Capítulo 5

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Um capítulo fofinho.
 
 
Divirtam-se!!
 
 
Duas semanas se passaram desde o dia do casamento de Lilian Luthor. A cada dia, Lena estava mais empenhada a dedicar toda a sua atenção a sua melhor amiga. Quase todos os dias, elas se encontraram ao para tomar um café juntas. Dois sábados seguidos, só se desgrudaram ao noitecer quando a morena voltou para casa. E nos domingos, se encontraram com suas amigas.
 
Contudo, apesar do que estava fazendo, Lena percebia que Kara não estava percebendo que ela estava agindo diferente. Quando parou para pensar mais sobre isso, percebeu que fazia sentido ela não ver nada mais. Elas eram amigas, eram apegadas e só estavam fazendo com mais frequência o que já faziam. Ligações a noite, mais convites para almoços e passeios não indicavam muita coisa.
 
Por causa disso, Lena decidiu que iria contar à amiga sobre o que sentia. Não dava mais para esconder e não queria continuar escondendo. Apesar de ter tentado impressionar Kara de mil maneiras diferentes e ela considerasse gestos mais importantes, para o que estava acontecendo, apenas palavras poderiam solucionar o problema. Então tudo o que restava era ser honesta e se declarar.
 
Não seria nada fácil para a Luthor despejar seus sentimentos em cima da amiga. Nunca havia se apaixonado antes de conhecer a loira, nunca precisou expor as coisas que guardava em seu coração, então não tinha certeza se sairia bem com isso. Mas não dava para continuar no zero a zero. Não dava para perder mais uma década só sendo a melhor amiga de Kara quando poderia ser mais.
 
Quando colocou em sua cabeça o que iria fazer, Lena ligou para Kara marcando com ela um jantar. Ao fazer o convite, percebeu a surpresa na voz da loira, afinal, isso elas nunca tinham feito. Ouvindo o sim da repórter, a morena sentiu uma fagulha acender dentro do seu peito e um frio na barriga surgir. Não era uma sensação nova ao se tratar de Kara, mas não deixava de ser surpreendente.
 
Lena sabia que tinha uma chance de ser rejeitada. Se isso acontecesse, doaria muito e doaria mais se Kara se afastasse. Mas também havia a chance da repórter corresponder aos seus sentimentos. Seus cálculos diziam que as chances eram de 50 a 50 para as duas hipóteses. No fundo, desejava que a que prevalecesse fosse a que a amiga também quisesse o mesmo que ela.
 
Se Kara também a correspondesse, Lena estava disposta a fazer de tudo para ela não se arrepender da decisão e ser sempre uma pessoa melhor. Mesmo que se envolvessem romanticamente, a loira sempre seria a sua melhor amiga e isso não iria mudar. O que aconteceria era se dedicar mais para ser uma ótima amiga e uma excelente namorada.
 
Namorada. Essa era uma palavra que nunca tinha feito parte do vocabulário da morena, mas agora conseguia se visualizar sendo a namorada da sua amiga. Encontro também não existia em seu vocabulário e estava extremamente nervosa por estar prestes a ir em um.
 
Bem, quando convidou Kara para o jantar, Lena não especificou que seria um encontro, mas tinha um motivo. A Luthor queria tentar impressionar mais uma vez a amiga, só que impressionar de um jeito que não restasse dúvidas. E depois do jantar, a levaria para dar um volta sob o céu estrelado de National City, revelaria seus sentimentos e, se tudo desse certo, a beijaria no fim da noite.
 
Era até inacreditável para si mesma ter pensado em tudo isso sozinha. A mulher que nunca foi romântica, estava disposta a ser só para fisgar o coração de uma certa loira de olhos azuis. Já que tinha tomado essa decisão, não desperdiçaria a oportunidade que tinha.
 
Olhando através da janela da L-Corp o céu azul e repassando mentalmente todo seu plano. Lena acabou sendo atrapalhada quando Sammy entrou em sua sala a trazendo de volta ao mundo real.
 
— Preciso que assine esses papéis para mim — estendeu algumas folhas quando Lena se aproximou — são contratos de fornecedores. Já verifiquei tudo e está tudo correto — sem dizer nada, a morena foi até sua mesa para assinar o que foi pedido — está tudo bem com você?
 
— Sim. Porque?
 
