Você está aqui para me matar?

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Magnus

Ele estava o vigiando novamente. Era uma ocorrência quase todas as noites agora. 

A princípio, Magnus pensou que ele estava ficando louco, imaginando fantasmas nas sombras. Mas não, era ele. Alexander Lightwood. O homem que matou seu pai. 

Seu pai... o predador infantil. 

O estômago de Magnus embrulhou com o pensamento, as imagens daquele vídeo tentando arranhar o caminho de volta para seu cérebro. Mas ele não as deixava entrar e tinha encontrado um milhão de maneiras criativas de mantê-las fora.

Magnus podia sentir seus olhos nele mesmo agora. 

Apesar do baixo latejante da música de dança, a exibição estonteante de feixes de néon disparando através das paredes escurecidas e o mar de corpos se movendo em uma onda coesa, Magnus podia sentir os olhos de Alexander nele. 

Ele não tinha ideia do que Alexander queria.

A princípio, ele pensou que talvez ele estivesse vindo para sua vingança ou talvez apenas para acabar com uma testemunha, mas Magnus tinha lhe dado um milhão de chances de acabar com sua miséria, e o bastardo nunca as aproveitou. 

Em vez disso, ele apenas o observava. Talvez ele tivesse algum tipo de emoção doentia ao ver Magnus sofrer. O que era meio irônico, porque Magnus estava demasiado chapado para se sentir qualquer coisa além de bem.

Ele saiu pela porta lateral do clube no ar fresco da noite. Ele não vestiu a jaqueta. A felicidade sintética correndo por ele o deixou quente. 

O beco cheirava a lixo podre e mijo, mas Magnus girava ao longo do beco como um dançarino de balé, tropeçando quando ouviu a porta do beco abrir e fechar atrás de si. 

Ele não olhou, não reconheceu seu perseguidor de forma alguma. Simplesmente saiu do beco aos tropeções e entrou no estacionamento.



Era cedo o suficiente para que outros ainda se demorassem nas esquinas, em estacionamentos, fora da boate. Mas Magnus nunca se sentiu tão sozinho. 

Ele estava sempre sozinho, mesmo quando as pessoas estavam amontoadas ao seu redor. 

Não importava o que ele tentasse, nada preenchia o vazio dentro dele. Nem drogas, nem álcool, nem conexões sem sentido. Seus lábios se curvaram pensando naquele último.

Ele deixou seu amigo Ragnor e sua namorada no bar para seguir um estranho aleatório até os banheiros, mas o cara estava demasiado bêbado para ficar com tesão. Magnus o havia deixado desmaiado na cabine.

Ele não pôde evitar a risada que escapou, o som surpreendente na quietude da noite. 

Ele estava destinado a ficar sozinho. Ele desejou que Alexander só fizesse isso de uma vez.

Que atirasse na cabeça dele, cortasse sua garganta, o empurrasse na frente de um carro em movimento. Fosse o que fosse, não poderia ser pior do que viver com o que ele tinha visto.

Talvez ele precisasse ajudá-lo. Talvez Alexander não quisesse matá-lo com uma multidão ao redor. 

A ideia da morte foi um bálsamo que acalmou a psique desgastada de Magnus. Não o deixou triste ou com medo... isso apenas deu a ele uma sensação de paz, uma paz que ele nunca havia experimentado antes. 

Ele riu mais uma vez, piscando para conter as lágrimas. Ele refez seus passos, saltitando sobre poças e rachaduras na calçada. 

Dois quarteirões adiante. Três quarteirões adiante. O chiado de metal quando ele empurrou a porta pesada.

Talvez (Malec)Where stories live. Discover now