Cap. XXI - Soluções práticas

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Blaise Zabini - P.O.V

O ápice da posição de Beatrix Snape no Clube dos Comensais da Morte se mostrou o menor dos nossos problemas. Inevitavelmente, nos deparamos com outro beco sem saída. Encurralados no banheiro do segundo andar da minha mansão, Draco, Beatrix, Astória, Pansy e eu nos debruçávamos em uma solução.

-Isso é ridículo. Nós não podemos simplesmente ignorar o que Theodore fez.

Beatrix resmungou com raiva. Após receber um cheque mate de Astória Greengrass, Beatrix diminuiu suas alfinetadas. O que me deixou aliviado, confesso. Porém, não podemos negar a sua essência Snape: um misturo de teimosia com fúria.

-Tudo bem. Mas o quê, de fato, Theodore fez?

Draco Malfoy perguntou. Astória trocou um olhar de cumplicidade comigo, na esperança de que eu apoiasse o seu noivo. Peculiar. Para qualquer pessoa de fora, a defesa de Draco sobre Theodore pode ser vista como estranha, no mínimo.

Mas, para nós, que crescemos na mansão Malfoy entre verões, viagens e festas de Natal, entendemos o ponto de Draco. Theodore sempre fora seu irmão mais novo. O filho adotado de Lucius e Narcisa: a redenção de Lucius perante o pai de Theodore e a sua prisão em Azkaban.

Para Draco a amizade era verdadeira. Os dois costumavam imaginar seus uniformes de Hogwarts e as festas que iriam realizar no dormitório desde pequenos. Esse não é um tipo de laço fácil de ser quebrado. 

 -Você está bêbado?!

Beatrix gritou. Como um furacão, a ruiva se levantou do chão do banheiro e avançou até Draco. Seus olhos brilharam para Malfoy à medida que destilava a frase:

-Você acabou de destruir a biblioteca de Zabini por conta de Theodore Nott, seu idiota! E agora está tentando defendê-lo? Você é patético, Malfoy!

Draco fechou os punhos e tencionou o maxilar. Talvez fosse a minha vez de intervir. E claro que, eu ainda tinha um truque na manga. 

Uma memória borrada do primeiro momento do baile, há algumas horas atrás. 

-Você está com medo, Beatrix. Medo de que Theodore conte a todos que você o envenenou com a poção da verdade antes do jogo de verdade ou desafio.

Touché. Isso é o suficiente para deixar Beatrix sem uma resposta. A ruiva abre e fecha a boca por alguns segundos, antes de se virar para mim com a sua varinha erguida. Penso que talvez deva pegar a minha varinha para me proteger, mas estou seguro com um feitiço mental. 

-Você é um homem morto, Zabini!

Beatrix vocifera entre dentes. Em um movimento impetuoso e sobre os gritos preocupados de Pansy e Astória, Beatrix lança um feitiço para mim. Mentalmente, bloqueio o feitiço com elegância. Sua varinha produz uma chama vermelha antes de ser atirada até a parede do banheiro com um estalo. 

Draco Malfoy gargalha de forma perversa e pega a varinha de Beatrix com rapidez do chão.

-Muito bom, Snape. Agora volte alguns anos e aprenda a professar um feitiço. 

Draco responde em um tom vitorioso. Beatrix está dividida: não sabe se irá me amaldiçoar ou se irá responder à provocação de Draco.

-Por hoje já chega!

Astória pontua com autoridade antes de lançar um olhar severo à Beatrix. 

-Não foi certo envenenar Theodore. 

Astória finaliza a frase com uma expressão de tristeza. Beatriz dá de ombros e faz uma careta de desapontamento. 

-Se ele não tivesse confessado à sua vingança à Malfoy, ainda poderia colocar o nosso plano em perigo. Você acha mesmo que eu não pensei em nós? Sua princesinha idiota.

