Cap. XIV - Não quero estragar a notícia

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Pansy Parkinson - P.O.V

Preciso de muita coragem para me olhar no espelho. Ao encarar meu reflexo, vejo a garota que me tornei distante da garota que eu imaginei que seria. Nunca pensei em me tornar uma Comensal da Morte. Nunca pensei em elaborar um plano para dominar Hogwarts e agradar Voldemort. 

E nunca pensei que beijaria Draco Malfoy no corredor de uma festa. Nunca pensei que me sentiria tão culpada por isso. A ideia de ter que olhar Astória nos olhos depois da noite anterior me faz ficar enjoada. Existe uma linha tênue entre o quanto você pode se odiar sem querer se destruir por isso. 

Sinto que ultrapassei essa linha na manhã de hoje. Achei que o beijo fosse ficar esquecido na confusão da festa, mas aparentemente alguém se lembrou dele. E aparentemente alguém se divertiu enchendo os corredores de suposições. 

Puxo a coberta até a altura do meu rosto e fecho os olhos para deixar o sentimento se dissipar. É impossível dormir quando se está à beira de um ataque de pânico. 

Meu coração dispara quando a imagem de Draco me tocando surge. Tampo minha boca com a palma da mão e deixo algumas lágrimas escorrerem. É um beco sem saída. Me sinto como uma criminosa de Azkaban. Como se um número estivesse tatuado nas minhas costas. Logo, todos irão saber que fui eu. 

E logo, Astória nunca mais irá me perdoar. 

Um barulho na janela me faz pular da cama com um sobressalto. É a coruja de Malfoy. O animal balança a cabeça com graciosidade e deixa cair um envelope no carpete do meu quarto. Pisco algumas vezes antes de sentir uma raiva dolorosa crescer no meu peito. 

Cambaleio até o envelope ainda enrolada na coberta. Não preciso me aproximar muito do papel timbrado para reconhecer a caligrafia de Draco. 

"Hogsmead." - DM.

Detesto o poder que Draco têm sobre mim. Como se eu fosse fraca demais para resistir. Talvez eu seja. Talvez eu seja estupidamente fraca e patética. Uma garota patética que beija o namorada da sua amiga. 

Ignoro a bagunça no meu quarto e visto um moletom preto com o símbolo da Sonserina em verde. Puxo o capuz e coloco um óculos de sol para esconder as olheiras. Antes que minha consciência me convença à ficar no dormitório, desço as escadas para o caminho até Hogsmead. 

-

Draco está sentado em um pub escuro e sujo. Quando sua terceira dose de cerveja amanteigada chega, ele se inclina sobre a mesa e me olha bem nos olhos. O encaro de volta por alguns segundos, o tempo suficiente para que eu sente na sua mesa. 

O silêncio entre nós é estremecedor. Draco pisca para o ambiente mal iluminado ao nosso redor e começa a balançar a cabeça em negação. 

-Eu estava bêbado. 

Draco diz ao conter um bocejo. Suas palavras não me surpreendem, pois eu me lembro bem do seu olhar sob mim na noite anterior. Mas, não quero me enganar. Não mais. 

-Nós não precisamos fazer isso. 

Retruco com relutância em falar. Draco assente com ironia e ergue o queixo com determinação. 

-Você não sabe o que está em jogo. 

Draco responde com amargura. Me pergunto como pude ter sido tão burra para aceitar estar aqui. Um sermão moral... É tudo que eu não preciso no momento.

O clube dos Comensais da Morte - Draco MalfoyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora