Capítulo 10

1.5K 208 19
                                    

Divirtam-se!
 
 
Com a correria do casamento, Kara se sentia esgotada. Não tinha que ideia que uma noiva tinha tantas pequenas coisas para resolver. Quando não estava procurando algum vestido que lhe agradasse ou escolhendo coisas que queria em sua nova casa — da qual ela nem sabia como era ainda — estava de madrugada no telefone com Imra.
 
Desde que a morena tinha chegado na Escócia, ficava ligando para Kara para poder perguntar coisas sobre comidas e decoração. Tirando esse assunto, parecia que não sobrava mais nada a ser dito pelo casal.
 
Um dia, quando pensou em se casar, a Danvers caçula imaginou que estaria tão feliz quanto sua irmã e sua cunhada estiveram. Ou tão animada e nervosa quanto Samantha e Andrea. A princípio, até sentiu tudo isso, mas só foi voltar para National City que todos esses sentimentos se esvaíram e deram lugar a outros dos quais estavam difíceis de admitir que existiam.
 
Olhando pela janela do carro a paisagem verde e montanhosa que o país europeu oferecia, a repórter deixou um suspiro escapar. Estava há quatro dias de se casar e sua mente estava muito bagunçada. Na verdade, seu coração também estava. Seu cérebro e o órgão que bombeava sangue para o seu corpo pareciam não concordar em algumas muitas coisas.
 
Nos dias anteriores, esteve muito grudada em sua madrinha de casamento. Por causa de tudo que precisava resolver, as duas estavam dia e noite juntas, praticamente. E quando estava com a melhor amiga, até se esquecia que tinha uma noiva a esperando em outro continente.
 
Kara não fazia ideia que tinha sentido tanta falta de Lena enquanto esteve viajando, até o dia em que ela se lembrou de Modigliane. Foi então que percebeu que tinha sido injusta ao deixá-la de lado quando conheceu Imra.
 
No entanto, não foi em reconhecer essa saudade que sua mente e coração acabaram ficando confusos. Foi em algo muito simples que Lena fez e que começou a fazer Kara repensar nos quase dois últimos meses de sua vida.
 
Na sexta-feira, Kara estava procurando por um vestido de noiva que a agradasse. Ela, Lena e Eliza, foram em várias lojas de noivas, mas acabou não gostando de nada. A loira já estava nervosa, por não encontrar um vestido que fosse o certo para ela. No sábado, acabaram tendo que repetir a mesma coisa. Ao menos, nesse dia, o vestido da madrinha e das damas de honra foram achados.
 
Chegando em casa cansada e acompanhada da amiga, Kara foi direto para o banho e a morena pediu algo para elas comerem. Até aí tudo parecia como sempre foi. Após comerem, a loira colocou seus pés sobre as pernas da amiga enquanto reclamava que só teria a segunda-feira para achar seu vestido.
 
Pelo tempo em que esteve reclamando, Lena escutava a tudo e massageava seus pés. O monólogo da loira só parou quando Imra ligou. Durante o tempo da ligação com sua noiva, conseguiu ficar ainda mais irritada. Assim que desligou, viu que Lena tinha adormecido. Foi olhando para ela que sentiu por um segundo o ar faltar. Desde aí, não tinha certeza de mais nada.
 
— Você está bem? — Lena questionou a amiga a olhando — já estamos nesse carro há algum tempo e ainda não disse nada.
 
— Só estou pensando demais — a olhou com um sorriso de lábios cerrados — muita coisa para assimilar.
 
— É, não deve ser fácil — encarou a janela — sendo sincera, pra mim não está sendo nada fácil. Em quatro dias você não estará mais na minha vida.
 
Lena só teve coragem de dizer aquilo, pois, além do motorista, só tinha ela e a amiga no carro. Isso ocorreu por causa do quinteto fantástico que continuava com seu minucioso plano.
 
Três carros estavam levando a loira e suas convidadas para uma das propriedades dos Ardeen. Pelo que o motorista explicou, era a propriedade onde eles passavam o outono e o inverno.
 
— Não é bem assim.
 
— Claro que é — voltou a olhar para amiga — você vai ter uma nova vida aqui e eu não farei mais parte dela. Em quatro dias verei você casando e logo depois eu vou embora.
 
O estômago da loira começou a revirar com o que ouviu. Ainda que tenha ficado quase sete semanas longe de Lena, sabia que voltaria para National City e a veria novamente. Agora se dando conta da escolha que fez de continuar na Escócia, não sabia quando teria sua companhia novamente.
 