— Está mais pensativa do que o normal — disse a analisando — não estou dizendo só de hoje, mas a semana inteira você está assim.
 
— Quer saber o motivo? — olhou para a amiga que rapidamente se sentou na cadeira a sua frente assentindo — você está certa.
 
— Eu sempre estou — sorriu de forma convencida — mas, por favor, especifique em que eu estou certa.
 
— Sobre eu ser apaixonada pela Kara — voltou a dar atenção aos papéis que assinava.
 
A primeira vez que viu Lena e Kara lado a lado ainda na faculdade, teve certeza que elas tinham química. A princípio, até achou que a loira seria apenas uma conquista de sua amiga, mas quando percebeu o esforço que ela fazia só para agradar a futura repórter, entendeu que havia muito mais ali do que era falado.
 
Sempre que tentava pressionar Lena sobre a loira, ela desconversava e nunca assumia que tinha um sentimento além de amizade pela Danvers. Mas, a vez que teve certeza que havia uma paixão enrustida, foi quando Kara foi a um encontro com um colega de turma. Naquele dia, a Luthor quase perdeu a cabeça e, para não se sentir por baixo, foi até um pub, passou uma cantada barata numa jovem com as mesmas características da amiga e foi se divertir com ela.
 
Ao longo dos anos, Sammy viu essa cena se repetir várias e vezes e ficava se perguntando se sua amiga era mesmo uma pessoa inteligente. Não entendia como ela preferia jogar fora algo real e verdadeiro só para manter sua pose.
 
Com tempo, até compreendeu que Lena tinha medo de Kara sair da sua vida e por isso se mantinha em silêncio sobre o que sentia. Porém, isso só explicava as suas ações, mas não justificava em nada.
 
— Antes tarde do que nunca — Lena a fitou de maneira séria — sempre esteve óbvio isso, só faltava você admitir. Pelo menos fez isso antes que apareça com outra pessoa na vida dela e você comece a surtar de ciúmes.
 
— Eu nunca fiz isso — Arias arqueou as sobrancelhas e a morena de olhos verdes bufou — tudo bem. Eu sempre fico com ciúmes dela. Satisfeita?
 
— Um pouco. Pretende contar a ela como se sente?
 
— Sim — coçou a testa e recostou na cadeira — tenho medo dela me rejeitar ou se afastar de mim se não me corresponder. Só que... tá difícil ficar fingindo que não quero mais com ela.
 
— Qual é, Lena? Ela é a Kara, a pessoa mais doce que gente conhece — falou tentando tranquilizar a amiga — eu tenho certeza que ela te corresponde. E se não correspondesse, ela não se afastaria de você. Sua amizade é muito importante para ela.
 
— Pode ser, mas tenho medo — começou a brincar com seus dedos — não foi fácil nem admitir pra mim mesmo isso. Meio que... eu sei há anos, mas nunca me permitir pensar sobre isso, entende?
 
— Entendo — afirmou também com a cabeça — mesmo que tenha demorado uma década, que bom que viu isso antes de ser tarde demais.
 
Agora que já aceitava o que sentia e tinha certeza do que faria, Lena nem conseguia mais imaginar como seria se fosse tarde demais.
 
— É. Acho que dá tempo de mudar as coisas.
 
— Já sabe o que vai fazer?
 
— Eu a chamei para jantar. Nós nunca fizemos isso e achei que seria uma bom começo — Sam concordava com a cabeça a ouvindo atentamente. Tinha perguntas para fazer, mas esperaria a amiga terminar de falar — eu, estava tentando mostrar a ela que queria mais a presença dela, mas acho que ela não percebeu. Não fazíamos nada fora do comum.
 
— Por isso o jantar? Então seria uma encontro? Ela sabe que é um encontro?
 
— Então... — sorriu nervosamente — sim. Sim. Não — a expressão de Sam era de confusão — eu a levarei a um encontro real. Só que não disse nada, pois queria ir mostrando durante a noite. Fiz uma reserva em um restaurante legal, que tem um clima mais romântico, vou levar flores para ela e no fim de tudo, vou dizer o que sinto.
 
Para Arias, era até difícil de acreditar que Lena pensou em tudo aquilo sozinha. Porém, tinha que confessar, era um bom plano para um primeiro encontro. Além disso, era bem a cara da loira gostar de algo simples assim.
 
