8 - Isso não podia estar acontecendo

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Olhos claros se encaravam, uma avaliando a outra. Astrid ainda estava na mesma posição na qual foi torturada. Presa apenas pelos pulsos em uma corrente no teto se equilibrando nas pontas dos pés e totalmente molhada. Viu que os olhos frios a encaravam com curiosidade.

A mulher que, deveria ter a idade de seus pais, era bonita. Cabelos loiros tão claros que eram quase brancos, tinha os olhos azuis em um violeta que as sobrancelhas emolduravam belissimamente, a única parte que tinha uma cor mais forte eram os seus lábios com um leve tom de salmão. Vestia uma túnica preta com ornamentos em vinho, destacando ainda mais a palidez dela. Usava brincos com garras de dragões e seu cabelo estava preso em um coque, linhas de expressão envolviam seus olhos.

Viu ela caminhar lentamente a sua volta. Quase não conseguia ouvir o barulho que os seus passos davam, tudo estava em silêncio, apenas a respiração de Astrid era o barulho no cômodo, nenhum homem dava um piu. Quando voltou a encará-la perguntou:

— Há quanto tempo estão com ela assim? - Sua voz era suave, mas com uma força autoritária.

— Desde manhã cedo. — Respondeu Einar de prontidão.

— Ela falou alguma coisa de útil? — Seus olhos não desgrudavam dos de Astrid que a encarava com a mesma intensidade, pelo menos tentava. Não queria se mostrar fraca como, na realidade, se sentia. Conseguiu ver um sorriso discreto se formando no canto da boca dela, como se tivesse aprovado o ato.

— Não deu uma palavra, chefe.

— Hm... — respondeu sustentando o olhar, viu que um brilho passou por aqueles olhos. — Solte-a e a leve para a cela. Preciso conversar com vocês sobre os próximos passos. Eles já saíram de Berk.

Ouvir aquelas últimas palavras fizeram Astrid ter uma reação. Eles estavam vindo a buscar, Soluço estava chegando. Percebeu que sua raptora riu por dentro da sua leve esperança.

Os seus pulsos foram agarrados enquanto eles a soltavam. O sangue voltou para as suas mãos que estavam totalmente dormentes após horas naquela posição.

— Ela está muito fraca, não precisam a prender nas correntes. Só tranquem bem a cela. — Disse a mulher, que Astrid não sabia o nome, se virou e voltou a subir as escadas.

Se os homens não estivessem ao seu lado, sabia que teria desabado no chão na frente da líder deles. Sentiu um deles a carregar feito criança. Se sentia fraca, suas pernas estavam bambas, o seu sangue fizera uma trilha pelo seu braço, resultado dos pulsos que abriram feridas. Tremia de frio. "Soluço, por favor, chegue logo."

A jogaram no chão de sua cela, ela se encolheu enquanto eles a trancavam. Einar, chegou momentos depois acompanhado pelo subalterno que a havia carregado. Jogou no chão uma tigela com um mingau de aveia. Ela estava com fome, mas não sabia se ia conseguir engolir aquilo.

Viu que ele se agachou para ela conseguir o olhar, aquele sorriso insuportável ainda estava estampado na sua cara. Ele a olhava com desdém.

— Tudo está seguindo como deveria, sabe? A sua menininha veio correndo tentar resgatá-la, pena que isso faz parte do nosso plano, princesa. Estaremos esperando por ele e o faremos falar tudo o que você não falou. Temos justamente o ponto fraco do Chefe de Berk: Você. — Deu uma risadinha baixa.

Ela não o respondeu, só queria que ele fosse embora. Sabia que estava jogando com ela, não era burra.

— Mandaram eu te dar esse presente, para ver se você consegue lembrar de alguma coisa. -- Jogou-lhe alguns cadernos, os de Soluço que foram roubados,porém não estavam todos ali. — Saiba que iremos descobrir onde eles estão escondidos, acho melhor você começar a abrir a boca, quando o seu maridinho chegar vai ser bem pior.

Três DiasWhere stories live. Discover now