

- O senhor é o melhor aaa te amo.

A menina foi em direção ao quarto com um sentimento de saudade, mesmo não tendo saído de sua casa ainda. Pra alguns pode parecer besta e bobo, mas ela estava apegada com aquela junção de paredes que chamava de lar.
Quando abriu a porta de seu quarto olhou cada detalhe, queria que cada pedacinho ficasse em sua memória. A janela branca, a parece rosinha que tinha essa cor desde os seus 10 anos, o parapeito da janela onde sentava muitas vezes ali para compor, a porta riscada com sua altura, o furo do parafuso do suporte que ficavam seus instrumentos, todo lugar tinha um pouquinho dela, afinal ali era seu cantinho.

OO:58 AM

- É, alguém quer falar alguma coisa? - disse a mãe com os três a frente da casa.

- dizer o que, tipo um tchau casa? - perguntou a menina brincalhona

- É, ou sei lá o que vocês quiser dizer.

Todos se olharam e entenderam, então no último minuto eles disseram:

- TCHAU CASA

E foi assim, a pequena família entrou no carro e deu partida junto com o caminhão de mudança que estava logo atrás, em direção a uma "nova vida".


Opa, capítulo curtinho mas é porque o segundo vai ser grandão de mais { se não acharem grande ignorem mas eu achei =) } É isso, espero que gostem, é simples mas é de coração. Beijos até a próxima 💞💞

 Ai de mim se fosse apenas uma corda de guitarra || Mamonas AssassínasWhere stories live. Discover now