— Parece que pensou e tudo.
 
— Estou há uma semana pensando nisso — contorceu os lábios antes de voltar a falar — pensei no que me remetia a ela. Mesmo sem ela nunca ter me dito, sei que é romântica, então tentei algo desse tipo, só não sei se consegui.
 
— É romântico sim. Simples, mas romântico — afirmou — e quando vai ser?
 
— Hoje — seus lábios se curvaram e seu rosto começou a demonstrar animação — quando eu sair daqui, vou para meu apartamento me arrumar. Vou comprar as flores — pensou um pouco — acho que chocolates também. Depois vou buscar ela em casa e a levar ao restaurante que nunca fomos.
 
Inusitado.
 
Essa era a única palavra que descrevia o que Sam estava ouvindo de sua amiga. Contudo, ficava feliz por ver que ela estava se permitindo sentir tudo aquilo. Ficava ainda mais feliz em saber que a outra pessoa envolvida na história também era sua amiga.
 
— Precisa de ajuda em alguma coisa? — ainda que tudo parecesse dentro dos conformes, não custava nada perguntar.
 
— Acho que não. Espero que ela goste de tudo.
 
— Tenho certeza que vai — pegou os papéis que Lena havia assinado — preciso voltar ao trabalho, mas se quiser conversar, sabe onde me achar — se levantou — espero que dê tudo certo entre vocês. Vocês merecem viver isso.
 
Após dar um sorriso de agradecimento, Lena viu sua amiga sair pela porta de seu escritório.
 
De todas as suas amigas, Sammy e Kelly eram as pessoas mais românticas que conheciam. Apesar de ter pensando muito em Kara para conseguir agradá-la, se lembrou do que as duas amigas a diziam quando começaram a sair com suas atuais esposas. E também — isso ela guardaria a sete chaves — assistiu comédia romântica, pois sabia que sua amiga adorava.
 
Ter falando com Samantha sobre seu plano, a fez ficar um pouco mais tranquila. Se a CFO aprovou tudo aquilo, então era porque estava indo pelo caminho certo.
 
O dia inteiro, Lena tentou ocupar sua mente com o trabalho. Estava muito ansiosa, mas tinha que manter a calma para sair tudo bem em seu encontro. Precisava mostrar para Kara que estava confiante e de que sabia bem o que estava fazendo, mesmo que não tivesse muito ideia do que estava fazendo, já que não tinha experiência.
 
A cada cinco minutos, a morena olhava as horas em seu celular. Parecia que o tempo não estava passando. Tinha a impressão que estava mais fácil sair o sexto divórcio da sua mãe do que chegar a hora do seu encontro.
 
Quando olhou para o relógio pela enésima vez, viu sua foto com a amiga aparecer e logo depois o nome da loira. Sem conseguir segurar um sorriso, rapidamente atendeu a chamada.
 
— Oi, Kara! — disse animada.
 
— Oi — seu tom de voz não era nada animado — e-eu não vou poder ir jantar com você.
 
— Porque? Aconteceu alguma coisa? Você está bem?
 
— Desde ontem estou com um dor terrível na cabeça — suspirou — nem conseguir ir trabalhar hoje. Achei que iria passar até a hora que combinamos, mas ainda dói. Me desculpa, queria muito ir.
 
— Kara, não precisa pedir desculpas. Eu entendo, ok? Posso fazer algo por você? — perguntou com preocupação.
 
— Só quero ficar deitada no escuro.
 
— Se precisar de algo, você me avisa?  
 
— Aviso. Vou desligar. Até mais, Lena.
 
— Até. Melhoras.
 
De maneira nenhuma Kara queria desmarcar o jantar com a amiga. Estava animada desde foi convidada e mal via a hora do dia chegar para se divertir com Lena. Pela primeira vez, elas sairiam numa sexta-feira a noite, apenas as duas. Porém, desde o começo da semana estava sentindo a cabeça pesada e muita sensibilidade nos olhos. Quando esses sintomas começaram a aparecer, sabia o que viria depois, só não imaginava ter que desmarcar seu jantar.
 
Desde o dia anterior, Kara vinha tomando remédios fortes. Isso a fazia ficar sonolenta e se tomasse os remédios por muitos dias, eles começavam a prejudicar seu estômago. Pelo menos, enquanto estivesse apagada, não sentia nenhum tipo dor.
 
