『Capítulo 019 - Meu Inferno Pessoal』

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Não Me Chame De Ômega

»Levi Ackerman«

Não sei quando, só sei que apaguei, meu corpo não me obedecia, eu queria ficar acordado, mas quando parei um pouco de pensar em Eren, senti dores horríveis pelo meu corpo inteiro, como se eu tivesse sido atropelado diversas vezes por um caminhão, abri meus olhos vendo só branco, e o barulho irritante dos meus batimentos cardíacos naquele aparelho ao meu lado, na janela pude ver que era de tarde, por ter um sol forte, mas ainda sim parecia fazer frio, já que apesar do sol lá fora, um vento gelado entrava pela brecha das janelas, e parecia que iria chover pois algumas nuvens cinzas tomavam conta do céu.

Virei meu rosto procurando alguém, mas estava vazio, apenas eu. Pela pequena janela de vidro na porta de tom azul claro podia ver alguns médicos passando para lá e para cá, foi quando o desespero bateu. Me levantei abruptamente me arrependendo logo em seguida quando a pontada veio forte, e bem no momento em que me levantei um enfermeiro entrou no quarto. Ele olhava alguns papéis que tinha em mãos, logo depois me encarando.

—Levi? – falou surpreso e eu franzi o cenho

—Jean? – frisei também surpreso – o que faz aqui? Quer saber, não me importa, onde está o Eren? – mudei de assunto o encarando

—Descanse, não se preocupe, você precisa de repouso, quebrou 4 costelas, perdeu bastante de sangue, e sem contar que tivemos que refazer os pontos que você tinha no ombro, descanse que daqui a pouco um outro enfermeiro vai vir colocar soro para você – falou e eu revirei os olhos

—Dane-se, cadê o Eren? – perguntei aumentando o tom de voz

—Deve estar em casa, Levi. Deite-se e pare quieto – falou Jean me colocando na cama – se não me obedecer vou colocar você para dormir, eu não estou brincando – falou autoritário

—Jean, o Eren estava comigo antes de eu apagar, dentro da ambulância, onde ele está? Qual é o quadro dele? Pelo amor de Deus, me diga, Jean. Não quero ficar sem saber dele – falei e ele arregalou os olhos

—Ele estava com você? Você é louco, Levi? Enfiar um ômega no meio de, sei lá, o que você fez, vou ver se consigo alguma informação dele, então fica quietinho aqui – falou saindo do quarto em seguida.

Quase uma hora e meia depois ele voltou, eu estava quase pulando aquela janela de tanto nervosismo que tinha, eu não sei onde estão Erwin e a Hange, não sei qual é o estado do Eren, eu estou por um fio de surtar nesse quarto de hospital que tem um cheiro horrível, que me dá dor de cabeça. Quando Jean passou pela porta o enchi de perguntas. E num suspiro triste ele se pronunciou olhando novamente para os papéis.

—O Eren estava em cirurgia até agora pouco, a cirurgia foi um sucesso, porém ele perdeu muito sangue, e ele deve ter batido a cabeça, o tipo sanguíneo do Eren é muito raro, aqui não tínhamos mais, infelizmente, ligamos para outros hospitais e para prefeitura para falar sobre isso a quase 1 semana, mas ainda não tivemos respostas, estamos mantendo ele instável, ele teve muitos machucados superficiais, o que provavelmente foi causado por um acidente de carro, os médicos não sabem se ele irá acordar – disse e eu paralisei, meu cérebro tentava processar aquela informação – o hospital de Sina entrou em contato com a gente e disse que traria algumas reservas de bolsas sanguíneas para nós – informou

—Eu… Posso ficar com ele? – perguntei atônito e ele concordou

—Vou colocar vocês no mesmo quarto, talvez ajude um pouco pelo menos – falou saindo do quarto, senti meu rosto molhar e uns breves soluços escaparem por entre meus lábios. A porta foi aberta e Hange passou por ela com a feição séria

—Levizinho – me abraçou chorando – fiquei preocupada seu idiota, nunca mais faça isso toquinho – falou limpando um lado do rosto, tendo o outro enfaixado – ele vai ficar bem, Levi. O Eren é forte, e você sabe disso – falou como se lê-se minha mente

—Eu não quero perder ele, Hange – falei sincero, eu me sentia tão vulnerável, e eu odiava esse sentimento com toda a minha alma, ele me corroia de dentro para fora, e como tudo virou de cabeça para baixo de repente meus sentimentos começaram a sair, como se tivessem vida própria, eu estava um caos, tanto psicologicamente quanto fisicamente, eu nunca senti isso antes, era uma sensação tão ruim e angustiante, aquilo apertava meu peito, o medo de perder o único ômega que eu realmente me apaixonei, a culpa por saber que ele só está daquele jeito porque eu não consegui o proteger, tudo estava um caos na minha cabeça – eu não posso perdê-lo, não posso – encarei Hange que sorriu pra mim

