Capítulo 52: O que você fez?

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Soltei as cordas no chão, ficando de pé e segurando aquela faca com forças nas minhas mãos. Ainda estava tentando entender Gates e tudo que ele havia me falado. Havia uma diferença gritante nas ações do cara que se abaixou na minha frente e me avisou sobre o presidente, daquele cara que havia saído dali batendo a porta, mudando de personalidade em segundos quando alguém apareceu.

De qualquer forma eu tinha que sair dai, mas imaginava que um dos sequestradores estava guardando a porta, porque eles não iriam só me soltar em um lugar e deixar a sorte do meu lado. Então comecei a caminhar por aquela sala procurando por qualquer coisa nas partes escuras que eu quase não via nada, vendo se havia qualquer coisa que pudesse me ajudar ali. Quando não encontrei, caminhei até a janela e retirei os papelões que cobriam parte dela. Não havia sol lá fora, porque o céu estava coberto de nuvens negras que anunciavam a chuva, fazendo parecer que ainda estava amanhecendo. Nunca havia acompanhado uma tempestade ou sentido as gotas de chuva no meu corpo. Aquela seria uma primeira vez pra mim.

Testei as outras madeiras pregadas na janela, que me impediam de acessa-la por completo. Estava um pouco podre e com um pouco de força eu poderia arrancá-las. Olhei para a porta, apenas para ter certeza de que estava tudo bem. Tudo estava silencioso, então me virei para a janela e forcei as tabuas com força, trincando os dentes ao dar alguns trancos nela, até tropeçar para trás quando a madeira se soltou e eu quase caí de bunda no chão. Retirei as outras duas tabuas que tinha ali, soltando-as no chão, antes de finalmente olhar lá pra fora.

Eu estava no que parecia ser o quarto andar de um prédio abandonado. As ruas parcialmente escuras estavam vazias, mas eu podia ouvir o som de tiros ao longe, mesmo que não fossem armas de verdade, deixando claro que os dois grupos já haviam se encontrado. Abri a janela com cuidado, subindo-a pra cima, antes de usar uma daquelas tabuas para mantê-la aberta. Guardei a faca no bolso, tomando cuidado para que ela não caísse, antes de passar a perna pelo parapeito da janela e olhar pra baixo. Havia um telhado mais abaixo da janela, que com sorte eu conseguiria saltar sem me machucar.

—Plantar a porcaria de tomates com toda certeza era muito mais fácil. —Sibilei, o a outra perna pela janela, antes de ficar sentada nela, virada para o lado de fora. A altura fazia meu sangue gelar, enquanto o medo paralisava meus músculos. Não tinha pensado que seria tão difícil pular quando abri a janela e analisei minhas opções.

Um raio cortou o céu escuro, me fazendo sobressaltar e agarrar as bordas da janela com mais força, sentindo meu coração chegar a boca com como o som do trovão soava como um tremor na terra. Meus lábios se comprimiram quando tentei tomar coragem, vendo as primeiras gotas de chuva caírem do céu, antes de outro trovão soar, forte como as batidas do meu coração. No mesmo instante a porta se abriu atrás de mim, com Thalia surgindo junto com Gates e o outro soldado de mais cedo.

Tive um vislumbre de um sorriso debochado nos lábios de Gates quando pulei sem pensar, ouvindo o grito de Thalia quando ela disparou na tentativa de me segurar. Mas eu já havia despencado no ar, com o grito se entalando na minha garganta antes do meu corpo se chocar contra o telhado do prédio menor. Meus ossos estremeceram com o impacto, enquanto eu trincava os dentes para suportar a onda de dor que varreu meu corpo inteiro. Eu ainda ouvia os gritos de Thalia quando as telhas cederam pelo meu peso, me fazendo despencar dentro de um cômodo daquele prédio.

—Puta que pariu! —Exclamei, arfando em busca de ar quando a pancada no chão pareceu comprimir meus pulmões, me impedindo de respirar. Me deitei de barriga pra cima, fazendo uma careta para o buraco no teto por onde eu havia caído, por onde as gotas de chuva caíam e batiam contra o meu rosto.

Meu peito subia e descia com força, enquanto meus músculos doíam à medida que eu ficava de joelhos no chão, puxando a faca do meu bolso de novo, antes de ficar de pé e olhar ao redor, vendo que era uma sala abandonada, como a outra que eu estava. Caminhei até a porta já aberta, observando o corredor vazio, antes de seguir a diante, andando com cuidado para não fazer barulho e não dar de cara com outro sequestrador. Os corredores se abriam em milhares de salas, além de algumas paredes caídas revelarem o lado de fora, onde a chuva agora despencava com toda força.

Em Destruição Where stories live. Discover now