Kalimann

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Rafaella esperava impaciente na sala de espera do hospital, na frente da UTI. Bianca a abraçou por trás, tentando tranquilizá-la dizendo que tudo iria ficar bem. Ela sentia o olhar das pessoas nas duas, mas ela realmente não se importava, já estava acostumada com a sociedade olhando daquele jeito para elas quando demonstravam carinho em público.

                     

Marcella havia desmaiado no carro, e, quando chegou no hospital, os médicos a colocaram em uma maca e a levaram para a UTI, para fazer algo que Rafaella não entendeu direito, e agora ela estava em repouso, e elas estavam esperando o médico falar o estado de Marcella. Eram 3h36 da manhã, estava tudo frio, silencioso e com um ar tristonho. Na verdade, a vida de Rafaella estava assim ultimamente, tristonha. Nem mesmo Bianca conseguia animá-la, mas não era sua culpa, a cabeça de Rafaella não parava, e ela não conseguia descansar, não conseguia relaxar.
                     

A porta da UTI foi aberta, e um homem com um uniforme branco e alguns papéis na mão saiu de lá. Ela olhou para as duas, e Bianca soltou Rafaella, ficando em pé ao seu lado.

                     

- Rafaella Kalimann? - o médico perguntou.

                     

- Sou eu. - Rafaella falou.

                     

- Acompanhante da Marcella Kalimann, certo? - o médico perguntou, mas continuou antes que Rafaella respondesse. - Vocês tiveram sorte, porque, se ela tivesse entrado em inconsciência ainda em casa, ela não teria resistido quando chegou aqui, o organismo dela está muito vulnerável, e ela quase nem tem vitaminas em seu corpo.

                     

Rafaella só ouvia atentamente o doutor, sem dar uma palavra.

                     

- Eu quero ser sincero com vocês, tudo bem? - o médico perguntou, e Rafaella assentiu. - Ela só tem mais algumas semanas, no máximo duas, tudo o que eu posso fazer é passar algumas vitaminas e suprimentos para tentar fortalecer as células que ainda estão boas, mas isso só vai dar mais alguns dias para ela porque... - ele tomou um ar. - Porque, de qualquer forma, ela não vai aguentar.

                     

Rafaella puxou as mangas de sua blusa e fechou os olhos, abraçando Bianca e se controlando para não chorar. Mesmo já sabendo disso, ouvir algo assim da boca de quem entende mesmo do assunto era insuportável, Rafaella não conseguia aguentar.

                     

- Se quiserem eu posso dar alta para ela, assim ela pode passar essas últimas semanas com a família, se acharem melhor. - o médico falou. - Ela vai sofrer um pouco mais, mas... bem, ela está sofrendo de qualquer jeito, e passar os últimos dias em um hospital pode ser insuportável.

                     

- Faça isso, por favor. - Bianca assentiu, enquanto acariciava os cabelos de Rafaella.

                     

- Tudo bem. Vou só ver como ela está e depois assino os papéis. - o médico falou, voltando para a UTI.

                     

- Eu daria tudo para ir no lugar dela. – Rafaella falou contra o pescoço de Bianca, soluçando baixo.

Tudo Sobre VocêWhere stories live. Discover now