CHAPTER XXIX

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— Michael sempre foi muito previsível, mas desta vez ele me surpreendeu... — Rebbie me encarou de cima a baixo através de seus óculos de leitura.

— E-e eu não esperava que tivesse alguém aqui. — Gaguejei me sentindo cada vez mais nervosa.

— Então somos duas. — Ela soltou uma risada fraca antes de retirar seus óculos.

Rebbie ainda parecia com a menina que vi naquela fotografia com James, mas agora ela parecia ainda mais magra, com um olhar triste e distante. Me sinto tensa, mas ela não parece se importar com a minha presença tanto quanto eu estou me importando com a dela

— Eu sou...

— Deena Jones, eu sei. — Me interrompeu sem se importar, entrelaçando as mãos em seu colo.

— Como você sabe? — Me aproximei cautelosamente até me sentar na poltrona ao seu lado.

— É uma...

— Por favor, não me diga que é uma longa história, eu estou cansada de ouvir isso de todos. — Agora foi a minha vez de interrompe-la. — Rebbie, certo? — Ela assentiu. Suspirei. — Há uns meses atrás eu encontrei uma fotografia sua com James no escritório dele no Chicago 1945. Algo me diz que vocês eram bem próximos e só você pode me confirmar isso...

Rebbie me encarou um pouco surpresa, mas logo tratou de desviar seu olhar para um algum ponto no chão.

— Você realmente quer saber? — Voltou a me encarar.

Assenti.

— Sim! — Respondi com toda a confiança ainda existente em meu corpo.

Sem mais mentiras. Eu preciso saber.

— Nós éramos casados. — Ela soltou de uma vez.

Arregalei meus olhos sentindo o sangue sair do meu corpo. Minha primeira reação foi levar as mãos trêmulas até os lábios, tentando controlar o choque, mas sem sucesso.

— C-como? — Foi a única coisa que consegui dizer.

Ela fechou os olhos por alguns segundos, suspirando, antes de enfim abri-los novamente. Pegou os óculos e os colocou novamente.

— Começamos a nos relacionar ainda na adolescência, tínhamos apenas quatorze anos e éramos inseparáveis. Meu pai o tinha como filho e o genro dos sonhos. Nos casamos aos dezessete... — Sua voz começou a embargar e então ela deu pausa para respirar.

— E-eu não acredito isso. — Me levantei nervosa. — Isso não pode ser real. — Passei minhas mãos nervosamente pelo rosto.

— Deena...

— Não! — Aumentei meu tom de voz. Levantei meu dedo indicador pedindo para que ela parasse. — Não quero mais ouvir!

— Você corre perigo. — Rebbie disse calma.

— Eu não quero saber! Eu não quero ouvir! Chega! Isso é demais pra mim! —  Com o pouco de força ainda existente em meu corpo, andei de um lado para o outro com as pernas trêmulas.

Meu estômago queima. Sinto que a qualquer momento irei vomitar em seus pés.

— Chega! — Ela disse firme. Parei meus passos, assustada. — Pare de fugir da realidade, me deixe te ajudar.

— P-por que? — Meus lábios tremeram. Não posso chorar agora. — Eu estou tão cansada, Rebbie. Talvez, se me matarem, eu finalmente terei o meu descanso, a minha felicidade que durante todos esses anos me foi roubada.

Chicago 1945 Where stories live. Discover now