Assim que desligou o celular, Kara o jogou no sofá. Indo até a bancada da cozinha, abriu um pequeno frasco que continha cápsulas de remédios para enxaqueca e jogou um boca. Dando mais alguns passos, pegou uma garrafinha de água na geladeira e tomou um longo gole. Sentindo a cabeça martelar, foi para o seu quarto — que estava totalmente escuro — e se deitou na cama.
 
Abraçada a um travesseiro, a loira mantinha os olhos fechados e aproveitava o silêncio de sua casa. Já estava há um bom tempo daquele jeito e pretendia permanecer assim até o sono lhe invadir. Como não havia avisado a ninguém, além de Lena, sobre o que estava acontecendo, sabia que não corria o risco de alguém atrapalhar a sua paz. Porém, não foi bem isso que aconteceu, pois logo começou a escutar batidas em sua porta.
 
Alex tinha a chave de seu apartamento. Kelly não ia ali sem ser com a esposa. Qualquer outro amigo tocava a campainha quando chegava a sua porta. No entanto, havia alguma pessoa sem noção que continuava a bater no retângulo de madeira.
 
Começando a sentir que aquele som estava dentro da sua cabeça, Kara se levantou e foi até porta, logo que abriu, encontrou Lena parada do outro lado.
 
— Oi — deu um sorriso sem jeito — sua campainha é muito barulhenta, por isso preferi bater na porta e... você disse que está com dor na cabeça.
 
— Estou. Entra — deu espaço para ela passar — o que faz aqui? — perguntou assim que fechou a porta.
 
— Vim ficar com você.
 
A olhando por alguns segundos, Kara percebeu que a morena não estava com suas roupas habituais. Vestia apenas um jeans desbotado, uma camisa simples e chinelos. Vê-la daquele jeito foi quase como ver a Lena da faculdade, a que preferia conforto e praticidade ao invés de saltos e roupas sociais.
 
— Não precisava ter vindo — foi até o sofá e se sentou — estou uma péssima companhia e com a sensação de que minha cabeça vai explodir.
 
— Eu também sou uma péssima companhia — Kara deu um pequeno sorriso com o comentário — eu trouxe um canja. As pessoas costumam fazer quando outras estão doentes, então eu trouxe.
 
Na conversa, Lena mantinha um tom de voz mais baixo e calmo para não incomodar a amiga. Dava para notar que a loira estava com dor, seus olhos estavam o tempo todo semicerrados por causa da claridade que entrava pelas frestas da cortina. Além disso, estava pálida e abatida parecendo que não estava se alimentando direito.
 
Depois de deixar a canja na bancada da cozinha, Lena se aproximou se sentando ao lado da amiga.
 
— Quer ir ao médico? — a abraçou de lado fazendo a loira deitar em seu ombro — Posso te levar.
 
— Se eu chegar no hospital assim e Alex me encontrar, ela me interna sem necessidade alguma — Lena soltou uma risada anasalada.
 
— Já tomou remédio?
 
— Tomei um pouco antes de você chegar — fechou os olhos — você pode ir embora se quiser. Já te atrapalhei não podendo ir no jantar, não quero atrapalhar de fazer outra coisa numa sexta à noite.
 
— Há anos que eu digo que você não me atrapalha — começou a passar a mão pelos cabelos da amiga — você nunca me disse quando estava doente, eu só ficava sabendo depois. Já que me disse hoje, deixa eu cuidar de você.
 
Após o que Lena disse, Kara sentiu seu coração acelerar. Queria voltar para seu quarto, mas estava gostando de estar ali com sua amiga, então decidiu apenas aproveitar o momento.
 
O silêncio voltou a reinar no local. Por vários minutos, ficaram apenas abraçadas, até que Lena percebeu que a amiga estava adormecendo.
 
Do lado de fora, a noite já estava tomando conta do céu. Lena gostaria muito de estar aproveitando como tinha planejado, mas pelo menos estava com Kara ao seu lado. Quando recebeu sua ligação, pensou muito sobre o que deveria fazer, então apenas deixou seu coração falar mais alto e ela a levou onde estava agora.
 
— Kara? Kara? — a chamou baixinho para não assustá-la — Kara?
 
— O que?
 
