O pecado de Siena

8. Vermelho sangue

- Siena, corra agora pro banheiro privado! - Disse Rafael se levantando do sofá rapidamente.

- M-mas você está todo melado de batom. - Ele enxergou o reflexo pelo monitor do painel e também foi com Siena.

As marcas de batom sujaram todo o pescoço de Siena, como também o rosto e dedos de Rafael.

- Mas que droga de batom é esse?

- NARS número 7, à prova de beijos! - Disse Siena com uma risadinha.

- Espero que ele seja à prova de balas, porque Lilly vai nos matar... - Disse Rafael esfregando-se com os lenços disponíveis até conseguir se limpar completamente. - Fica aí se limpando, eu vou voltar e liberar a entrada da Lilly...

- E o que você vai dizer?

- Tem calma - Rafael deu um beijo na boca de Siena - Eu dou um jeito!

Siena trancou a porta do banheiro enquanto Rafael ligou pra secretária.

- Sarah, pode liberar a...

- Não precisa mais, meu amor! - Disse Lilly entrando na sala de uma vez.

Por dentro do banheiro, Siena gelava, se olhava no espelho e os sentimentos estavam uma confusão. Ao mesmo tempo que se sentia uma traidora, não conseguia parar de pensar em ter mais momentos quentes com Rafael e certamente parecia não estar arrependida de tudo isso. Ela desconhecia os motivos pra se sentir assim, Rafael despertava nela os desejos mais sujos. Siena podia escutar tudo do banheiro e assim fazia enquanto tentava tirar as manchas de batom que insistiam em não sair.

- Vim prestigiar o primeiro dia da minha melhor amiga e o meu namorado chefinho... Mas, onde está Siena? - Siena escutou e engoliu em seco.

- Está no banheiro, acho que teve algum problema - Siena escutava Rafael mentir na cara dura. - Siena, você está bem?

Ela se assustou com a pergunta, mas entendeu que era apenas um disfarce de Rafael.

- E-estou sim! Só um momento, Lilly, já estou saindo.

De tanto esfregar, sua pele ja estava ficando avermelhada. O batom de Siena, num tom quase vermelho sangue, era difícil de sair... Mas finalmente conseguiu tirar. Ao sair do banheiro, Lilly estava encostada na mesa de Rafael de frente pra ele, enquanto ele acariciava suas pernas.

- Oh Siena, aconteceu algo amiga? Você está vermelha! - Perguntou Lilly com preocupação.

- Não amiga, está tudo bem! Eu que pergunto, aconteceu algo?

- Não, não... Cheguei e subi rapidinho, vim apenas dar um beijo em Rafael e prestigiar seu primeiro dia!

- A empresa é enorme né? - Disse Siena espantando o nervosismo. - Quando eu vim a primeira vez, não imaginava que era desse tamanho. Você já tinha vindo aqui?

- A-ainda não! - Disse Lilly. - A empresa é realmente grande. Os escritórios, as salas de testes de biomedicina e robótica são incríveis!

- Ué, deu tempo de ver tudo isso agora? - Perguntou Siena.

- Bom meninas - Interrompeu Rafael dando um beijo em Lilly. - Minha namoradinha, eu realmente preciso trabalhar, tenho uma puta demanda enorme pra resolver agora.

Lilly sorriu e o abraçou.

- Minha assistente - Olhou pra Siena com um tom mais formal. - Preciso muito que você analise, organize e faça um relatório resumido do conteúdo dessas pastas. São do financeiro, os números dos últimos 6 meses da filial de Porto, isso é extremamente importante e precisa ser feito hoje!

- Tá bem, Rafael! - Disse Siena confusa.

Lilly  percebeu que recebeu uma mensagem no celular.

- Bom gente, eu realmente preciso ir mas... Já sei, que tal irmos hoje nós três pra o Syllus Bar? - Perguntou animada. - Podemos comemorar o novo emprego da Siena e você pode beber de novo aquele drink que você gostou na última quinta, Siena!

- Oh, o "Perra Dormida"... Nem acredito que o Sr. Miguel criou um drink com menos açúcar e menos álcool só pra mim! - Disse Siena relembrando a última vez que esteve no Syllus Bar.

O Syllus Bar era um estilo de pub na esquina do apê das meninas. Levantava o astral das noites do centro Catarinense, mesmo durante a semana. Na última quinta, um dia antes de Rafael ser apresentado para Siena, Lilly havia insistido muito para que saíssem juntas.

- Vamos Siena, você pode dormir até tarde hoje, amanhã é seu dia de folga! - Se lamentava Lilly - Também é minha última noite de solteira, te prometo.

- Hahahaha, duvido amiga!

- Eu juro, lembra do Rafael?

- E tem como não lembrar? Você passou a semana falando nele: Rafael pra lá, Rafael pra cá. Você nem curte playboys, disse que passou a vida toda namorando eles e não quer vê-los pela frente...

- E você acredita nisso? - Dizia Lilly rindo alto.

- Olha Lilly, posso até ir mas eu não quero beber ou ficar de conversa com ninguém. Estou sem paciência pra homens!

- Hummm amiga, está começando a gostar de mulheres agora?

- Não é isso, eu apenas quero ficar na minha, curtir com você e comigo mesma nossa noite no bar, sem homens me arrodeando e falando as bobagens de sempre.

- Nossa, mas você é careta ein! - Falava Lilly com desprezo - Bom, eu posso ver com o Sr. Miguel um drink com menos álcool e até com menos açúcar pra você, assim você curte a noite inteira e ainda não sai da dieta!

- Hahahaha tá bem, Lilly. Só você mesmo pra me fazer uma proposta dessas viu.

Siena adorou o drink aquela noite e realmente foi a última noite de solteira de Lilly.

- E aparentemente a última noite que eu não era uma amiga infiel querendo transar com o namorado da minha melhor amiga. - Pensou Siena!

- Acho uma boa irmos ao Syllus Bar, estou mesmo precisando sair um pouco desse escritório, jogar conversa fora e tomar uns drinks. - Disse Rafael.

- Bom, então umas 19hrs nos encontramos lá, pode ser? - Indagou Lilly.

- Por mim tudo bem! - Disse Rafael.

- Por mim também. - Confirmou Siena.

Lilly despediu-se e fechou a porta do escritório devagar. Rafael foi até Siena, a agarrou pela cintura e pelos cabelos mordendo seus lábios com ferocidade.

- Todas as vezes que você me provocar, isso vai acontecer, porque eu vou querer foder você... - Disse enquanto a pressionava forte contra o seu corpo - Você precisa aprender a me obedecer, como uma boa putinha que é, entendeu?

- S-sim, entendi.

- Gostosa!

Rafael a soltou e ela foi até a sua sala, suando as mãos e com o frio na barriga de sempre. Precisava se concentrar no seu trabalho, afinal, era pra isso que estava ali.