Talvez?

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Magnus

O cheiro de sangue atingiu Magnus primeiro, enchendo suas narinas até que parecia que ele estava engasgando com um milhão de moedas de cobre. 

A carnificina veio a seguir. Seus sapatos escorregaram nas poças de sangue enquanto ele fazia o possível para andar, enquanto seus olhos se ajustavam à luz fraca da cabana. 

Os homens mortos estavam por toda parte, ainda esparramados de qualquer maneira que tivessem pousado, e no centro de todos eles estava Valentim... amarrado à mesma cadeira dobrável, gritando e suado.

— Vocês trouxeram a cadeira dobrável? – Magnus perguntou distraidamente.

Jonathan acenou com a cabeça. 

— Achamos que poderia ajudar. Você sabe, sendo sua primeira morte e tudo mais, não queríamos que ele fugisse. 

As sobrancelhas de Magnus se ergueram, uma sensação de calor tomando conta dele. 

— Obrigado, isso é... meio fofo, na verdade. Os gêmeos sorriram para ele. Magnus puxou sua arma e apontou para Valentim. – Tire a mordaça dele.

Os gêmeos se entreolharam, depois para Alexander.

— Vocês o ouviram. – disse Alexander.

Eles puxaram a mordaça e Valentim imediatamente começou a balbuciar. 

— Por favor, Magnus. Por favor. Não faça isso. Você é um bom garoto. Diferente da gente. Diferente deles. – Ele olhou para os sete homens que os rodeavam. – Eles são monstros, mas você... você sempre foi um menino doce. Seu pai te amava. Eu te amava.

Magnus ouviu tudo, surpreso com o quão pouco se importava que o homem que estivesse implorando por sua vida.

— Eu posso fazer isso. – Alexander disse novamente.

— Dê a ele um minuto. – Jace disse, surpreendendo Magnus.

— Sim, isso não foi fácil para nenhum de nós e nem mesmo temos a capacidade de nos sentir mal pelo que fazemos. – disse Raphael.

Magnus percebeu que estava ficando meio sufocado.

Esses homens – esses desviantes, psicopatas assassinos – eram sua família e estavam sendo estranhamente solidários. Eles pensavam que ele estava com medo de matar Valentim ou estava tendo dúvidas.

— Eu não quero matá-lo. – disse Magnus. Quando os ombros de Valentim cederam de alívio, Magnus acrescentou: — Ainda.

— Bem, não temos muito tempo.

Magnus mirou no joelho esquerdo de Valentim e puxou o gatilho, os gritos do homem o atingindo. 

— Isso é por tudo que vocês monstros do caralho fizeram comigo. – Ele mirou no joelho direito de Valentim, atirando sem hesitação. – Isso é por tudo o que vocês fizeram aos outros. – Ele apontou a arma entre as pernas de Valentim, uma satisfação sombria o atingindo quando Valentim começou a balançar a cabeça. Mas era tarde demais. Magnus disparou bem no pau do homem. – E isso, é só porque eu quero. 

— Não que eu não aprecie um bom desempenho... – disse Will. – Mas você pode tirar o homem de sua miséria? Seus gritos são irritantes e temos que começar a limpar. Não temos o dia todo.

Magnus ergueu a arma. 

— Certo.

A bala atingiu bem entre os olhos de Valentim, deixando apenas o mais ínfimo dos buracos. 

Talvez (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora