Capítulo 2

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— Desembucha logo! — As palavras quase travam em minha garganta com a emergência e o pavor.

— Eu não sei, não tive informações privilegiadas — responde por fim com tanta sinceridade que me desmotiva. — Só ouvi uma parte da conversa entre o médico e aquela mulher quando fui dar uma volta para esticar as pernas. Perguntei a ela o que estava acontecendo e ela disse só que a cirurgia tinha acabado e não disse mais nada. Acho que nada de grave aconteceu, porque ela não parecia ter acabado de receber uma notícia ruim, mas também não era como se tivesse ouvido que ele não está mais em perigo...

Não sei se isso é o suficiente para me causar alívio ou se devo me preocupar ainda mais.

Agora que a tontura já passou, me desvencilho dos seus braços e fico de pé novamente. Cassio não se afasta totalmente e suas mãos continuam em mim.

— Me leve até ela.

— Não acho que seja uma boa ideia.

— Por quê? — Ele parece apreensivo, abre a boca para responder, contudo não o faz de imediato.

Nesse exato momento, alguém bate na porta antes de abri-la. O doutro Marcelo entra com uma prancheta na mão e uma expressão mais tranquila no rosto.

— Bom dia — deseja. Meu primo responde ao médico com um falso ânimo, mas eu não consigo disfarçar.

Cassio se afasta de mim e vai para o outro lado do recinto enquanto o médico se aproxima para me fazer perguntas sobre como estou me sentindo e, igual a sua última visita, examina o meu curativo.

— Boas notícias, Alexandre — O ânimo dele é excessivamente desnecessário na minha opinião. — Você está pronto para ir para casa.

— De maneira nenhuma! Não posso ir para casa sem o meu namorado — retruco. Me sinto como se isso fizesse de mim um rebelde idiota. — Será que já posso vê-lo ou tem alguma norma que me proíbe?

Ele preenche algo em sua prancheta com rapidez, sem parecer me ouvir, muito embora eu saiba que só está me ignorando mesmo.

Marcelo demora no que está fazendo e só responde quando termina.

— Não, não existe uma norma que proíba isso, mas primeiro é importante saber se ele pode receber visitas. Isso não depende de mim e sim do médico que está tratando dos cuidados dele — garante com a voz inalterável. — Prometo que vou falar com ele e ver o que consigo fazer, mas quero que me prometa de volta que vai para casa, vai se cuidar e descansar depois disso.

— Sim, eu prometo — garanto depressa com muita expectativa.

— Ótimo! — Ele pega um carimbo em seu jaleco e o pressiona contra a papelada, depois assina. — Vou pedir para trazerem algo para você comer enquanto espera, mas já assinei a sua alta. Não tem porque ficar te segurando aqui.

— Obrigado, doutor — digo.

— Só estou fazendo o meu trabalho.

Então ele se vira e caminha firmemente até a porta e quando a abre dá de cara com alguém. Ele dá passagem e Dalila entra, agradecendo a ele. A mulher está com os cabelos amarrados em um rabo de cavalo e não usa maquiagem forte.

Marcelo fecha a porta e ela caminha até a minha cama e, sem dizer muito, me abraça com certa suavidade. Suas mãos correm por minhas costas em um ato de conforto e ela funga baixo perto do meu ouvido. Seu perfume parece uma explosão em meio ao do aposento.

Quando finalmente se afasta e me encara, ela segura uma das minhas mãos e afaga minha bochecha com tranquilidade.

— Desculpe por não ter vindo antes, eu tive alguns contratempos. — Sua voz é baixa.

GUIANDO O PRAZER (+18)Where stories live. Discover now