Capítulo 62: Cérebro de gelatina.

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Amara ficou em silencio quando percebeu que eu e Ethan não estávamos interessados em conversar com ela. Ethan parecia estar entrando no seu pior pesadelo, porque estava agarrado a mim como se alguém fosse entrar ali e me arrancar dos braços dele a qualquer momento. Eu estava pensando no que o presidente havia contado, além de pensar no que havia acontecido com Eliot e Lara, já que ninguém citou o nome deles. Mas acima de tudo, eu estava evitando pensar em Cold.

Não sei quanto tempo fazia que estávamos ali naquela cela, porque o tempo parecia correr mais lentamente quando estamos presos. Tinha alguma coisa dentro de mim, martelando na minha cabeça e gritando que alguma coisa estava errada. Eu não sabia o que era, apenas sentia que sim. Cada vez que o nome de Ryder surgia na minha cabeça, eu me agarrava mais a Ethan também, não com medo de perde-lo, mas querendo que ele soubesse que eu sempre estaria ali por ele, independente de qualquer coisa.

Eu e Ethan ficamos de pé quando o som de um alarme foi disparado subitamente, assim como Amara, que correu na direção das grades e olhou para o corredor. Uma explosão estremeceu todas as paredes, assim como o chão, fazendo eu e Ethan cambalearmos para ficarmos de pé. Não tinha duvidas que a explosão havia sido ali, assim como o som de tiros que cortaram o ar, me deixando em alerta.

Não demorou para os tiros cessarem e nós dois corremos para frente das grades como Amara, vendo o grupo de rebeldes que surgiu no final do corredor, correndo na direção das nossas celas. Reconheci Eliot entre eles, abrindo um sorriso de puro alivio ao ver que ele estava bem. Lara também estava ali, mirando a arma e atirando na direção do corredor que eles haviam acabado de passar, junto com Kai, o rebelde que eu e Ethan tínhamos encontrado no setor 2, quando prendemos Amara.

—Uma ajudinha ai, pessoal? —Eliot indagou, abrindo um sorriso enorme ao erguer a pulseira de um dos soldados da prisão, antes de passá-la pelo sensor das grades e elas se abrirem, permitindo que eu, Ethan e Amara saíssemos.

—Você não estava com a perna quebrada? —Ethan questionou, enquanto Eliot entregava armas para nós três. Desci os olhos para as pernas dele, vendo-o andando normalmente, com sapatos normais e sem aquelas muletas. Eliot abriu um sorriso sem graça e um pouco tenso.

—Ah, então... vocês acham que agora é uma boa hora pra contar que eu estava fingindo o tempo todo? —Eliot questionou, fazendo meu queixo cair, enquanto Ethan parecia indignado. —Eu nunca quebrei a perna, na verdade. E eu sou um rebelde, não um soldado do presidente.

—Desde quando? —Ethan indagou, praticamente grunhindo as palavras, enquanto Eliot encolhia os ombros.

—Desde sempre. —Eliot sussurrou, me fazendo olhar para Ethan e ver a surpresa nos olhos dele, além de um toque de traição, como se ele jamais esperasse que Eliot escondesse algo assim de nós dois. —Olha, eu sei que eu omiti isso de vocês e ainda fiquei em silêncio enquanto vocês...

—Você sabia sobre a Hannah? —Ethan o cortou, me deixando tensa quando entendi o que especificamente ele estava perguntando a Eliot. —Sobre a Carly e o Ryder?

—Podemos deixar pra resolver isso depois? —Amara sugeriu, puxando a trava da arma, enquanto olhava de Ethan para Eliot, como se também pudesse sentir a tensão ali. —Temos que dar o fora daqui...

—Você sabia? —Ethan insistiu, vendo Eliot abrir e fechar a boca várias vezes, sem saber como responder aquilo. Não demorei a perceber que ele sabia sim sobre mim e não havia nos contado nada. Esperei pela sensação de traição e decepção, mas ela não veio, como se eu já não me surpreendesse com nada depois de Cold. —Bom saber que eu não posso confiar nem no meu melhor amigo.

—Falando assim parece que eu sou o pior amigo do mundo. —Eliot sussurrou, soando um pouco frustrado, o que arrancou uma risada sarcástica de Ethan. —Em minha defesa, eu estava tentando proteger vocês.

Em Destruição Where stories live. Discover now