Pirulito

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Cap 15

                                   Liz

  Segurava o caderno em minhas mãos enquanto o encarava, não conseguindo ir para a próxima página. Por que tudo que envolve o passado da minha família me deixa com tanto medo?

  O meu avô, o que eu lembro do meu avô? Ele... eu não  lembro de tanta coisa. Eu e meus irmãos brincávamos, acho que tinha mais alguém, sei lá. Só me lembro de momentos em que fui crescendo e a verdade foi chegando. Mas ela foi chegando por minha avó, minha mãe nunca chegava no ponto que eu queria, e morreu com esses segredos.

— E-eu... não consigo. — Fecho o caderno e o coloco no chão a minha frente.

— Hmm. — Ryuzaki, que estava do meu lado, se levanta e vai até o quarto, voltando com algo. — Aqui. — Ele coloca o chapéu de lenhador, que deixei com ele, em minha cabeça. — Você tinha dito que era importante pra você.

— Ah... é. — Me encolho um pouco e pego novamente o caderno. — Tem uma parte marcada aqui, vou ler ela e depois dou ele pra você. "Hoje encontramos uma antiga rede de esgoto construída em baixo da cidade. Está totalmente abandonada, então o pessoal do topo está planejando transformá-lo em um espaço para se locomoverem, longe do alcance da polícia. Começamos a construção de entradas, escondidas pela cidade, aos túneis, está sendo uma porcaria, fizeram construirmos passagens para atravessar até carros, eles acham que somos máquinas? Pelo menos estamos acabando as entradas até o galpão principal." Acabei a primeira página...

— Aqueles túneis que vocês exploraram são mesmo passagens que eles usam, por isso a polícia não encontrou o carro da funerária.

— Deve ter bem mais salas como aquela em que encontramos a Ivy. Mas... quem são os caras que os mandaram construirem os túneis?

— Como eu falei antes, vamos investigar os antecedentes de seu avô, talvez consigamos descobrir mais coisas sobre esse caso. E como a polícia descobriu sobre os túneis eles vão começar a vasculhá-lo. Se encontrarem qualquer informação, o Hide trará até nós.

— Tá, e o que você quer que eu faça por enquanto? Quer me eu me enfie em outro esconderijo? — Falo pegando outro pedaço de pizza.

— Vai descansar e estudar.

— Quê?! Vamos lá, eu tenho que avançar no caso.

— Não seria nós temos que avançar no caso? — Hide fala pegando a garrafa de vinho que estava ao lado de Abgail, que dormia ao lado dele. Tinha me esquecido que os dois estavam ali.

— Tá, tá, vai dormir, bêbado! Vamos lá, me bota até para matar se quiser, Ryuzaki. — Acabo me levantando rápido demais e, na mesma hora, caio em cima do moreno.

— Devia levar você ao hospital.

— Eu não quero, eu só quero... dormir.

— Por isso eu disse para você descansar.

  Estou tão cansada que meu corpo relaxou totalmente. Agora eu estou... tranquila. Talvez ter conseguido ler um pouco do caderno tenha sido um grande passo para mim. Esse calor bom dentro de mim, agora o próximo passo é ir ao túmulo dos meus pais e...

— Eh... você não prefere uma cama?

— Hã? — Abro meus olhos e vejo que ainda estou em cima de Ryuzaki.

— Você quer que eu durma com você de novo?

— DE NOVO? — Abgail acorda gritando.

— VOCÊ NÃO TAVA DORMINDO? — Levanto bruscamente me virando para ela.

Você é um doceWhere stories live. Discover now