Sinais do universo, junção e combinados.

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São Paulo
março, 2023.

Depois de irem á quase todos os brinquedos de altura, tira ao alvo, carrinho de bate-bate e insistirem muito que as deixassem ir no carrossel, Bianca e Rafaella agora estavam sentadas em um banco em frente á roda gigante terminando de comer os sorvetes que compraram, decidindo qual seria o último brinquedo que elas iriam, já que em vinte minutos o filme acabaria.

B: Tenho medo da roda gigante - confessou olhando as pessoas entrarem nas cabines.

R: Fala sério, Bia - deu risada - Aquele primeiro que a gente foi era bem pior que esse!

B: Mas e se o brinquedo para com nós duas lá em cima? - encarou a mineira.

R: Vamos ter uma vista privilegiada do pôr do sol - argumenta.

B: Não podemos encerrar a diversão indo no tiro ao alvo mais uma vez? - choramingou.

R: Nós ganhamos quase todos os prêmios daquela barraca, Bia. O dono está até agora nos encarando meio feio.

B: Tudo bem, se é para encerrar nossa tarde com chave de ouro - se levantou indo para a fila do brinquedo, sendo seguida por Rafaella - Depois de hoje, não quero saber de fila tão cedo.

Entre papos e risadas, as duas mal perceberam quando os outros desceram do brinquedo e já era vez delas na fila, meio trêmula e nervosa, Bianca entrou na cabine rosa primeiro e Rafaella sentou ao seu lado.

R: A cabine é rosa, nossa cor preferida! Deve ser um sinal, sabe? De que você não precisa ficar com medo - comentou empolgada.

B: Você acredita em sinais do universo? 

R: Acredito, você não? - pergunta e a carioca assente com a cabeça.

B: Posso te fazer uma pergunta?

Rafaella ficou em silêncio enquanto pensava em como poderia pular para fora daquela cabine, sentindo o medo tomar conta de seu corpo, não pelo brinquedo, mas sim pela possível pergunta e clima que poderia ficar depois dela, ela concordou.

B: Porque você não sabe o que sentir sobre mim? O que tem de complicado? 

A mineira pensou em fugir do assunto ou apenas ignorar a pergunta, ela acostumou a fazer bastante isso, ela até pensou em alguma mentira inocente para dizer para a carioca ansiosa na sua frente, mas ela não queria estragar a tarde legal que estavam tendo ou magoar a garota com uma resposta malcriada, Rafaella suspirou e sentiu lágrimas brotarem em seus olhos.

R: Quando eu vejo você rindo com as meninas ou opinando sobre algo tão pessoal e íntimo delas, que eu que conheço elas a tanto tempo, mal sei o que é, eu sinto como se você tivesse roubado o meu lugar na vida delas. Quando eu percebo que vocês estão conversando no grupo de mensagens ou rindo de alguma das milhares de piadas internas, eu sinto raiva, inveja e ciúmes. Mas quando eu paro pra prestar atenção só em você, na Bianca! Não na "melhor amiga da minha irmã" ou na "nova amiga das meninas" eu não sei o que sentir, tudo vira uma grande confusão - explicou tensa.

B: Eu entendo que você se sinta perdida nesse novo cenário que você encontrou, que apesar de ser o mesmo, não é a mesma coisa, mas você precisa entender que a culpada não sou eu, Rafa! Eu não saí do Rio para ser a substituta de alguém…

R: Eu sei que não, Bianca! Por isso eu preferia te ignorar do que jogar qualquer culpa minha em cima de você, eu preferia analisar e montar um conceito sobre você aos poucos.

B: Mas é bem melhor conhecer alguém dando abertura e conversando diretamente com ela - diz calma enquanto gesticula - Me analisando de fora, eu nunca deixaria de ser a melhor amiga da sua irmã e eu não sou só isso, eu não tenho só uma versão.

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