1 - A Ideia

243 15 79
                                    


Uma luz fraca entrava pela janela do quarto o iluminando parcialmente. Ele já estava desperto, sempre acordava cedo, desde pequeno. Não se mexia, só ficava observando a mulher que estava ao seu lado. Ela parecia um anjo adormecido.

Seu cabelo loiro estava espalhado por toda a cama, mechas rebeldes caiam sobre o seu rosto. Seus olhos grandes estavam fechados pelos seus longos cílios e sua boca rosada estava entreaberta, ainda um pouco inchada da noite anterior. A respiração leve era o seu único movimento. Parecia uma pintura de tão perfeita.

Definitivamente, ele era muito sortudo. Tinha a melhor amiga, namorada, mulher, amante, confidente e amor em uma única pessoa. O sol começou a ficar mais forte lá fora e pequenas partículas de poeira conseguiam ser vistas em volta dos dois.

Sua mulher estava sonhando algo bom, um leve sorriso brotou em seus lábios e ele a acompanhou sorrindo também. O mais suave que conseguiu, mexeu sua mão em direção a uma mecha que estava cobrindo seu rosto. Não se aguentando depois de tirar uma, começou a fazer carinho naquele mar dourado que tanto amava.

— Claro que você já acordou... — falou ela baixinho ainda de olhos fechados

— Sempre acordo, volte a dormir, está muito cedo... — Disse em um sussurro.

— Eu sei que está. — ela abriu os olhos pela primeira vez e o azul o dominou. — Você deveria tentar voltar a dormir.

Respondeu se acomodando no peito nu do moreno e voltando a fechar os olhos. Ele a abraçou e continuou a passar os seus dedos pelo cabelo dela.

— Assim é fácil cair no sono... — sussurrou cansada.

— Então volte a dormir...

— Você devia tentar, sabe?

— Eu sei, mas prefiro ficar assim...

— Bobo

Ele riu do xingamento infantil que ela usara. Olhou pela janela, o azul já estava mais claro e nuvens brancas o preenchiam. Sentiu o peso ficar mais forte em seu peito, tinha voltado a adormecer em seus braços. Sorriu mais uma vez e fechou os olhos.

Estavam casados há três meses e todo dia era esse ritual. Ele sempre acordava antes e fica a admirando. Ela sempre acordava momentos depois com qualquer movimento dele, sono leve. Às vezes, Soluço levantava e ia preparar o café, outras vezes ele tentava se levantar, mas era puxado pelos braços da sua loira.

Berk estava bem, sem guerras, as casas estavam durando mais. As pessoas, por mais teimosas que eram, estavam conseguindo conviver tranquilamente. Mas ainda pairava um sentimento em todos da ilha: A saudade.

Saudade de algo que estava a salvo agora. Seu melhor amigo estava bem, feliz. Esse pensamento que deixava Soluço relaxar. Porém, já tivera pesadelos que a cauda do Banguela quebrava e ele não conseguia mais voar. Mas a Fúria da Luz sabia onde eles estavam, ela vinha o buscar se algo acontecesse, tinha certeza disso.

Tirou delicadamente Astrid de cima dele. Ela gemeu em relutância baixinho. Levantou e depositou um beijo suave em sua testa. Se vestiu com apenas uma calça e, descalço, desceu para preparar o café.

Eles tinham torradas com manteiga de Iaque, ovos com linguiça e suco de frutas.

— Hmmm... O cheiro está tão bom! — disse uma descabelada Astrid descendo as escadas. Ela vestia apenas uma blusa comprida. Sentou-se à mesa, mas antes deu um beijinho delicado nos lábios do seu marido.

— Espero que o gosto também esteja bom.

— Está maravilhoso, estou morrendo de fome! — disse com a boca cheia.

Três DiasWo Geschichten leben. Entdecke jetzt