— Nós vamos nos falar sempre. Nada vai mudar.
 
— As coisas já mudaram, Kara.
 
— Lena... — segurou a sua mão que estava apoiada no banco — não diz isso — as três últimas palavras saíram como uma súplica.
 
Estava complicado entender porque sentia mais medo de perder sua amiga do que perder sua noiva. Nem queria imaginar como seria os próximos meses de sua vida sem ter aqueles pares de olhos verdes intensos a encarando. Ou, não ter um sábado inteiro ao lado dela.
 
O olhar de Lena era um pouco triste. A cada dia que o casamento se aproximava, sentia seu coração se partir mais um pouquinho por estar perdendo não só sua melhor amiga, mas a mulher que amava. Já havia tentando várias vezes se declarar para Kara, só que algo sempre  a atrapalhava.
 
— Eu só preciso te dizer algo a você antes que se case. É algo que quero dizer já tem um tempo, mas nunca dá certo.
 
— Me diz agora.
 
— Aqui não — indicou com os olhos o motorista — sei que quando chegarmos vai querer ficar com a Imra, então... quando tiver um tempo eu te falo.
 
— Senhoritas — o motorista chamou a atenção delas — chegamos a casa de inverno dos Ardeen.
 
Não era um casa de inverno, era um castelo de predas antigo e enorme.
 
Do lado de fora, Imra esperava por pela junto com seu pai e sua mãe. Kara ainda não os conhecia, tudo aconteceu tão rápido que não houve tempo daquele tipo de apresentação formal.
 
Logo que a loira desceu do carro, Imra foi correndo abraçá-la e a cumprimentou um rápido beijo. Ela estava sorridente e cumprimentou a todos assim. Porém, sua noiva não estava na mesma vibração.
 
Um pouco afastada dos cumprimentos risonhos, Lena assistia a tudo se forçando a dar um sorriso. Era só seu primeiro dia naquele país e já detestava tudo nele.
 
— Contou a ela? — Sam perguntou a Luthor quando se aproximou.
 
— Não — balançou a cabeça negando — preciso fazer isso sem ninguém por perto. 
 
As duas começaram a andar para dentro dos castelo enquanto empregados levavam suas malas. Mais a frente, a família de Imra conversava com a família de Kara. Gayle e Andrea olhavam a tudo deslumbradas pelo o luxo do castelo. As noivas haviam sumido da vista de todos.
 
— Lena — suspirou — vai ser difícil vocês duas ficarem sozinhas aqui. Ainda mais com a Imra por perto.
 
— Eu sei, tá legal? — fitou a amiga — já não vou poder dizer o que sinto da maneira que queria. Vocês em todos esses dias ficaram me atormentando dizendo que eu tinha que contar a ela. Então deem um jeito de me deixar a sós com ela. Das outras vezes que tentei algo sempre atrapalhou. Agora que decidi que vou fazer isso de qualquer jeito, vocês terão que me ajudar.
 
— E depois que disser tudo o que sente. O que vai fazer?
 
— Eu vou embora.
 
— Quem vai embora? — Kara perguntou aparecendo atrás delas de supetão.
 
— Ninguém — Sam respondeu rapidamente — estamos falando sobre a L-Corp.
 
— É. Terei que fazer uma viagem de negócios quando eu voltar. Quando eu resolver tudo, eu vou embora.
 
Apertando um pouco os olhos, Kara não sabia se acreditava naquilo, ainda mais que Lena brincava com seus dedos e isso indicava que ela estava nervosa por alguma coisa.
 
— Senhoritas — um empregado se aproximou — queiram me acompanhar até seus quartos.
 
Todas as recém chegadas no castelo ficaram em um mesmo andar. Por longos minutos, várias instruções foram dadas, sobre os horários das refeições e um grande jantar que seria servido naquela noite em comemoração ao noivado. Depois, também foi mostrado as principais partes daquele lugar.
 
Durante todo o dia, cada uma foi fazer algo diferente naquela enorme propriedade. Praticamente, todos os casais decidiram aproveitar o dia juntos. As únicas que sobraram — tirando Eliza — foram Lena e Gayle.
 
Andando por um extenso corredor olhando algumas pinturas dos ascendentes dos Ardeens, Lena se assustou quando Gayle se aproximou.
 
— Parece que nós duas sobramos — cruzou os braços olhando para um grande retrato de um homem barbudo usando um kilt — como eles conseguem dormir com essas... coisas — apontou para o quadro — vigiando os corredores.
 
— Estava me perguntando a mesma coisa — voltou a andar — isso aqui deve ser apavorante a noite.
 
— Pode correr pro meu quarto no meio da noite se sentir medo — deu uma corrida para chegar a morena — ele fica bem ao lado do seu, caso você não tenha percebido — Lena a olhou de forma séria — só estou brincando. Relaxa. Eu já deixei bem claro que estou interessada em outra pessoa.
 
— Você disse sério sobre...
 
— Cada uma roubar uma noiva? — perguntou em um sussurro e Lena assentiu — Claro que falei sério. É vantagem para nós duas. Porque eu brincaram com isso?
 
— Eu não vou roubar ninguém — começaram a descer as escadas — só vou falar o que já deveria ter falado há muito tempo.
 
— Bom — olhou em volta para saber se continuavam sozinhas — se você disser tudo o quer e a Kara desistir de tudo... eu acho que vai ter roubado uma noiva sim. O que eu acho super vantajoso pra mim, pois estarei aqui para consolar a que foi deixada.
 
Era impossível não rir com as bobagens que saiam da boca de Gayle.
 
— Parece que já pensou tudo — balançava a cabeça negando enquanto ria — não se sente mal em cobiçar a mulher dos outros?
 
— Tecnicamente, ainda não é a mulher dela — deu ombros — então não estou cometendo nenhum pecado. E, se formos pensar bem, você também está cobiçando a mulher dos outros.
 
— Sinto lhe informar, mas isso tudo não vai acontecer — sua voz saiu triste e a loira percebeu — se Kara não desistiu até agora, não vai desistir mais. Acho que não deveria contar tanto comigo nesse seu plano.
 
— Em quatro dias muitas coisas podem acontecer — entrelaçou seu braço no de Lena que não se importou com aquilo — você pode não ter percebido, mas eu fiz um teste.
 
Continuavam andando em direção a um grande campo verde que tinha em volta do castelo.
 
— E qual teste? — arqueou as sobrancelhas a olhando curiosa.
 
— Naquele dia no bar, eu passei um bom tempo conversando com a Imra.
 
— E...?
 
— E... que minha adorável prima só ficou incomodada quando eu passei um bom tempo conversando com você — deu uma rápida olhada na morena e logo voltou a olhar para frente.
 
— Isso não aconteceu — parou de andar quando pisou na grama verde e sentiu a brisa fria bater contra seu rosto — ela estava muito bem com a noiva.
 
— Sim, estava. Mas só até antes de eu ir falar com você. Se não acredita, pergunte para qualquer uma das suas amigas.
 
— Eu duvido muito que a Kara se sentiu incomodada com isso — era difícil dela acreditar depois de tudo — vocês estão vendo coisa onde não tem. Agradeço todo esse plano mirabolante, mas no fim eu não vou ter ela pra mim.
 
— Como sabe do plano? — perguntou assustada.
 
— Andrea me contou no dia seguinte. Ela estava um pouco bêbada e acabou contando — revelou sem muito entusiasmo.
 
— Então você sabe que tá rolando uma aposta alta sobre isso, não é?
 
— Como é que é?
 
— Droga! — bateu a mão na testa — falei demais.
 
— E agora que começou, vai ter que terminar.
 
— Estamos apostando sobre o que pode acontecer, mas no fim todas vamos ganhar por só tem uma opção óbvia — puxou Lena para voltarem a andar — até tia Eliza tá no meio. Só não fala que eu te contei isso.
 
A caminhada rendeu boas risadas a Lena. Gayle era uma ótima distração e precisava se distrair para não ficar pensando no que Kara estaria fazendo com sua noiva.
 
Era legal saber que suas amigas, Eliza e Gayle estavam tentando ajudá-la. Porém, não significava que as coisas sairiam do jeito que, aparentemente, todas queriam. Se dependesse somente de Lena, tudo aquilo se tornaria real, mas também dependia de Kara.
 
Ao anoitecer o jantar de noivado foi o mais entediante o possível. Apesar de Imra ser uma pessoa legal, ela e Kara eram totalmente opostas e isso ficou em evidência para as damas de honra. As duas ficaram boa parte daquela festa  — entre muitas aspas — andando para cima e para baixo falando com os convidados que eram tão chatos quanto a própria festa.
 
Kara era sempre uma pessoa alegre, sorridente e que gostava de se divertir em situações como aquela. No entanto, apesar de ser o seu noivado, toda hora era podada por sua noiva ou alguém da família dela. Era como se quisessem moldá-la ao o que eles eram.
 
Depois dos cumprimentos e da refeição que fizeram — uma refeição que não agradou a Kara —, as sobremesas chegaram e era uma das coisas que Kara mais gostava de comer. Ela havia ficado com um pedaço de bolo sabor baunilha e sua noiva de sabor chocolate. Imediatamente, os olhos da loira brilharam com aquela coincidência, mas nem tudo foi como ela esperava.
 
Acostumada a fazer aquilo com sua melhor amiga, Kara deu uma garfada no pedaço de bolo de Imra.
 
— Não faça isso — a morena falou quando viu o que Kara fez.
 
— Porque não? Eu amo bolo de chocolate.
 
— Poderia ter pedido seu pedaço de chocolate. Ou, ao invés de fazer isso — apontou para os pratos — me peça um pedaço.
 
Eliza estava sentada próximo da filha e percebeu o pouco brilho que tinha em seu olhar sumir.
 
Naquele espaço onde os Ardeens viviam, tudo era certinho demais, padronizado demais e qualquer coisa que não se encaixasse nos seus habituais costumes, eram dignos de serem chamado a atenção.
 
Embora torcesse pela felicidade da filha, a conhecia bem o suficiente para saber que ela estava se sentindo um peixe fora d’água. A loira tinha um espírito livre e suas próprias manias. Porém, estava fácil perceber que essas manias não estavam sendo bem aceitas por Imra.
 
A matriarca da família Danvers não tinha nada contra a jovem Ardeen. Ela era educada e tratava Kara muito bem. Meio que, ela fazia o mínimo do que se espera de alguém com quem você está se relacionando. Só que Eliza achava que ela não era a pessoa certa para sua caçula. Mas, como Kara parecia estar decidida, não iria se opor. Ela tinha idade o suficiente para tomar suas próprias decisões e conviver com as consequências delas.
 
Apesar disso, não significava que não tentaria abrir os olhos de sua filha de um jeito sutil. Como mãe, deveria alertá-la, pois, talvez, Imra não fosse a princesa no cavalo branco que Kara achou que fosse quando a ajudou no meio da chuva.
 
Quem também tinha visto o que aconteceu com toda a coisa do bolo foi Lena. Seus olhos estavam tão vidrados na amiga que Kelly teve que pedir para ela disfarçar. Naquele momento, desejou mais uma vez estar no lugar de Imra.
 
As dez em ponto, todos os convidados tinham ido embora. O que foi um alívio para Kara, pois não aguentava mais dar sorrisos falsos e fingir que estava plenamente feliz. Sentia que faltava algo em aquilo tudo. Era a oficialização de seu noivado e nem ao menos sentia um nervosismo bom por aquilo estar acontecendo.
 
Os mais velhos acabaram se retirando e  indo para seus quartos, mas o mais jovens queriam estender aquela noite. Principalmente os mais jovens de National City.
 
— Eu acho que devemos jogar alguma coisa — Andrea sugeriu após vários minutos sentada num sofá de uma sala que nem tinha TV — deveríamos fazer nossa noite de jogos versão Escócia.
 
— Eu apoio — Gayle disse em um tom estridente e a animado— nossa querida Imra — olhou para a morena e sorriu — ainda não sabe o quanto é divertido.
 
Com o que Gayle disse, Sam e Kelly se olharam, pois Kara não deu a mínima para a prima que estava beirando o flerte com sua noiva.
 
— O que é uma noite de jogos? — Ardeen perguntou deixando todas um pouco chocadas.
 
— É um dia em que nós jogamos jogos de tabuleiro — Kelly explicou pacientemente — às vezes em dupla e às vezes individual.
 
— Não tenho jogos de tabuleiro.
 
— Por isso devemos jogar Eu nunca — Alex entrou na pilha dando uma piscadela para Andrea que sorriu. Sim, aquilo era parte do plano — tem alguma bebida por aí?
 
Parecendo que fazia parte de um mundo paralelo, Imra não sabia como se jogava Eu Nunca. Coube a Samantha explicar como aquele jogo funcionava e o porquê da bebida.
 
Sentadas em círculo no tapete da sala, cada uma segurava um pequeno copo. A bebida escolhida foi o whisky, pois era a mais forte que foi achada naquele castelo. Além disso, tinha aos montes, pois a família Ardeen tinha a sua própria marca de Scott — e Kara nem mesmo sabia.
 
O jogo começou tranquilo, Gayle ficou responsável por fazer as perguntas e estava pegando leve. Em um determinado ponto daquela brincadeira, quando os ânimos começavam a ficarem alterados, Andrea assumiu o posto de fazer perguntas e então, o jogo mudou de patamar.
 
