Capítulo 6 - Reencontro

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P.O.V. - Flora

Eu estava tremendo de frio. Andei na direção em que eu supostamente havia caído, mas estava cega nesse mundo branco. Não tinha direção, e realmente queria encontrar aquele cobertor.

Minhas pernas já estavam fracas, minha barriga reclamava pela fome e minhas orelhas, geladas pelo ar oposto.

Meus pés afundavam-se na neve macia, um sussurro dos passos era audível.

A coberta faz falta. Sinto meu corpo todo retesar, meus dedos estão gelados como estalactites e minhas pernas estão se esforçando para continuar mantendo-me em pé.

De repente, o ar muda.

Sei que, do local de onde saí, e o local onde me encontro, a distância não é muita. Não tenho forças para isso.

Sento-me escondida atrás de um grande bloco de gelo, que impede o vento de me atingir.

Uns minutos depois, escuto um sussurro. Mais e mais perto, passos.

Silenciosamente me transformo, aguardando.

Nada.

Cada vez o som mais alto. A ansiedade estava me atacando.

O poder começa a fluir por entre minhas veias.

Está perto.

Me preparo para atacar, conecto-me com o ambiente.

Os passos cessam.

Avanço para os céus, acumulando toda minha energia em minhas mãos.

Mas, quando olho para baixo, e encaro meu suposto alvo, toda minha energia sai de mim.

— Helia...

Ele está me encarando, e sorrindo.

— Flora!

Despenco para o chão, sem forças para me sustentar pelos ares.

Helia vem correndo até mim, e abraça meu corpo ajoelhado na neve.

— Flora... Flora! Meus deuses, meus deuses... - ele murmurava e agradecida.

Antes que eu percebesse, lágrimas passaram a escorrer por meus olhos, e soluços saírem de meus lábios.

Ele se afasta, preocupado.

— O que foi, minha flor?

Choro desesperadamente. Sua face está preocupada, e ele procura sinais de ferimentos em minha pele.

— Flora?

O abraço, aperto-o contra mim.

— Minha Flora, me diz, o que se passa?

O abraço mais apertado.

— Eu senti tanto medo, Helia... tanto medo...

Ele suspira. — Eu senti também. Mas estou aqui agora. Estamos aqui. - diz, envolvendo seus braços ao redor de mim, mais apertado.

Ficamos por um tempo assim. Apenas aproveitando o calor e o aperto um do outro.

Suspiro. — Helia...?

Ele afasta seu rosto, mas ainda me abraça. — Sim?

— Como veio parar aqui?

Sorri, cansado. — Pulei atrás de você quando atravessou o portal. Não deixaria você passar por isso sozinha.

Meu coração dá uma leve parada. — Você fez o que?! E se tivesse caído em um mundo diferente do meu?

Uma risada sem humor. — Pensei nisso também, mas só depois de já estar caindo pelos céus.

— Não refletiu nem por um segundo antes de atravessar o portal?

— Não.

— Você é louco, sabia?

— Eu sou louco por você, minha flor. - me fazendo corar com sua fala, apoia sua cabeça na curvatura de meu pescoço, inspirando meu cheiro.

— Senti sua falta. - sussurra contra minha pele.

Abraço-o mais apertado o possível. — Eu também, Helia. Eu também.

(...)

Após um tempo, Helia me devolveu a coberta que havia perdido, e passamos a andar em procura de uma caverna.

Estava quase escurecendo, e o frio se condensava no ar.

Quando a luz se foi por completo, desistimos de procurar por abrigo e passamos a construir um.

A neve era compacta o suficiente para fazermos um iglu, e, com a experiência de sobrevivência que Helia tinha graças à seus treinamentos, terminamos rapidinho.

A entrada era contrária ao vento, o que nos garantia vantagem.

Nos acomodamos dentro de nossa "casinha". O interior liso e arredondado era maior que a parte de fora, por termos escavado o chão do iglu. Fechamos a entrada, para prevenir, e espalhamos nossas coisas pelo chão gelado, iluminado por um aparelho tecnológico de Helia.

Minhas ervas e remédios estão magicamente aquecidas. Abro o colchonete no chão, me sentando em cima.

Helia observa com cuidado os alimentos que temos, as armas que trouxe e as ervas que carrego comigo.

— Minha flor, tem algo para dor de cabeça?

Com os olhos pesados, faço que sim com a cabeça. Pego um saquinho de veludo roxo, e retiro um dos muitos frasquinhos de dentro.

Entrego para Helia. — Beba.

Ele abre a tampinha e engole o líquido. — Obrigada, minha flor.

Sorrio em resposta.

Helia coloca seu colchonete ao lado do meu, em seguida, guardando tudo que trouxemos em nossas bolsas.

Se deita ao meu lado, e suspira. — Minha flor, está frio. Deite-se mais próxima de mim, assim dividiremos nosso calor corporal.

Coro com a proposta, mas sei que ele está com razão. Me aproximo dele, ficando com o rosto próximo ao seu. Sua respiração quente bate em meu nariz, aquecendo-o.

Ele sorri, e faz um movimento com as mãos para que eu me virasse. Não entendi de início, mas a ficha caiu quando fiquei de costas para ele, e seu braço passou por minha cintura, trazendo-me para mais perto, numa conchinha.

Sua respiração agora em minha nuca, me acalmava. Quase dormindo, senti seus lábios em meu pescoço, com um beijo.

— Durma bem, meu amor.

Adormeci, pensando que não passava de um sonho.

As raízes de um inferno - Winx [Helia x Flora]Onde histórias criam vida. Descubra agora