Cap. XXVIII - O colar de opalas

52 8 0
                                    

Beatrix Snape - P.O.V

Assim que avançamos para a próxima fase do plano de Voldemort, algumas coisas mudam. Nossas brigas imbecis ficam para trás. As provocações e birras se dissolvem no passado. Sinto a mudança percorrer a minha corrente sanguínea e se alojar nos meus ossos. 

Nós somos a vitória. A escola perde a graça. Não vou precisar aprender sobre herbologia para a guerra bruxa. Os livros proibidos se tornam os meus melhores amigos. Os feitiços são memorizados rapidamente pelo meu cérebro. E eu percebo que posso professá-los facilmente. 

Não se trata de ser uma bruxa do mal. Mas, de ser uma bruxa que escolheu o caminho mais glorioso. Irei descobrir a identidade e o paradeiro da minha mãe e ser à escudeira de Voldemort. 

Essas possibilidades me nutrem como um tônico. Estou em êxtase pelo meu destino como Comensal da Morte. Não preciso me preocupar com o futuro, pois ele está diante dos meus olhos. E é com pessoas que acreditam nessa Guerra. 

-

É de se esperar que a biblioteca do colégio permaneça em silêncio durante a madrugada. Mas, os suspiros de Draco sobre a sua terrível missão quebram o clima fantasmagórico do lugar. Estou revirando os olhos com força ao me aproximar da estante de magias proibidas. 

-Você bebeu?!

Pergunto por curiosidade. Draco limpa a boca com a palma da mão e pisca algumas vezes. Claro que sim. O whisky de fogo sempre foi o seu melhor amigo nas horas difíceis. E essa é a única explicação para Draco estar se abrindo comigo.

Percorremos o caminho do dormitório da Sonserina até a biblioteca com Draco resmungando sobre a sua tristeza e dor. O que foi patético. Mas, agora está explicado.

Um Draco Malfoy sóbrio jamais faria esse tipo de confissão. 

-Você é um idiota, garoto! 

Empurro seu ombro com raiva. Draco gargalha baixinho e se senta na beirada da estante de madeira. Ele tomba à cabeça em direção aos livros e seus olhos brilham pela proximidade com o brilho da sua varinha. 

Começo a me concentrar em procurar pelo livro correto para enfeitiçar o colar que Draco comprou em Hogsmeade. O seu plano consiste em entregar o colar enfeitiçado à Dumbledore e assim matá-lo. Sim, não é um plano muito teatral. 

Mas, Draco quem o elaborou. E eu não posso me aproximar demais dessa tarefa, ou tomar a sua frente, pois não cabe à mim desempenhá-la. Voldemort foi muito claro quando nos disse para deixarmos Draco se virar. 

Passo meus dedos pelas lombadas dos livros procurando pelos ensinamentos sobre essa magia específica, quando escutamos um ruído na porta da biblioteca. Imediatamente, seguro a varinha de Draco com as duas mãos para cessar o seu brilho. 

O garoto gargalha baixinho e balbucia algumas frases sem nexos. Tampo a sua boca em um movimento rápido. Os passos se tornam mais rápidos até nós. Pressiono o meu corpo contra o de Draco em direção à estante de livros para nos camuflar no ambiente. 

Draco arregala os olhos pela nossa proximidade e aponta para o seu anel de noivado. Eu vou socar esse garoto! Quero xingá-lo, mas precisamos permanecer em silêncio. 

A fidelidade cega de Draco à Astória é resultado da sua traição com Pansy Parkinson e isso é estúpido. Ele sempre foi o garoto conquistador, mas que agora está arrependido e disposto à se casar com Astória. Estou perdida nesses pensamentos quando Draco afasta a minha mão da sua boca e aponta com a cabeça para o corredor. 

-Acho que está tudo limpo. 

Minhas bochechas começam a adquirir um rubor de vergonha. Pois, eu estava encaixada entre as pernas de Draco e em direção aos seus lábios rosados. Algo queima dentro de mim, talvez seja a atração entre os nossos corpos e a ebulição dos nossos hormônios adolescentes. 

Os garotos em sofrimento sempre atraem a minha atenção. 

Foco, Beatrix. 

A minha mente dispara em alerta. Draco resolve ficar de pé e me ajudar a procurar pelo livro de magias. Ele se recupera por alguns segundos do efeito do álcool e se mobiliza à favor da sua própria missão. 

É por volta das duas da manhã quando decidimos qual magia utilizar. Eu releio com atenção os riscos envolvidos e seguro o livro para que Draco professe o feitiço no colar de opalas. A joia reluz o brilho das pedras, como se escondesse a sua própria maldição. 

Draco explica que quando o colar entrar em contato com a sua vítima, irá provocar uma morte imediata. Ao seu ver, essa parece ser a solução ideal para o seu... pequeno problema.  

-Mas, Dumbledore não é tolo. Ele jamais aceitaria algo vindo de você, Malfoy. 

Draco estica suas pernas. Estamos sentados no chão frio da biblioteca, rodeados de livros e pergaminhos com poções e feitiços das trevas. Draco foca a sua atenção no meu rosto, com os olhos semi franzidos pela escuridão. 

-Eu sei disso, Beatrix. Eu jamais entregaria pessoalmente à ele. Eu preciso encontrar uma forma de chegar até ele, mas sem ser por mim. 

Draco responde. Começo a me debater mentalmente sobre um plano, mas estou cansada demais. Ajudar Draco com o feitiço drenou as minhas fontes de sabedoria. 

-Não podemos arriscar a nossa casa nisso. Precisa ser um deles, e de preferência algum desses ignorantes que participa da Ordem da Fênix ou da Armada de Dumbledore. Alguém que não irá levantar desconfiança. 

Draco conclui para si mesmo. Meu pensamento está tão longe que posso dormir no chão da biblioteca. Começo a bocejar em protesto. 

-Vamos. Eu te acompanho até o seu quarto. 

Draco oferece ao perceber o meu estado de cansaço. Nós recolhemos os livros e espiamos o longo corredor da biblioteca em busca de alguma presença ao nosso redor, mas o silêncio volta a fazer parte do cenário. 

Draco e eu nos esgueiramos pelos corredores oeste para não encontrarmos com os monitores que fazem as rondas da madrugada. Quando chegamos ao salão comunal da Sonserina, Astória nos recebe com um bule de chá. 

A morena aperta o roupão contra o seu corpo e oferece duas xícaras para nós. Eu recuso o líquido e me preparo para subir às escadas até o meu quarto. 

-Está feito. 

Draco sibila para Astória como se esse fosse o código para: "o meu plano de matar o diretor de Hogwarts entrará em ação em breve". Ela exclama um suspiro de surpresa e horror, mas imediatamente abraça Draco. Como se isso fosse protegê-lo de algo. 

Eu me despeço da cena com a certeza de que a Guerra Bruxa está prestes a ser iniciada e que as minhas ações foram o alicerce desse plano. 


O clube dos Comensais da Morte - Draco MalfoyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora