Capítulo 66: Ponto de Iniciação.

1.5K 248 209
                                    

Enfiei a cabeça na janela do carro, olhando para a explosão que já diminuía no que havia restando do muro. Podia ver os soldados correndo lá dentro, tentando apagar o incêndio que havia se iniciado na explosão. Mas nosso carro já estava se afastando pelas ruínas da cidade do lado de fora, adentrando na floresta que tomava conta de tudo, antes de eu ver apenas a sombra do complexo ao longe.

Me afastei da janela e encarei a pulseira de Cold no meu braço, a retirando com cuidado. A apertei entre minhas mãos, sentindo uma sensação esquisita no peito, de que havia deixado algo para trás. De que uma parte de mim havia se partido e ficado com Cold quando o deixei naquele corredor. Sem pensar, fechei meus olhos e joguei a pulseira pela janela aberta, sentindo aquelas lágrimas borbulhando nos meus olhos.

—Pra onde vamos? —Questionei, esfregando minhas bochechas para afastar a sensação ruim que tomava conta de mim.

—Espere e verá. Você vai gostar, gatinha. Tem muita gente maneira lá. —Eliot afirmou, encarando um ponto fixo no banco da frente.

Tinha certeza de que ele estava pensando em Laís, que havia ficado para trás. Mas ela não foi a única que deixamos. Sawyer também havia ficado para trás. Não sabia como as coisas seriam pra eles agora que muita gente fugiu e tinha medo que algo acontecesse a ele. Mas pensar que Sawyer dividia o dormitório agora era uma coisa boa e não uma ruim, mesmo que Gates pretendesse continuar fingindo ser uma pessoa horrível.

—Eles não vão saber que Laís nos permitiu fugir? —Indaguei, me inclinando para chamar a atenção de Amara. Não estava pensando especificamente em Laís, mas sim em Cold e em Gates também. Os três nos ajudaram. —As câmeras...

—Eu as desliguei. O que quer que tenha acontecido pelos corredores do complexo, eles nunca vão saber. —Amara abriu um sorrisinho sarcástico, como se gostasse muito desse fato. Soltei um suspiro de alívio, me ajeitando no banco de novo, enquanto Ethan passava o braço ao meu redor, me aconchegando contra ele.

—Acha que Ryder e o Hogan vão ficar irritados por não termos saído pelo esgoto com os outros? —Kai questionou, afundando no banco com a respiração pesada, enquanto desmontava a arma e enfiava dentro da mochila de novo. —Sabe, Ryder estava nos esperando lá na saída.

—Eu avisei a ele que tivemos um imprevisto. Agora o Hogan... —Amara fez uma careta. —Você já viu ele bravo com alguma coisa?

—Ele é o próprio sinônimo de paz interior. —Foi Eliot quem falou, enquanto Lara desviava os olhos do caminho pra lançar um olhar debochado a eles, como se eles não fizessem ideia de quem era Hogan de verdade.

—Sabe, acho que você nos deve uma explicação, Eliot. —Ethan se virou no banco ao meu lado e encarou Eliot com uma expressão que deixava claro que não havia esquecido da omissão de Eliot.

—Ah, olha só, eu sei que deveria ter contado, mas eu só quis proteger vocês. Achei que se não soubessem quem eu era seria mais seguro, além de eu receber ordens e... —Eliot balançou a cabeça negativamente, encolhendo os ombros como se estivesse cansado. —Eu não fazia ideia que a Hannah era irmã do Ryder. Eu fiquei surpreso quando descobri. Eu ser amigo de vocês foi uma grande coincidência. Mas depois que eu soube... debati muito sobre contar ou não, mesmo recebendo ordens para ficar de boca fechada. E eu também não queria estragar ainda mais a vida de vocês com essa informação.

—E por que fingir que estava com o pé quebrado? —Questionei, vendo-o dar de ombros, fazendo uma careta.

—Eu disse, recebi ordens pra isso. Ordens do traidor, pra ser exato. —Eliot suspirou, esfregando a perna que deveria estar quebrada, mas não estava. —No final eu já estava irritado com esse fingimento e queria fazer muito mais do que só ficar olhando.

Em Destruição Where stories live. Discover now