1• Alicera ♔

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Me chamo Alicera, pro mas íntimos, Cerejinha. Não sei de onde minha mãe tirou esse apelido ridículo, porém não adianta discutir com dona Gabriela.

Moro com minha mãe, minha irmã Alínea de cinco anos. Uma menina sapeca, cheia de artimanhas, quem não a conhece, acha que a mesma é um anjo. Mas não se engane, esse anjo é capaz de tocar fogo em todo o RJ sorrindo.

Meu pai? Não tenho praticamente nada de lembranças dele, tudo que lembro, são coisas bem vagas. Minha mãe nunca fala muito dele, somente o básico do básico. E também nunca fui curiosa para saber muito sobre ele.

Minha mãe é uma guerreira, mulher batalhadora, não tem tempo ruim para a mesma, tenho Muito orgulho dela. Ela trabalha a semana inteira, folgando somente no domingo, tem domingo que Ela se enfia no trabalho. Nunca nos deixou faltar nada.

Moramos na Rocinha, não tenho preconceito relacionado a isso, muito menos tenho vergonha de morar na favela! Porém sempre sonhei em sair daqui, ir pra um lugar melhor, onde não tenha que ter medo de uma bala perdida atingir a mim, ou minha família. Onde não tenha que dormir com medo. Andar livremente pela as ruas, sem me preocupar com minha segurança.

Não sou santa, mas também não sou dessas loucas que apronta de tudo, gosto de ir no baile, de sair.
Minha rotina, de casa para a loja, da loja pra faculdade, da faculdade pra casa, as vezes na casa da minha tia, uma vez ou outra no baile.

Aqui já teve mas tranquilo, ultimamente tem ficado bem mas agitado, o tráfico aumentando cada vez mas.Tudo começou a ficar pior depois que um tal 'Dc' tomou posse do morro. O último ouvi falar que morreu, uns contam que foi em um confronto com os inimigos.
Porém rola outros boatos, que ele o atual, "Dc" o mesmo matou o próprio, traindo o mesmo, e tomando lugar, enfim não sei ao certo.

Graças a minha mãe, o pouco que ganho na loja onde trabalho, já estou indo pro meu segundo ano em medicina, meu sonho sempre foi ser médica. Ajudar quem precisa, cuidar com amor. Mas estou muito focada na especialização de cirurgiã.

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Hoje já era sábado e aqui estou sentada no sofá sem nada pra fazer, de frente pra TV, assistindo o desenho mas chato, insuportável de todos, onde já não aguento mas ouvir. " CoComelon " bela maneira de aproveitar minha folga.

Minha mãe estava trabalhando, ela é farmacêutica, trabalha uma farmácia fora do morro.
A essa hora minha irmã estava ligada no 220, essa criaturinha tem uma energia misericórdia. Queria saber onde tem um botão de desligar, ou pausar por umas duas horas.

_Celejinha, quero comer!

Olho pra a cara da mesma, não acredito no que acabo de ouvir!

Alicera- Como assim criatura? Tú acabou de comer uma mamadeira de iogurte, comeu quatro pães de queijo. Tem um buraco negro aí é?

_ Eu só comi assim Ó, minha mãe disse que tem que comer frutinha, pra fazer cocô.

Ela fala mostrando três dedos, fazendo cara de pobre coitada. Alínea, que não sei de onde minha mãe tirou esse nome! Tem problemas no intestino, não consegue fazer cocô todos os dias, o que faz com que a mesma tenha uma dieta especial.

- Cara, Haja comida, pra encher esse buraco negro aí ratinha.

Caminho até a cozinha, o que a divide da sala, somente um balcão, e sofá que fica no meio.
Nossa casa não e muito grande, apenas dois quartos, uma cozinha americana, dois banheiros. Como só é nós três, já é o suficiente pra gente, e por não pagámos aluguel já é mas que suficiente.

Não faz muito tempo, que meu Tio nos deu a casa que moramos. Ele tem um Bar onde é o ponto turístico do morro, Ele diz que não mexe com outras coisas, mas tenho lá minhas dúvidas. O mesmo sempre está envolvido com os caras da boca, sempre fazendo favores.

RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora