Faísca, moral e desejo.

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São Paulo
março, 2023.

Finalmente é quinta-feira, a terça e a quarta que pareciam dias intermináveis para Rafaella, chegaram ao fim e logo a mineira que transbordava ansiedade e empolgação, reencontraria Bruna e Estela. Foi um mês turbulento, que só fez intensificar a saudade que acompanhou Rafaella assim que ela entrou no avião que a trouxe para São Paulo.

Rafa acordou duas horas antes do despertador tocar, a cama que sempre foi tão confortável, nesta madrugada parecia estar banhada em desconforto, então às quatro e meia Rafaella desistiu de tentar dormir e começou a se arrumar para a escola, gastando tempo no banho, tempo para encontrar um bom look e penteado e principalmente uma boa maquiagem, ela ainda conseguiu se atrasar para sair de casa e não ficou totalmente satisfeita com o resultado, mas seus pais e Mariana a elogiaram, então não estava tão ruim como ela imaginava.

Sentada em sua mesa próxima a lousa, ela observou cada professor entrar, passar seu conteúdo e sair da sala, sem conseguir e nem tentar prestar atenção no que eles diziam, ela notou os lábios de suas amigas se movimentando e os olhares em sua direção, então resmungava qualquer coisa, só para não demonstrar a sua total falta de interesse na conversa que elas insistiam em incluí-la.

Uma faísca de preocupação percorre pelo corpo da mineira desde que acordou e notou que não tinha nenhuma ligação ou mensagem de Estela, assim como não tinha na quarta e nem na terça-feira depois que ela ligou na sala de jornal, ela teve medo que a empresária cancelasse a visita, já que não confirmou que viria, mas Bruna sim, a garota mandou uma foto das duas juntas e sorridentes a caminho do aeroporto que acalmou Rafaella por alguns minutos, mas logo um milhão de pensamentos pousou em sua mente, milhares de "e se" que estava a deixando a ponto de explodir.

"E se ela estiver vindo apenas para brigar comigo e dizer que não vai vir para o meu aniversário?"

Estela nunca tinha brigado com Rafaella, mas tudo que a mais nova sentia pela a empresária sempre era demais, era exagerado, intenso, causava efeito em seus corpo inteiro e fazia pensar demais e pensar bobagens.

B: Você não chamou a Mari para ir buscar a sua amiga no aeroporto, né? - perguntou enquanto guardava seus materiais em sua mochila.

R: Ela te falou isso? - perguntou sem olhá-la.

B: Ela não me falou nada, esse é o problema...se você tivesse chamado, a Mari estaria quicando de felicidade e teria me contado - disse baixo.

R: Acho que você não contou com o caminho da volta, Bianca. A Mariana não gosta da Estela, seria desagradável ficar quase uma hora com ela soltando indiretinhas gratuitas - disse séria e seguiu para fora da sala junto com a carioca.

B: Tudo bem, mas você vai sozinha?

R: Sim, vou pedir um carro de aplicativo e- parou e encarou o carro branco estacionado em frente a escola.

B: O que foi? Tá bem? - se preocupou, colocando a mão na cintura da mineira.

R: Parece o carro da Estela - ela semicerrou os olhos para as janelas do carro que iam se abaixando devagar, até revelar o rosto de uma Bruna sorridente, fazendo Rafaella tirar as mãos da carioca de sua cintura e correr até o carro.

Sentindo os braços de Bruna rodeando seu corpo, Rafaella se permitiu chorar, coisa que ela prometeu que não faria. Com a cabeça deitada no ombro da melhor amiga e com os olhos fechados, a Kalimann mais nova só conseguia ouvir a voz da garota e sentir as lágrimas molhando seu rosto, esperando que não tivesse protagonizando nenhuma cena vergonhosa ali em frente a escola.

R: Eu ia buscar vocês no aeroporto, Bru - disse com a voz embargada.

Br: Eu sei, mas a Esté resolveu fazer essa surpresa, você gostou? - se afasta para encarar a mineira que assentiu sorridente - Tem certeza que foram apenas trinta dias separadas, princesa? Parece que foi uma eternidade - choramingou.

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