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Enquanto o Beco Diagonal pululava durante o dia, a Travessa do Tranco despertava à noite

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Enquanto o Beco Diagonal pululava durante o dia, a Travessa do Tranco despertava à noite. Como obliviadora séria do ministério, a Srta. Greengrass não recomendaria uma visita noturna a ninguém. Porém não estava ali, escapulindo em meio às sombras, sob a bênção do ministro. A bem da verdade, as razões que a levaram ali seriam o suficiente para inseri-la em um inquérito que, provavelmente, terminaria em demissão. Um risco planejado.

Poderia dizer que o fazia só por Astoria, pelo bem estar da irmã amada, mas seria uma grande mentira. Em contrapartida, ambição profissional era um elemento recente, então escolheu se enganar com a primeira opção. Ao entrar na rua lateral, as paredes de pedra comprimiram-na. Atrás das vitrines, velas de ceras escuras acesas, de alguma forma, deixavam a escuridão mais opressiva.

Embora não estivesse ali à serviço, a presença de Daphne não seria bem recebida em certos estabelecimentos. Valeu-se de um colar enfeitiçado, que surrupiara pouco depois de começar a trabalhar, capaz de "embaralhar" a aparência e evitar olhares enviesados. O objeto pertencera a um bruxo das trevas e, após a morte dele, acabou das mãos de um trouxa. O rapaz o utilizara em pequenos furtos. Um item valioso demais para passar a eternidade guardado na sala empoeirada de evidências.

Quando chegou em frente a uma parede lisa, correu os dedos por ela e, no tato, encontrou uma fissura próxima à junção com o chão. Um toque da varinha e uma abertura surgiu para revelar uma porta alta de madeira. A luz quente vazou pelas frestas e iluminou a viela ao ser aberta de dentro para fora.

A travessa era cheia de locais feito aquele, ocultos, mas não um segredo. Daphne conhecia aquele desde os quinze anos, por intermédio de Goyle.

— Ah, olhe só quem resolveu aparecer.

O rapaz se apoiava no batente com uma mão enquanto a outra segurava a cintura cingida por um espartilho branco. Elov quase batia a cabeça no umbral e tinha ombros largos, nus. Os cabelos dourados envolviam o rosto angelical com cachos bem definidos. Ele os enrolava todas as manhãs, antes de ir dormir.

— Não é fácil ser uma adulta séria. — Daphne sorriu e beijou-o nos lábios, suave e amigável. — Noite cheia?

— Nem tanto.

Elov se afastou e estendeu o braço em um convite para ela entrar.

As paredes continuavam cobertas com veludo vermelho, como da última vez que as vira, iluminadas por velas flutuantes. Apesar do pé direito duplo, o ar era abafado e cheirava a tabaco, perfume barato e suor. Bruxos de todos os gêneros riam e bebiam com os amigos, quase todos acompanhados por pessoas tão belas quanto Elov, que acariciavam o peito ou a coxa das companhias.

Daphne reconheceu alguns rostos ali, mas fingiu não os perceber. Considerava aquele o mais elegante, e o mais discreto, dos bordéis da Travessa do Tranco. Enquanto sorria para uma metamorfomaga, que trocou a cor dos cabelos para o mesmo tom pálido de Daphne, quase trombou em alguém.

Efêmero ϟ PotterversoWhere stories live. Discover now