Capítulo 24 - Não temos um acordo.

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     ~ Kieran

-Me larga! Eu tô bem, porra!-Levantei-me do banco após o idiota do Nick tentar me impedir algumas vezes. Eu não estava bem, mas não queria dar motivos para jogar qualquer coisa na minha cara mais tarde insinuando que me ajudou.

Me seguiu enquanto eu andava, sem saber onde exatamente estava indo. Eu não sentia dor, somente um breve incomodo na cabeça. E muita tontura, o meu corpo estava dormente.

-Colabora aí, caralho.-Disse, meio nervoso.-Eu te levo no hospital, mas tenta não sujar o meu carro...

Ah, mas só se eu fosse idiota de aceitar. Os seus interesses eram claros, se o policial que fazia ronda por ali passasse e me visse sangrando, estaríamos mais ferrados ainda, ele um pouco mais, pois tem mais a perder. E ele tinha certeza de que eu faria de tudo para acabar com ele caso isso acontecesse naquele momento.

-Pensei que quisesse me matar. Tá fácil, finaliza o serviço.-Falei, indo em direção a uma fonte para lavar a minha mão. Não fazia ideia do que usar para estancar o sangramento até lembrar que eu tinha largado uma blusa de frio que tinha amarrada na cintura pelas mangas no banco do parque, e que a próprosito, o meu companheiro patético tinha acabado de correr para pegar e me entregar.

-Se não vier comigo, eu vou chamar uma ambulância!

A agua corrente da fonte se tornava vermelha, e o sangramento não parava, é claro. Nick estava mais preocupado do que eu, mas eu não diria de jeito nenhum que não tinha intenção de ferrar com ele. Mesmo que eu tivesse quase sem consciência, é divertido vê-lo se borrando se medo.

-Fica tranquilo, tá bom?-Comecei a me levantar.-Se quer fazer alguma coisa por mim, faz a minha parte do serviço, já que me deixou praticamente incapacitado.-E então segui para atravessar a rua e ir para casa... ou tentar, enrolando a blusa na mão. Não estava nos meus planos de jeito nenhum ir num hospital sem muita necessidade e correr riscos de passar por uma desintoxicação, ou da Ash ficar sabendo.

Nick me segurou pelo braço, só então notei que quase fui atropelado por um ônibus. É claro, o sinal estava fechado. Não quero que cenas como essa se repitam, ele achando que está me salvando.

-Por que quer tanto morrer?!-Questionou, sem muita paciência.-Você tá parecendo a porra de um zumbi!

Puxei o meu braço de volta, tombando um pouco mas me equilibrando imediatamente.

-A questão não é querer morrer, é lidar com o que pode causar a minha morte como se isso fosse algo insignificante e banal.-Dei de ombros.-Você não entende, seu egoísta maldito.

-Só diz isso porque tá drogado...

Lembro de ter ficado meio puto com o que disse, mas não sei exatamente o porquê. Eu sei que estava certo, por mais que eu odeie admitir.
Mexi a cabeça negativamente.

-Você está errado! errado! e eu posso provar!-Comecei a me afastar devagar e de costas, para que quando notasse, eu já estivesse longe o suficiente para parar de me encher o saco. Só uma pessoa chapada pensaria nisso. Nick constantemente olhava para o seu relógio de pulso e respirava fundo.-E eu não tô drogado coisa nenhuma!

-Ei!-Como eu pude prever antes, o policial que estava por perto apareceu mais uma vez. Mas dessa última vez, ele desceu do carro num pulo, evidentemente preocupado com todo aquele sangue.-O que aconteceu aqui?! eu recebi uma denuncia!

Virei para ele devagar, eu estava tão fraco que os meus olhos meio que reviravam querendo fechar e mal. pude enxergar o seu bigode esquisito. Eu ainda não sentia o meu corpo, mas poderia sim correr caso fosse necessário.

Eu Te Odeio!Onde histórias criam vida. Descubra agora