Capítulo 8

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Do outro lado da tela

POV MIRANDA

Abro os olhos ao despertar do meu "sono". Acabei adormecendo depois de tanto chorar. A ultima vez que chorei tanto assim foi na noite que Andrea me deixou para trás. Me sento na cama e olho ao redor. A cama enorme e os lençóis macios não são capazes de me dar conforto a essa altura do campeonato. Me levanto e olho pela janela. Percebo que anoiteceu. Chorei por horas e apaguei por horas. Sigo para o banheiro e preparo um banho quente. Meu corpo está implorando por algum tipo de relaxamento. Me olho pelo espelho e percebo os meus olhos ainda avermelhados e inchados. Que patético. Tiro a minha lingerie e entro na banheira. Me permito ficar relaxando o máximo que consigo. Tento desesperadamente pensar em qualquer outra coisa, mas só consigo relembrar o quanto estou ferida por saber que foi tudo uma armação. Leva um bom tempo para que eu reúna coragem e saia da banheira. Me enxugo, me hidrato e vou até o meu closet. Escolho um pijama simples e o visto. Vou até a sala e finalmente tenho coragem de pegar o meu celular.

Destravo a tela e vejo dezenas e dezenas de ligações. Caroline, Cassidy e Andrea. Além das ligações há dezenas de mensagens e eu sequer tenho a coragem de abri-las. Abro o aplicativo de pedido de comidas e peço o meu jantar. Quando estou prestes a finalizar o meu jantar vejo o rosto de Caroline surgir na tela. Sabendo que mais cedo ou mais tarde vou atendê-la, acabo aceitando a ligação.

— O que você quer?

Pergunto da forma mais fria que consigo.

— Mamãe, pelo amor de deus. Onde você está? — Ela pergunta.

— O que você quer, Caroline? — Insisto.

— O que eu quero? Por deus. Você sumiu. Estamos há horas ligando pra você e mandando mensagens. Eu rejeitei a ideia da Cassidy, mas eu mesma quase liguei pra polícia para saber de você e...Onde você está, mãe? O que aconteceu? — Ela questiona.

— Por que não pergunta a Andrea? Não foi com ela que você e a sua irmã se uniram para fazer essa palhaçada comigo?

Questiono raivosa.

— O que...O...

Ela gagueja.

— Como vocês tiveram a capacidade de fazer isso comigo, Caroline?

— Mamãe...

— Não. Nada de "mamãe".  O que vocês fizeram foi humilhante demais, Caroline. Você consegue compreender o que esse comportamento me causou?

— Mamãe, nós só...

— Não tem justificativa, Caroline. Eu....

Recomeço a chorar. Inferno!

— Mamãe, por favor, me escuta. Nós só tentamos...

— Vocês tentaram manipular uma mulher que deixou claro que não suportaria mais me amar enquanto estivéssemos no limite de quatro paredes. A mulher que foi embora, quando eu mais precisei, pois queria sair por Nova Iorque de mãos dadas comigo...Vocês tentaram me manipular, Caroline. Se sentiram culpada por estarem longe e eu estar sozinha, e quiseram me jogar num relacionamento que havia acabado. Eu...

Enxugo as lágrimas e respiro fundo.

— Eu...Vocês...Vocês não sabem o que desenterraram, e pior, não fazem qualquer ideia. Quando Andrea partiu, ela quebrou o meu coração. Ela me deixou para trás e eu a deixei seguir em frente. E eu não me recuperei...Como foi capaz de fazer isso comigo, Caroline?

A minha filha fica em silencio.

— Eu não me recuperei por ter perdido ela. Depois de dois anos eu não havia me recuperado. Eu pedi tanto que me deixassem viver sozinha e sossegada. Eu não estava feliz, confesso. Mas eu estava bem. Minhas feridas estavam cicatrizadas e agora todas se romperam novamente. Agora eu me sinto destruída novamente porque você e a sua irmã não me respeitaram.

Do outro lado da tela Where stories live. Discover now