CHAPTER - XXX

63 6 29
                                    


Deena Jones P.O.V
Chicago, Illinois.
Estados Unidos.

Pisquei os olhos algumas vezes tentando desembaçar minha visão. Com cuidado, levantei da cama, observando o quarto e notando a cama completamente vazia. Tudo parece calmo por aqui.

Após a breve conversa entre Michael e a irmã  ontem, ele decidiu me levar de volta para o quarto. Lembro de dar uma última olhada em Rebbie por cima dos ombros enquanto Michael me levava de volta para o quarto em silêncio.

O completo desconfortável silêncio se instalou sobre nós pelo resto da noite até a hora que nos envolvemos em uma concha quentinha para dormir. Mesmo abraçados, eu sabia que ele passou boa parte da noite acordado pensando no que aconteceu, assim como eu.

Agora estou aqui, sentada em uma cama desconhecida, completamente perdida em pensamentos com as revelações que tive na noite passada. Me sinto uma idiota.

James e Rebbie eram um casal.
Se conhecem desde a infância.

Tudo parece tão confuso que minha cabeça dói. Sinto vontade de abrir a porta e procurar por Michael para tirar essa história a limpo, mas tenho medo do que posso encontrar do lado de fora, afinal, sua família ainda estava aqui e passarão o resto dos dias aqui.

O relógio ao lado da cabeceira indica 08:35am, provavelmente todos ainda estão aproveitando sua manhã de natal ao lado da lareira enquanto abrem seus presentes em família.

Abracei meu corpo tentando controlar o frio. A lareira que que nos aqueceu durante toda a noite foi apagada, restando apenas uns fragmentos de carvão.

Com cuidado, retirei a grossa coberta de cima de mim. Levantei da cama e fui descalça por todo o carpete até as grandes janelas de vidro parcialmente cobertas por cortinas escuras e grossas.

Deslizei meu dedo pelo tecido marrom e abri uma pequena fresta, observando o lado de fora. A neve caia tomando conta de todo o jardim da mansão, deixando o jardim inteiramente branco.

Acredito que nesse momento todos estejam conversando envolta da árvore decorada enquanto comem biscoitos personalizados e vestem suéters de henna. Não sei se é isso que estão fazendo, mas com certeza é o que eu faria se tivesse uma família. A minha tão sonhada família.

Uma tristeza invade meu peito juntamente com lágrimas em meus olhos. Respirei fundo algumas vezes tentando controlá-las para não formar uma crise de choro que durante todo esse tempo está entalada aqui dentro.

Eu sempre amei o natal, sempre amei decorações de natal, sempre acreditei no espírito natalino e seus milagres. De alguns anos para cá o natal se tornou sinônimo de tristeza para mim. Não tem a mesma luz, a mesma magia de antes. Tudo é cinza.

Sempre sonhei com o dia que eu acordaria, ajudaria meus filhos a levantarem da cama para irmos até a cozinhar fazer bagunça enquanto personalizamos nossos biscoitos assados de natal; depois tomaríamos nossos cafés e iríamos para a árvore decorada por nós, abrir nossos presentes embalados em papéis presentes coloridos. Tudo feito com muito amor e dedicação.

Às vezes sinto que tudo o que eu faço é sonhar. Estou sempre sonhando acordada quando o mundo está literalmente desabando lá fora. Pessoas estão morrendo injustamente enquanto eu sonho em viver um conto de fadas. Eu preciso entender e aceitar que não há conto de fadas para mulheres como eu. Há sangue nos meus pés e por toda a minha volta. Não sou digna de ser feliz.

Chicago 1945 Where stories live. Discover now