46-Camila Stevens

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Passaram algumas semanas desde a discussão com Noah e ele praticamente não fala comigo, só para dizer bom dia, boa tarde e boa noite e quando diz. Às vezes nem o vejo sair ou entrar em casa e não estava a ser nada fácil para mim toda aquela situação. Noah às vezes nem parece ter 20 anos e deixava-me mesmo muito triste que ele não compreendesse a situação dos próprios pais. Mas o que me deixava mais triste era o facto de Noah ter ficado magoado com o que acontecera no dia do seu nascimento.

Talvez ele ache que eu não lutei mais por ele porque não quis, mas isso não é verdade, eu só não lutei mais porque estava demasiado fraca e não tive mais forças para o fazer, mas garanto que isso me pesou na consciência todos os dias, durante todos estes anos. Não queria que o meu filho sentisse toda aquela mágoa por pensar que eu e o pai não gostamos tanto assim dele por ter acontecido isso no passado. Eu amo tanto os meus filhos que nem sei explicar o tanto de amor que transborda dentro de mim por todos eles.

Se Noah soubesse o quanto eu o amo e quanto medo tive de o perder um dia...

O meu coração sangra só de pensar que isso possa acontecer de novo. Acho que não me aguentaria se algo parecido acontecesse, os meus filhos são tudo para mim.

Morreria por cada um deles as vezes que fossem necessárias.

Saí dos meus pensamentos e voltei toda a minha atenção para todos os papéis em cima da minha mesa. Organizei todos eles e assinei alguns que tinha por assinar e assim poder entregá-los já organizados.
Retirei os meus óculos e deixei-os em cima da minha mesa, peguei nos documentos já devidamente organizados e, então, saí da minha sala em direção à sala do meu filho Noah. Já há algum tempo que não entrava na sua sala, mas as circunstâncias também não o permitiram que eu o fizesse mais cedo.

Assim que parei em frente à porta da sua sala, pensei duas vezes se deveria entrar ou não, ele ainda estava tão magoado comigo que eu tinha medo que ele me ignorasse mais uma vez. Levantei a minha mão para bater à porta, mas baixei-a no mesmo instante.

-Noah...-sussurrei o seu nome.

Olhei mais uma vez para aquela porta à minha frente e, então, virei costas. Eu certamente pediria a alguém que entregasse aqueles documentos mais tarde e...

-Mãe!?-parei a meio do caminho quando ouvi a voz do meu filho Noah.

Muito lentamente virei-me de frente para Noah e respirei fundo ao ver o meu menino após alguns dias sem o ver. Era um alívio saber que ele se encontrava bem.

-Senti a tua presença...-ele falou-porque não entraste?

Eu dei alguns passos até ficar mais próxima dele e estiquei a mão com os documentos na sua direção.

-Estão aqui os documentos de que precisavas-ele pegou nos documentos-já estão todos devidamente organizados e assinados, é só conferires e assim podes dar início à reunião com o pai.

-Confio no teu ótimo trabalho mãe, não preciso de conferir para saber que está tudo bem-ele tentou dar um meio sorriso, o que me fez sorrir um pouco com a sua atitude.

-Obrigada-agradeci.

-Não vens a esta reunião comigo e com o pai?

-Esta reunião não será muito longa, então não precisarão de mim-encolhi os ombros-e para além disso tenho uns assuntos pendentes à minha espera.

Noah assentiu me observando.

-Bem, até já-sorri para ele-e boa sorte para fecharem o contrato.

-Obrigado mãe.

Eu resolvi sair dali o mais rápido possível e logo entrei na minha sala onde pude respirar fundo, mas assim que me virei para me sentar na minha mesa dei de caras com ele.

Camila e o MonstroOnde histórias criam vida. Descubra agora