—E não vai toquinho, ele vai ficar bem, não se preocupe – disse para mim voltando a me abraçar – o Erwin disse que daqui a pouco ele virá aqui, ele mal foi engessado e já está vagabundeando, nem parece que é quase casado – cruzou os braços com um biquinho nos lábios, soltei um riso fraco, vendo ela sorrir com isso, ela podia ser uma louca que só me estressa mas é minha melhor amiga, ela é como minha irmã, não imagino minha vida sem essa retardada, mas eu nunca vou admitir isso em voz alta, eu tenho meu orgulho e ter uma Hange pegando no meu pé, mais do que de costume, não era o que eu queria.

—Eu pedi para o Jean para eu ficar no mesmo quarto que o Eren, não quero deixá-lo sozinho nem um segundo sequer, então você e o Erwin que não comecem a brigar dentro do quarto, Jean disse que minha presença pode fazer bem a ele, então brigas podem fazer mal à ele – falei calmo o que surpreendeu a mim mesmo, já que eu pensava em mil e uma coisas diferentes – ei, Hange – chamei a mesma que me olhou sorrindo – o que houve com o Kenny? – perguntei direto e ela suspirou

—Erwin tá cuidando disso, ele tá na base que você e o Eren iriam antes disso tudo acontecer, lá é mil vezes mais protegido que a prisão antiga do Kenny – falou simples – o que pretende fazer, toquinho? – perguntou Hange e eu revirei os olhos

—Já disse para não me chamar assim, óculos maldita – bufei irritado – e sobre o Kenny, nada, só quero que ele apodreça na cadeia – falei sincero, apesar da grande vontade de matá-lo, eu quero que ele passe o resto dos dias miseráveis dele atrás de uma jaula revestida com grades de choque, sei como é a prisão da base.

Algumas horas passaram, Eren já estava no mesmo quarto que eu, Erwin e Hange já tinham ido embora me deixando sozinho com Eren em coma e meus pensamentos a mil por hora, eu sinto que fui amaldiçoado, porque justo na única vez que eu me entreguei por completo a alguém, acontece isso tudo, era o maldito karma que minha mãe tanto falava. Esse era meu inferno pessoal, não quero ver ele morrer, quero que ele viva comigo, quero criar uma família com esse pirralho. Olhei para o ômega deitado na maca ao lado da minha, ele estava ligado a dois aparelhos, um de respiração e outro para checar os batimentos cardíacos, segurei sua mão entrelaçando nossos dedos.

—Eren, por favor, não me deixa, eu não sei se conseguiria viver sem você, ainda mais sabendo que eu sou o culpado de você estar assim, só quero que acorde e me dê aquele sorriso de sempre, que me perdoe por tudo que fiz, e que fique comigo pelo resto da minha vida, das nossas vidas, então... Volta para mim – pedi entre poucas lágrimas que caiam. Ouço alguns passos e logo uma mulher passa pela porta. Carla olhava para o filho com lágrimas nos olhos, e com a mão tapando a boca.

—Meu filho, mamãe tá aqui, por favor volte para mim, seu amigo com certeza quer você de volta, assim como todos nós – disse acariciando o rosto do filho com delicadeza e ternura – e você, querido, como está? – Carla perguntou me olhando com preocupação

—Melhor que o Eren, infelizmente – falei – sinto muito por não conseguir proteger ele – pedi sincero – eu tentei, mas não consegui, agora ele está em coma e é tudo minha culpa – falei com raiva de mim mesmo

—Não, Levi. Meu querido, não se culpe, você tentou, mas infelizmente não conseguiu, fico feliz que esteja bem – falou sorrindo gentilmente para mim.

Carla ficou até dar seu horário de trabalho, e assim eu dormi, olhando o rosto, agora meio pálido, de Eren que não mostrava nenhum sinal de que acordaria. E com meu peito apertando com esses pensamentos adormeci, ainda segurando sua mão, como se não quisesse soltá-lo novamente, e de fato, eu não queria.

Eu não soltaria sua mão nunca mais, eu não soltaria Eren nunca mais, nem mesmo morto.

1506 palavras
Capítulo postado dia 01/01/2022
Capítulo revisado dia 20/08/2022

𝐍𝐚̃𝐨 𝐌𝐞 𝐂𝐡𝐚𝐦𝐞 𝐃𝐞 𝐎𝐦𝐞𝐠𝐚 𝐈, 𝗥𝗜𝗥𝗘𝗡Where stories live. Discover now