Beatrix grita em defesa. Astória finge não ouvir a ofensa e vira de costas. Beatrix grita novamente, mas algo sem nexo. Como uma criança contrariada, Beatrix passa a mão pelos fios ruivos com ansiedade e fúria. É como presenciar uma birra. 

Mas, me sinto no controle da situação. Pelo menos por mim. Estou orgulhoso de ter bloqueado o seu feitiço com a minha mente. Mamãe estaria orgulhosa também, se soubesse que estamos aproveitando a festa no banheiro e entre discussões e feitiços.

-Tudo bem. Então, vamos nos encontrar com Voldemort e omitir essa informação. - Pansy começa a dizer com cautela - Talvez nós não precisemos contar à ele onde Theodore está. Podemos dizer que ele passou mal ou algo assim.

Meu primeiro pensamento é que isso é burrice. Mas, quando meu relógio de pulso marca meia noite, sei que o nosso tempo está esgotando. Olho de relance para Draco Malfoy e percebo sua inquietação em digerir a ideia de Pansy. Mentir para Voldemort nunca esteve nos nossos planos. 

Mas, não ter Theodore entre nós nessa noite, também não. 

Quero dizer à verdade à Voldemort, mas sei que esse é um preço alto para Draco. Ele não quer entregar Theodore de bandeja, por mais que talvez o seu amigo mereça isso. Draco está lutando por um pouco de humanidade que lhe resta. 

-Talvez funcione. Precisamos elaborar uma história juntos. 

Astória responde. Ficamos em silêncio. Beatrix balança a cabeça em negação, pois sabe que isso não vai funcionar. 

-Vamos nos manter aos detalhes do plano. Nós podemos explicar sobre os andamentos das coisas e o que ainda falta ser feito. Voldemort quer resultado. Quer saber que nós estamos infiltrados para começar a guerra dentro de Hogwarts. 

Draco diz de forma séria. É como um general à caminho do seu posto de batalha. Astória aperta sua mão de leve como forma de encorajamento. Não sei porquê mas olho de relance para Pansy na esperança de que um dia possamos ser assim. 

-Eu não vou arriscar a minha vida por uma mentira estúpida como essa. Sinto muito, mas eu direi a verdade para Voldemort. 

Beatrix quebra o clima entre nós com mais um chilique da sua parte. Draco se aproxima dela com os olhos brilhando de expectativa. Suas mãos se cruzam na altura do seu peito. Ao contrário de nós, sua Marca Negra está mil vezes mais brilhante. 

O que deve doer, no mínimo. 

-Tarde demais, Snape. Você não queria ser o meu braço direito? 

O sorriso de Beatrix desaparece. Ela engole em seco e se cala. Pansy funga uma risada em resposta ao golpe baixo de Beatrix. Sei que ela também está chateada comigo por saber da poção da verdade. Mas, Beatrix ameaçou contar à Draco sobre o beijo de Astória e Theodore na sala precisa. 

E eu não queria mais uma ruptura nas minhas mãos. 

-Depressa, vamos aparatar para a Mansão Malfoy. Nosso mestre quer nos ver. 

Draco diz. Nos organizamos em uma roda. Nossas marcas negras estão brilhando. Draco devolve a varinha de Beatrix com um alerta, para que ela possa tocar na sua Marca Negra e aparatar também.

-Eu espero que você não tente jogar mais um feitiço em ninguém, Snape. Ou o papai saberá quais são as suas atividades extracurriculares.

Quero gargalhar em vitória, pois Draco soube exatamente como deixar Beatrix sem palavras. De novo. Severo Snape não faz ideia do exército que a sua filha participa. Talvez ele ficasse chocado ao descobrir, ou talvez nem se importasse. 

-Vá se foder, Malfoy.

Beatrix grita com raiva. A última coisa que eu vejo é Draco Malfoy dando de ombros com um sorriso cínico. E então nós aparatamos juntos para a Mansão Malfoy.


O clube dos Comensais da Morte - Draco MalfoyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora