Capítulo 87: Xeque-mate.

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Cold Andrews

Olhei para o presidente, antes de ouvir uma exclamação de Ryder e vê-lo entrar dentro da sala de jantar rapidamente, enquanto os tiros acertaram as paredes do corredor ao lado de fora. Ryder ficou contra a porta e começou a atirar. Puxei uma granada do bolso e tirei o pino.

—Granada! —Falei a Ryder e ele parou de atirar, se afastando para que eu pudesse jogá-la no corredor. Olhei para trás vendo que o presidente havia sumido dali, pela outra porta lateral.

—Vai atrás dele. Eu cuido dos soldados. —Ryder afirmou, recarregando e voltando a atirar. Olhei para ele e depois para a outra porta. —Anda logo! Isso acaba quando ele estiver morto.

Então eu o deixei ali, contra a parede atirando nos soldados que vinham. Fui até a outra porta e sai em outro corredor. Meus passos eram rápidos enquanto eu mirava a arma e procurava pelo homem que deveria ser meu pai. Apenas deveria, mas ele nunca foi.

Eu o amava quando era criança. Quando ele ainda me tratava com carinho. Mas então vieram as primeiras punições e eu comecei a perceber que era apenas um mero objeto nas mãos dele. Assim como minha mãe havia sido. Assim como Amber era. E eu não podia deixar isso continuar. Então eu comecei a jogar contra ele quando tive a chance.

Foram coisas pequenas no início. Quando eu via que podia fazer algo para prejudicá-lo e fazia sem pensar duas vezes. Depois eu comecei a jogar de verdade. Armando situações que claramente o iriam deixar irritado. Quando eu percebi, já estava ajudando os rebeldes e não tinha mais volta. Mas valia a pena. Todas as vezes que eu o via perder mais a cada dia, valia totalmente a pena.

Parei na sala, encontrando-a vazia e escutando os barulhos de tiros ao fundo, onde Ryder tentava me dar mais tempo. Olhei para a escada na lateral e fui até ela, subindo lentamente para o segundo andar, deixando a arma apontada para cima. Meus passo eram lentos e silenciosos, enquanto eu olhava para o corredor de quartos que logo surgiu na minha frente quando cheguei no topo da escada.

Olhei para trás por um segundo, bem a tempo de ver alguns soldados surgindo de dentro do elevador. Atirei neles antes que os mesmos pudesse sequer perceber o que estava acontecendo. Mas isso custou minha total atenção. Eu não percebi o presidente se aproximando de mim, depois de sair de um dos quartos. A arma caiu das minhas mãos quando senti a faca entrando no início das minhas costelas.

—Uma pena, filho. Poderíamos ter feito grandes coisas juntos.

O presidente me encarou quando cambaleie, tentando me segurar no corrimão, enquanto erguia os olhos para o encarar. Ele me empurrou quando tentei me afastar, me fazendo cair pela escada, como uma memória antiga de algo que ele já havia feito antes. Eu rolei até cair sobre o tapete da sala e levei minha mão até aonde a faca estava enfiada, sentindo minha respiração se prender na garganta com a pontada de dor que me atingiu.

—Tenho certeza que se lembra disso, não é? É familiar a você. —O presidente prosseguiu, descendo os degraus lentamente.

Consegui arrancar a faca do meu corpo, sentindo o sangue encharcar minhas mãos, antes do presidente se aproximar e chutar a faca para o outro lado da sala.

—Você se lembra, não é? Estava escondido dentro daquele armário, não estava? —Ele chutou minha costela, fazendo o ar escapar pelos meus lábios com o grunhido de dor que corpo minha garganta quando meu corpo se curvou sobre a dor infernal. —Você viu quando ela caiu da escada...

—Você a empurrou... Você a jogou da escada de propósito! —Grunhi e ele chutou outra vez, enquanto eu sentia a falta de ar tomar conta de mim, enquanto um nó se formava na minha garganta. —Você é um fraco, sabia? Se eu não tivesse distraído com os soldados, sabe que eu teria matado você. Mas você sempre foge e ataca pelas costas. Você fez isso com ela também!

E então veio outro chute e então um soco no meu rosto, me fazendo sentir o gosto metálico de sangue invadir minha boca. A cada pancada, uma nova pontada de dor atingia meus ossos, me fazendo estremecer e minha cabeça pesar, enquanto eu me esforçava a permanecer acordado.

—Você é um imbecil! —Ele deu outro soco, enquanto eu enfiava a mão dentro do bolso da calça e pegava o soco inglês que estava ali. —Poderia ter se tornado presidente depois de mim. Mas preferiu aquele grupo de sem tetos.

—Pelo menos eu não vou terminar sozinho como você! —Afirmei, sentindo o objeto deslizar pelos meus dedos. Meu corpo se virou e curvou com o outro chute dele.

Quando o presidente se aproximou de mim de novo, tirei a mão do bolso e usei toda força que tinha para dar um soco na sua perna. Ele grunhiu na mesma hora e eu dei outro soco antes que ele se recuperasse, vendo-o cambalear para trás. Aproveitei que ele estava próximo das minhas pernas e o chutei, fazendo com que ele perdesse o equilíbrio e caísse.

No segundo seguinte eu estava por cima dele, usando toda a raiva e a força de vontade que eu tinha para socar seu rosto diversas vezes sem parar. Suas mãos tentavam segurar meus braços, enquanto meu único intuito era deixar o rosto dele o mais destruído e irreconhecível possível, com aquele soco-inglês cortando sua pele e esmagando tudo pelo caminho.

Gritei quando o presidente enfiou a mão na área da minha costela, encontrando o corte da faca e mergulhando os dedos ali. A dor paralisou meus músculos, dando oportunidade para o presidente me jogar de cima dele e subir em cima de mim, acertando meu rosto com tanta fúria quanto eu o acertava.

—Você é um assassino, Cold. Sempre foi. Pense em quantas pessoas já matou. —Grunhiu, com suas mãos se fechando ao redor do meu pescoço, me fazendo arfar em busca de ar e apertar os olhos fechados.

—Isso é culpa sua. Você me fez ser assim! —Afirmei, agarrando seus pulsos na tentativa de afastá-lo e conseguir respirar de novo.

—Eu tentei te fazer ser forte. Mas por causa da sua mãe, você se tornou esse fraco que é hoje. —Ele riu quando viu a raiva se acumular nos meus olhos. —Você ainda se recente por isso, não é? —Ele apertou mais meu pescoço, afundando os dedos na minha pele. —Como um excelente jogador de xadrez imagino que saiba que as vezes, para salvar o rei, é necessário sacrificar a rainha.

Eu parei de lutar contra ele naquele momento, sentindo o aperto ficar mais firme e meus pulmões contraírem em busca de ar. Olhei para o rosto dele, vendo os cortes e sangue que eu havia deixado no seu rosto. As marcas de toda raiva que eu havia guardado todos esses anos.

—Eu entendo, pai. —Abri um sorriso e minhas mãos caíram ao lado do meu corpo. —Hoje eu entendo. Mas sabe qual a diferença entre nós dois nesse jogo? —Questionei e sorri mais ainda. —Eu estou no papel da rainha.

Ele olhou para trás ao ouvir o barulho da arma sendo engatilhada.

—Xeque-mate. —Sussurrei, antes de escutar Ryder disparando a arma.



Continua...

Em Destruição Where stories live. Discover now