capítulo novo

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Os pássaros já cantavam alegremente na parte de fora da minha janela , os dias de sábado são tranquilos diante as atuais circunstâncias.
As manhãs são tranquilas , os dias monótonos ; a rotina igual , nada muda em nenhum momento.

Me levanto pra mais um dia comum e me faço a mesma pergunta de todas as manhãs: onde a Hayley se escondeu ?

Parece uma pergunta estranha mas passar dias analisando o comportamento de uma criança frustrada te faz ter diversos questionamentos que na maioria das vezes você não teria.

Todas manhãs quando acordo vou até a terceira porta do corredor do andar de cima pra saber se ela já está acordada ou se precisa de alguma coisa mas ela sempre se esconde antes mesmo que eu acorde, é um comportamento "normal" dela.

- Hayley ? - minha procura começou e como sempre é frustrada por não saber se realmente ela tá escondida ou se abriu a porta e simplesmente saiu em busca de algo que eu não fui capaz de fazer ou capaz de le proporcionar.

Só precisei de mais alguns poucos minutos pra encontrá-la e me sentir aliviada pra parar com os pensamentos ruins.

- Escondida de novo não é ? - minha pergunta não era pra ser retórica mas acho que ela pensou que fosse.
- Tudo bem, entendo que não esteja pronta pra conversar comigo hoje mas oque acha de tomar um café da manhã pelo menos..

Cortei algumas frutas e coloquei um pouco de leite no copo pra ela que como sempre apenas observava ao redor e nunca ao que necessariamente eu estava fazendo.

- Que tentar tomar o leite sozinha ? - seus olhos passaram rapidamente do nada pros meus e custo a acreditar que aquilo possa ser de fato um sim.

Trouxe seu pequeno corpo ainda mole de sono pro meu colo e comecei a levar até sua boca pequenos pedaços das frutas, e por fim le dei em pequenas goladas o leite agora morno ou melhor , inexistente.

- Prontinho, acho que está de barriga cheia num é ? - a vejo balançar a cabeça positivamente umas três vezes.
- Quer ver desenho ou brincar de algo ? - recebo um silêncio em resposta.

A coloco no chão e a vejo subir as escadas a passos lentos e voltar pro quarto em que dormiu na noite passada, a muito tempo isso vem me frustrando porque simplesmente não temos contato mesmo morando na mesma casa; eu não encaro os balanços de cabeça e muito menos seus resmungos como contato ou diálogo.

Tomo meu café preto de todos os dias , lavo as pequenas coisas que sujei e subi pra tentar ter um conversa com a Hayley que eu creio que esteja escondida de novo ou tenha realmente voltado a dormi.

Segunda opção, ainda bem.

Me sentei ao seu lado na cama e já senti seu corpo se mexendo , provavelmente pela minha presença. Sinto seus olhos castanhos fitando os meus e começo o carinho leve em seus cabelos pra não a assustar com a conversa que viria a seguir.

- Oi meu amor , achei que iria se esconder de novo mas fico feliz que só tenha vindo descansar um pouco mais. - ela ouvia tudo atentamente sem da sequer uma única palavra ou indícios que queria falar.
- A gente precisa conversar, faz muito tempo que não conversamos , sinto falta da sua voz princesa. - recebo um bocejo como "resposta".

- Faz muito tempo que não fala nada comigo, não brinca com alguns de seus brinquedos ou vê desenhos e menos ainda come a quantidade que tem que comer. Faz tempo que tivemos aquela conversa sobre... - paro assim que vejo o seu resmungo junto de um bico nos lábios e as lágrimas que já caiam rapidamente.

A peguei no colo e a trouxe o mais perto de mim possível , acolher seus sentimentos naquele momento era o primordial.

- Eu não gosto de ver você triste, não quero que chore mas estou aqui pra assegurar que todas as suas lágrimas são válidas pra mim e que eu vou enchugar cada uma delas, você me entendeu ? - sinto sua cabeça balançar positivamente enquanto estava apoiada no meu ombro.

- Eu prometo que nunca vou te deixar sozinha okay ?! Mas pelo menos me deixe saber oque está sentindo, quais os seus maiores medos ; oque gosta de ser e fazer. Apenas me deixe tentar ser...

Hayley: - Uma mamai ?

- Isso , uma mãe talvez. Mas não consigo fazer isso sozinha , preciso que me ajude... - é o momento pra chorar ? Suas primeiras palavras a muito tempo foram aquelas que eu tinha mais medo de pronunciar.

Hayley: - Xó naum me machuque, pulfavo

O quão forte essas palavras me atingiu não está escrito. Em que momento passamos de ouvir de uma criança pra brincar com ela pra uma suplica de não ser machucada novamente ? Em que ponto chegamos nesse mundo.

- Eu prometo que nunca vou te machucar , e se depender de mim eu jamais vou permitir que você seja machucada de novo. Te dou a minha palavra...

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Apenas pra matar um pouco da saudade.
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Little PrincessOnde histórias criam vida. Descubra agora