CAP. 11: Gatilho

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Kara Danvers

Eu e as meninas estávamos conversando na sala quando nossa e a atenção dos outros alunos ali voltaram-se para a porta ao ouvirem um homem dizer:

- Maggie? ¿Qué crees que estás haciendo? - um homem de meia idade, alto de terno falou.
- Maggie? O que pensa que está fazendo?

- ¿Padre? ¿qué está pasando? - Saywer levantou, indo até o homem.
- Pai? O que está acontecendo?

- Vas a buscar tus cosas y nos vamos a emblra ahora. - ele puxou o braço da menina com brutalidade.
Você vai pegar suas coisas e nós vamos embora agora.

- Oye, oye, déjala ir, ¿estás loco? - me aproximei, soltando a mão do homem do braço de Maggie.
- Ei, ei, solta ela, está louco?

- No te entrometas chica, el asunto no es asunto tuyo. - ele mais uma vez esbravejou, apontando o dedo para mim.
- Não se intrometa menina, o assunto não é da sua conta.

A professora chegou e logo interferiu na discussão, pelo visto o pai de Maggie não sabia nosso idioma então a garota traduziu tudo que a mulher falava para o homem, após muito insistir ele se convence a irem para a diretoria. Alguns minutos se passaram, e eu levantei a mão pedindo permissão para ir ao banheiro, me levantei e saí da sala assim que a mulher concedeu.

Andei pelos corredores a procura de Saywer, não a vi em nenhum lugar então realmente descidi ir ao banheiro, quando voltei passei pela diretoria e um berro me chamou atenção - Ya no puedo permitir que mi hija asista a esta escuela.
- Não posso mais permitir que minha filha frequente essa escola.

Me encostei discretamente na parede ao lado do local, eu sei que não era certo mas eu realmente não estava entendo onde aquele homem queria chegar praticamente arrastando minha amiga para fora da escola.

Maggie traduziu para a professora o que seu pai disse, logo falando - Ella quiere saber la razón de todo esto, padre.
- Ela quer saber o motivo disso tudo, pai.

- ¿No esta claro? Esta escuela influye en los menores para que tengan relaciones con personas del mismo sexo.
- Não está claro? Essa escola influência menores de idade a se relacionarem com pessoas do mesmo sexo.

Ah de sacanagem.

- Papá, ¿cómo te enteraste de esto? - Maggie se referiu a sua sexualidade, notei a voz trêmula de Saywer ao perguntar.
- Papai, como descobriu sobre isso?

- No importa, no te crié para ser ese tipo de bicho raro. - o homem bateu fortemente em alguma coisa, assustando até mesmo a diretora.
- Não importa, não criei você para ser esse tipo de aberração.

Aquilo foi o ápice pra mim, não consegui ouvir mais nada, senti uma lágrima escorrer quente por minha bochecha involuntáriamente, fui até a área verde da escola - onde os meninos treinavam futebol americano - precisava de um ar.

Foi tão derrepende, me senti mal por Maggie e por mim, deja vú desgraçado.

Respirei fundo tentando colocar meus pensamentos no lugar, flashbacks vinham rapidamente e com força em minha mente.

Estava bem, tinha superado esse trauma, mas agora recebo um gatilho enorme, eu estava sozinha, prestes a ter uma crise forte de ansiedade quando alguém encostou no meu ombro.

- Vem comigo. - Lena segurou minha mão e me levou até a arquibancada, sentamos uma ao lado da outra, ela me deu uma garrafa d'água a qual bebi todo o líquido em poucos segundos, ainda com as mãos trêmulas. - Respire fundo, feche os olhos e pense em algo bom.

Kieran olhou profundamente em meus olhos aos dizer aquilo, hesitei, mas logo o fiz, por que ela estava me ajudando afinal?

Pensei em momentos bons que tive em minha vida, a aprovação de Alex na faculdade e vê-la feliz ao ver seu resultado, meu aniversário de dez anos no qual ganhei a bicicleta que tanto queria, Eliza eu e Lexie vendo filmes juntas. . . memórias nas quais eu não queria que fossem apenas lembranças.

Respirei fundo uma última vez antes de abrir os olhos e encará-la novamente.

- O-obrigada. - agradeci. - Por que me ajudou, Luthor?

Ela se levantou quando teve certeza de que eu realmente estava mais calma, desceu algumas escadas da arquibancada e apenas quando chegou a grama sintética falou - Apesar de você ser insuportável e você é, nenhuma pessoa merece passar por isso sozinha, Danvers.

Logo após dito isso seriamente, ela saiu, voltando para a sala. Demorei um pouco ainda lá, quando tive a certeza de que realmente estava bem, voltei para a classe.

Maggie estava com o rosto inchado, provavelmente havia chorado, não quis me meter no assunto, mas quando sentamos na mesa do refeitório ela falou - Meu pai me expulsou de casa.

- O quê? Por que? - Sara questionou, preocupada.

- Ele não aceita que agora gosto de garotas. - falou, tremendo o queixo. - Agora eu vou morar com a minha mãe, pelo menos pra ela eu não sou uma aberraç. . . - não a deixei que terminasse sua frase.

- Não. - o grupo me olhou. - Você não é, e jamais será uma aberração Maggie, você é perfeita, doce, gentil, alegre, não se permita se sentir desse jeito, pois acredite quando eu falo, não é um sentimento bom.

- Obrigada Kara. - ela sorriu. - Por me defender também lá na sala.

- É verdade, não sabia que falava espanhol. - Barry comentou.

- Aprendi aos quinze anos. - expliquei. - Sei falar italiano e francês também.

- Wow que incrível, quem te ensinou? - Nia perguntou.

- O espanhol eu aprendi sozinha, italiano foi a minha mãe pois ela morou bastante tempo na Itália antes de ter a minha irmã e eu, e o Francês foi na minha antiga escola, no qual eu só sei o básico.

- Isso é bem legal, Kara! - Oliver sorriu.

Fitei Lena do outro lado do refeitório, ela que conversava com Samantha, olhou rapidamente para mim, logo voltando a conversar com a amiga. Senti uma sensação diferente ao o olhar dela correr sob mim, Rao eu só podia estar louca.

MY ENEMY | KARLENAOnde histórias criam vida. Descubra agora