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Daphne emergiu das chamas verdes e caminhou pelo corredor largo, com lareiras de ambos os lados, por onde bruxos e bruxas entravam e saíam do Ministério

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Daphne emergiu das chamas verdes e caminhou pelo corredor largo, com lareiras de ambos os lados, por onde bruxos e bruxas entravam e saíam do Ministério. O som dos saltos contra o assoalho de madeira escura era abafado pelo ruído constante do deslocamento de ar, causado pela rede de flu, e da fonte no meio do saguão. O copo de café ainda estava pela metade, o que significava um aviso silencioso de que a jovem não se encontrava pronta para interações com qualquer um que ousasse cruzar seu caminho com sorrisos e comunicação além de um aceno de cabeça.

Ela acompanhou o fluxo de funcionários e atravessou um dos portões dourados no fundo do saguão, dirigindo-se aos elevadores. O copo foi à boca enquanto ajeitava a alça da bolsa no ombro, inquieta com a demora que só aumentava o tamanho da fila. O tumulto matutino, e recorrente, era-lhe insuportável em níveis que excediam a quantidade de andares da edificação ministerial.

— Ah, aí está você! Finalmente a encontrei antes de chegarmos à Central. — Daphne olhou Nott de soslaio, ignorando a animação com outro gole do café. — Como vão os preparativos do casamento?

— Ok — murmurou, apressando-se em entrar no elevador quando a grade dourada se recolheu.

Daphne escorou-se na lateral e segurou o copo contra o peito, prevendo saídas bruscas em um dos andares acima. Em meio a uma sinfonia dissonante causada pelas conversas e ruídos gorgolejantes, saídos da caixa que um bruxo atarracado segurava, Theodore não teve ânimo para retomar o papo. Isso não o impediu de encará-la com um sorriso bobo a cada parada. Ocasiões como aquela sempre a faziam se questionar quanto tempo levaria para o colega "superar de vez a foda no sétimo ano".

Nível três, Departamento de Acidentes e Catástrofes Mágicas, incluindo o Esquadrão de Reversão de Mágicas Acidentais, Central de Obliviação e Comissão de Justificativas Dignas de Trouxas.

A bruxa saiu junto com outros funcionários, uma dúzia de memorandos interdepartamentais e um Theodore incapaz de ficar calado sobre as férias que a família pretendia tirar na Austrália, como se Greengrass se importasse. Ela se enfurnou no cubículo que lhe pertencia, onde uma pilha de pastas da Comissão de Justificativas Dignas de Trouxas aguardava por seus relatórios. Pelo menos pôde usá-las como desculpa para declinar o convite de almoço do rapaz.

A verdade era que preferia as semanas anteriores, de trabalhos externos aos montes longe das horas gastas em frente a uma mesa. Em ocasião diferente, teria empurrado a burocracia para a mesa de outro funcionário da Central de Obliviação. A certeza de que terminaria desmaiando de tédio era maior que a de comparecer ao casamento da irmã no mês seguinte. A máquina de escrever não parou nem quando os bocejos se tornaram mais frequentes que os dedos nas teclas.

Estava pronta para ceder a um mini desmaio quando notou uma movimentação atípica ao redor, perceptível mesmo de dentro do cubículo particular. O burburinho tinha a força do zumbido irritante de uma colmeia, cujos operários haviam encontrado algo mais interessante a se fazer que seguir a rotina tediosa. Daphne podia culpá-los? Mantendo o equilíbrio, a bruxa se inclinou para trás e deu de cara com um dorso coberto em tecido preto elegante. O olhar passeou do sobretudo para a cabeça de cobra forjada em prata, no topo da bengala de ébano.

Efêmero ϟ PotterversoWhere stories live. Discover now