Prólogo

1.8K 168 7
                                    


Prólogo

Seth Bram

A sala onde estou é escura, mal iluminada e com vários equipamentos médicos, no centro dela, há uma cadeira de madeira com tiras de couros nos braços e nos pés, ao seu lado tem uma caixa de madeira com um tipo de dispositivo que permite os lados serem abertos.

O lugar é mal iluminado, com goteiras pingando e criando uma poça d'água no chão, em uma parede cheia de mofo tem um quadro, com fotos de músculos e esqueletos, algumas fotos de partes de corpo expostas.

Onde estou? Esse não é um sonho comum!

Um barulho chama minha atenção, me afasto, permitindo que a escuridão encubra minha presença. Enquanto um homem entra, ele é baixo e usa uma mascara de esqui que cobre todo seu rosto, o estranho carrega uma menina em seus braços, seu cabelo está caído em seu rosto me impedindo de ter um vislumbre.

O homem coloca a garota sentada na cadeira, sem sair da frente ele amarra seus braços e pernas, então pega a caixa ao lado e depois de mexer no cabelo da garota, coloca a caixa em sua cabeça e cobre seu rosto.

— Você vai ser minha melhor obra de arte. — Murmura, satisfeito consigo mesmo.

Dito isso, ele se vira e sai da sala, a porta pesada de ferro fazendo o barulho ecoar por todo o lugar. Se eu fosse chutar onde estou, diria que em baixo de alguma estrada em algum túnel que é ignorado pelas pessoas no centro da cidade, o último lugar onde procurariam uma garota desaparecida.

Nunca tive um sonho como esse em toda minha vida, todo o cheiro e a sensação do lugar é muito real, como se realmente estivesse nesse lugar. O som baixo de choro chama minha atenção, a garota acordou, ela mexe seus braços e pernas, a fricção fere seus braços, fazendo com que sua pele clara fique vermelha e irritada.

— Socorro! — Grita, lutando para se soltar.

Não sei como minha percepção de tempo funciona nesse lugar, não consigo tocar nela ou ajuda-la, nós dois estamos presos aqui.

***

Dia após dia o homem volta, as vezes leva mais de um dia, ele gosta do suspense, posso ouvir a alegria em sua voz, a diversão em saber que a garota está com medo, rezando para que ele ponha fim ao seu sofrimento. O homem sádico se diverte fazendo com que a menina morra uma vez após a outra, todos os tipos de morte, afogada, sufocada, eletrocutada, ele usou um desfibrilador nela mais de uma vez.

No começo ela pedia para ele parar, para deixa-la partir que ela não contaria para ninguém, isso só o deixava mais satisfeito, o tornava mais cruel. Aos poucos ela foi aceitando melhor, todas as vezes que a caixa era colocada em sua cabeça, percebi que a menina ficava aliviada. Ela passou a ansiar pela escuridão, assim como eu.

Uma sensação de formigamento corre pelo meu peito, quando vejo a forma como a cabeça dela pende para o lado, ele acabou de aplicar um tipo de injeção que fez seu coração parar, depois de alguns minutos, ele aplicou o antidoto, mas parece não ter funcionado. A cada segundo checa o pulso dela.

Depois de todo o tempo preso neste lugar com ela, fico feliz que ao menos um de nós escapou daqui, ainda mais feliz por ter sido aquele que mais sofreu.

— Você não pode morrer! Eu sou aquele que dita quando você vai viver ou morrer! — Grita, passando a mão pelos cabelos.

Durante todo o tempo que estou aqui nunca vi seu rosto, o da menina na cadeira é um borrão sem forma.

Ele tenta massagem cardíaca, mas a garota não volta. Irritado, assisto ele desamarrá-la e carregar seu corpo para fora. Com o barulho da porta atrás dele, o formigamento no meu peito corre por todo o meu corpo, e no próximo segundo, não estou mais na sala escura e fedorenta.

***

— Finalmente você acordou.

É a voz da minha avó, ela está ao meu lado, segurando minha mão com força, enquanto chora aliviada.

— Vovó? — Minha voz sai rouca e dolorida.

— Estou aqui, querido. — Murmura. — Sempreestarei ao seu lado. 

Caos - Livro 1Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora