Capítulo 2 - A caminho de Viron

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P.O.V. - Flora

A nave dos meninos estava estacionada no pátio de Alfea. Agora, o Sol brilhava às oito da manhã, e o mundo acordava.

Algumas estudantes olhavam admiradas - quase babando - para os especialistas, principalmente para Brandon, deixando uma Stella morder de ciúmes.

Com um pouco de magia, eu fazia minhas bagagens flutuarem atrás de mim, em um tamanho significativamente menor que o original.

Diminuindo-as um pouco mais, consegui as colocar dentro de uma bolsinha de cintura que usava.

Stella levava muitas bagagens, provavelmente imaginando que faríamos paradas em cidades de Eraklion.

Andava pelo jardim, sentindo as flores, o orvalho da manhã se evaporar e a natureza acordar.

Passava despercebida por entre as árvores, e não percebi quando alguém veio por trás de mim, e me prendeu contra a árvore.

Com um susto rápido, logo reconheço quem é pelo cheiro de orvalho e pinheiros na neve.

— Helia. - digo, abrindo os olhos. Vendo primeiro sua cintura, por estar de cabeça baixa, subindo pelo peitoral e finalmente vendo seu rosto.

Seus olhos me encaravam intensivamente, um sorriso de canto em seus lábios.

— Minha querida Flora... - ele diz em um tom que apenas eu sou permitida de escutar, rouco e falho - Venho querendo te beijar desde o baile da água de semana passada...

Minha respiração se descompassa.

— Então, peço que me beije, Helia. - respondo o mais firme que minha voz consegue permitir.

Seu rosto então se aproximou do meu, e nossos lábios quase se encontraram, antes de o mundo chacoalhar e cairmos.

— Flora! Flora! - alguém me chama distante.

— Ah... o que foi...? - resmungo cansada.

— Vem Flora, estamos chegando no castelo de Sky! - a voz agora se torna reconhecível; Stella.

— No castelo de Sky? - pergunto desnorteada - Íamos para lá desde sempre?

— Ahn... acho que não. Mas o Timmy disse que precisa configurar uma atualização sei lá das quantas no sistema para que a nave aguente à temperatura das montanhas. - diz, dando de ombros - Então, vamos aproveitar e esticar um pouco as pernas.

Reviro os olhos, fazendo questão de me levantar, mas Stella acaba me empurrando de volta ao banco.

— Mas o que...? - pergunto confusa.

— Então me beija, Flora? - sua voz é baixa mas perceptivelmente maliciosa - Com o que tanto sonhava?

Sinto minhas bochechas ficarem coradas, o sangue envergonhado afogando meu sono.

—Stella, shiu! - tapo sua boca com a mão, e sinto ela sorrir - Por favor, não conte para ninguém. Foi um sonho, só isso.

Ela assente com a cabeça, me fazendo soltá-la.

— Okay okay... eu fico quieta. Eu hein, que que tem de errado nisso? - ela começa a andar em direção à Brandon, sentando em seu colo.

— Meu príncipe! - diz, o que me faz revirar os olhos.

— Flora. - aquela voz me chama, me fazendo arrepiar da nuca aos pés - Tudo bem? - Helia se senta onde antes Stella se encontrava.

— Claro, por que não estaria?

— Está muito vermelha - ele põe suas mãos em minhas bochechas - E está quente. Tem certeza de que se sente bem?

Faço que sim. — Deve ser calor. Estou bem, Helia, obrigada pela preocupação.

Ele sorri. Aquele mesmo sorriso do meu sonho. Maldito sorriso.

— Sempre irei me preocupar com você, flor da primavera. É para isso que vivo.

Sua fala me deixa sem graça, então sorrio e abaixo a cabeça.

Mesmo sem ver, sinto sua expressão mudar.

— Vamos pousar, e Timmy disse que talvez passemos por turbulências. - suas mãos vão para meu queixo, o erguendo, fazendo-me olhar em seus olhos - Vou até o controle ajudá-lo... volto em pouco tempo. - ele então se levanta, me dando um beijo na testa antes de sumir pela nave.

Me afundo no banco, suspirando.
Eu amo esse garoto.

(...)

Fizemos uma parada rápida - tão rápida que Stella nem pôde sair da nave - para que Timmy fizesse os ajustes no sistema e alcançássemos o ar novamente.

Perto das montanhas Viron, os vidros da nave já embaçavam e a temperatura mudava. Cada vez mais frio.

Stella fez questão de vestir todos com casacos quentinhos e forrados com uma espécie de tecido felpudo branco e grosso.

Os casacos tinham um cinto que marcava bastante minha cintura, e as calças eram finas mas quentes e mágicas. As botas eram pretas - assim como o resto da roupa - e bem macias. O casaco trazia uma touca, apesar de eu vestir minha própria.

Todas estávamos praticamente com o mesmo estilo de roupas, o que mudava eram alguns detalhes, como por exemplo, atrás de meu agasalho, há desenhos pequenos de flores.

Ao estacionar em uma área plana, alguns quilômetros afastados do que Tecna presumiu ser a entrada da possível caverna onde a chame estaria escondida, todos colocamos luvas e óculos de proteção, além de Bloom jogar um feitiço de fogo para aquecer-nos durante o caminho.

O vendo açoitava meus cabelos, forte e irrefreável. As árvores resistentes à tão baixa temperatura eram separadas por metros de distância umas das outras.

Nossas pegadas eram apagadas pelo vento, e quase não víamos um palmo à nossa frente.

Todos se mantinham o mais próximos possível, para além de não nos perdemos, nos esquentarmos. Embora o feitiço de Bloom, ainda estava frio o suficiente para querermos mais contato físico.

Longos e congelantes minutos depois, chegamos a um lugar.

Uma entrada de caverna; estalactites de gelo decoravam as paredes e chãos e tetos, o brilho refletido dos raios de sol lá dentro tinham uma cor arroxeada.

— Uau... - exclama Musa, fechando os olhos - Posso escutar o som do vento contornando as estacas de gelo. É uma melodia tão caótica...

Continuamos a andar, cada vez mais à frente, adiante. Em um momento, a entrada já não era mais vista, apenas pontas e mais pontas de gelo.

— Pessoal, onde vamos achar essa tal chave hein? - Stella boceja - Aqui tá frio, não vejo nada além de gelo e mais gelo e estou com dores nos pés.

— Calma Stella, com certeza vamos ver alguma coisa. Eu sinto isso. - Bloom responde.

Andando mais e mais, em uma hora desatenta, Sky acaba tropeçando em uma estalactite.

— Merda. - ele xinga.

O barulho da queda ecoa alto pela caverna, fazendo toda a montanha tremer.

As estacas de gelo começam a tremer e então, caem, em massa.

Nos protegemos com escudos ou golpeando-as.

Vejo um pedaço cair na direção de Helia, que estava se protegendo de outros. Disparo em sua direção e projeto um escuto ao redor de nós dois, enquanto o abraço, desesperada, com a respiração descompassada.

Seguro minha língua. Quase, quase expresso o quanto isso me afetou.

Ele se afasta, mas segura meus ombros e dá uma boa checada em meu rosto, sorrindo ao ver que não tenho nada de errado.

As raízes de um inferno - Winx [Helia x Flora]Onde histórias criam vida. Descubra agora