— Não quer ir deitar na sua cama? Faz um tempo que você está toda torta, depois vai ficar com dor.
 
— Está bom aqui — se ajeitou um pouco mais, pois não queria desgrudar da amiga.
 
— Eu deixo você me usar de travesseiro — a loira afastou a cabeça de seu ombro — você já comeu hoje?
 
— Não — respondeu passando a mão no rosto e logo acendendo um abajur que tinha na mesa da sala. Tudo estava bastante escuro — não consegui comer.
 
— Então vai para seu quarto que eu vou esquentar a canja.
 
— Lena... — a fitou.
 
— Kara... — usou o mesmo tom que a loira — ficar tomando remédio de estômago vazio não vai te ajudar — se levando puxando a amiga para fazer o mesmo — vai — começou a empurrar em direção ao quarto — não vou demorar.
 
Enquanto Kara foi para o quarto, Lena saiu procurando pelos armários o que precisava para esquentar e depois colocar a canja. Se sentia até um pouco envergonhada por isso, pois a loira vivia ali há anos, já tinha ido inúmeras vezes aquele lugar e não tinha ideia onde nada ficava.
 
Depois de mais um tempo se procura, conseguiu o que queria. Ainda bem que a loira era uma pessoa organizada, se não poderia ter demorado mais. Após conseguir fazer o queria, se encaminhou até o quarto da loira.
 
— Não me obrigue a comer isso — Kara disse em uma voz quase chorosa quando percebeu uma luz se acender.
 
— Você está agindo como criança — se aproximou com a bandeja e o bowl com a canja que fumaça de tão quente — não precisa comer tudo, mas pelo menos tenta.
 
— Eu sei, eu fico um saco quando estou doente — se sentou, então Lena colocou a bandeja em suas pernas — mas eu te dei a chance de ir embora.
 
— E eu escolhi ficar — se sentou na beirada cama — agora para de me enrolar e come.
 
— Chata.
 
Revirando os olhos, Kara deu algumas colheradas no que a amiga a serviu, mas depois largou. Lena preferiu não insistir, ao menos ela não estava de estômago totalmente vazio.
 
Voltando para a cozinha, Lena deixou tudo exatamente como estava. Logo depois, voltou para o quarto escuro encontrando a amiga novamente deitada.
 
— Está melhor? — se sentou na cama encostando as costas na cabeceira.
 
— Não muito. Parece que tem alguém martelando a minha cabeça.
 
— Vem aqui — se deitou na cama — eu falei que poderia fazer de mim seu travesseiro — Kara se aproximou apoiando a cabeça no braço esquerdo da amiga. Ao mesmo tempo, elas acabaram se abraçando, mas Lena a apertou com uma força que não costumava usar — quando minha mãe Elizabeth morreu, você me disse que um abraço apertado curava tudo. Então depois do enterro, você simplesmente me apertou em seus braços e não disse mais nada. Farei o mesmo com você agora.
 
Mal dava para ver a loira por causa da escuridão, mas conseguia imaginar cada detalhe de seu rosto. Usando seu indicador direito, começou levemente a fazer o contorno de seus traços. Começou pela sobrancelhas, passou para os olhos, o nariz e depois os lábios.
 
Cuidadosamente, beijou sua testa, seu olho esquerdo, o direito e a ponta de seu nariz. Em seguida, entranhou seus dedos nos fios dourados e começando a fazer um leve cafuné por uma boa parte da extensão do couro cabeludo. Como um reflexo, Kara a abraçou um pouco mais e quase afundou seu rosto no pescoço da morena.
 
Nos últimos anos, Lena havia perdido as contas de quantas mulheres procurou com as mesmas características da amiga, mas nenhum era ela. Agora se sentia completamente estúpida por ter passado tanto tempo fazendo aquilo ao invés de ter coragem de falar o que devia.
 
Apesar da situação, era indescritível a sensação de poder só estar com a loira. Sentia um nervosismo fora do comum que até fez sua garganta secar. Nunca havia ficado assim com ninguém, Kara era a primeira pessoa com quem realmente desejou dividir uma cama e a abraçar. Estava quebrando uma regra das cinco que seguia, mas não importava, com sua amiga, a última coisa que queria era seguir as idiotas regras.
 
— Boa noite, Kara — sussurrou.
 

 
:)

A Melhor Amiga da Noiva Where stories live. Discover now