Cada pergunta feita por Rojas era especificamente feita para Kara e Lena. Mas a pergunta principal ainda não havia sido feito.
 
— Agora vou fazer a última pergunta e depois vamos jogar um jogo em que a noiva — apontou para Imra — vai responder algumas perguntas num duelo com alguém da família da outra noiva — apontou para Kara — para saber quem a conhece mais.
 
— Foco, Andrea — Sam pediu a esposa que fez uma careta.
 
— Calma, mulher! — limpou a garganta se preparando para o que viria — Já me apaixonei pela minha melhor amiga. Quem já, bebe. Quem não, apenas observa — colocou a mão na frente da boca para conter o riso. Como o esperado, Kara e Lena viraram seus copos imediatamente — quem poderia imaginar que apenas Kara e Lena beberiam?
 
Imra olhou para loira e depois para a sua madrinha de casamento sem entender. Até queria dizer algo, mas pensou que tivesse entendido tudo errado já que estava alterada por causa da bebedeira. Nunca havia bebido tanto.
 
Com o comentário de Andrea, Kara e Lena, que estavam em lados opostos, se encaram por alguns segundos. Seus corações estavam acelerados e o nervosismo tomava conta das duas. Estava ali uma resposta que procuravam há muito tempo. Agora só dependia delas o que fazer com a informação.
 
— Agora vamos para o duelo — Gayle disse novamente animada demais — quem vai duelar com a Imra?
 
A pergunta só foi feita por fazer, pois a escolhida para o embate foi Lena.
 
— Quem vencer ganha o que? — Imra quis saber enquanto se arrastava para ficar sentada ao lado de Lena.
 
— Nada, ué — Alex deu ombros — o maior prêmio é saber tudo sobre a minha irmãzinha.
 
Para as perguntas planejadas, Kara tinha colocado todas as repostas no bloco de notas do celular de Alex que confirmaria quem acertou ou quem errou.
 
A brincadeira seguiu. A euforia a cada pergunta que Lena acertava estava no ar. Todas acabavam festejando quando a morena nem precisava pensar para responder as coisas, até mesmo as mais banais, sobre sua melhor amiga.
 
A intenção do jogo não era humilhar Imra, era só mostrar para Kara que elas não se conheciam bem para darem um passo tão grande no relacionamento. Ainda mais um passo do qual as duas poderiam saírem magoadas e arrependidas.
 
Não foi surpresa nenhuma para a loira quando sua amiga respondeu 29 de trinta perguntas sem errar. Elas se conheciam há anos e era até meio injusto contra a Imra. Contudo, nem dava para defender a própria noiva, pois, até as coisas que Kara havia comentado com ela, ela havia errado. A única coisa que acertou foi sua data de aniversário.
 
Toda a brincadeira rendeu boas risadas a todas. Mas para Kara e Lena rendeu muito mais isso.
 
Quando cada uma foi para o seu quarto, Kara se jogou na cama, mas não parava de pensar no jogo do Eu Nunca. Ela tinha entendido o que aquilo significava, mal prestou atenção no quiz sobre ela, pois sua mente só volta no momento em que seu olhar se cruzou com o de Lena após responderem a pergunta de Andrea.
 
Querendo mais detalhes sobre aquilo, Kara se levantou indo até a porta, estava decidida a ir até o quarto de Lena, mas quando a abriu, deu de cara com sua mãe.
 
— Atrapalho algo? — Eliza perguntou quando percebeu o semblante desapontado da sua filha.
 
— Não — balançou a cabeça negando freneticamente — eu só ia... ia conversar com a Alex.
 
Eliza sabia que era mentira, mas deixou passar.
 
— Posso entrar? Queria te mostrar isso aqui — deixou em evidência o álbum de fotos que carregava.
 
— Claro, mãe — deu espaço para Eliza passar.
 
A mais velha se encaminhou até a cama e logo foi seguida pela filha. Lado a lado, elas começaram a folhear o álbum com fotos que Kara não se lembrava de ter visto algum dia em sua vida.
 
— Você e a Gayle sempre foram apegadas — apontou para a foto das duas pequenininhas — sempre queriam copiar tudo o que a outra fazia — Kara sorriu — aqui vocês duas no primeiro dia da escolinha e Alex emburrada porque não queria tirar foto.
 
— Alex sempre tentando botar medo nas pessoas — comentou ao ver a irmã de braços cruzados e cenho franzido — ela estava em que serie aqui?
 
— Na segunda. Nesse dia ela também não queria ir para escola — as duas riram e Eliza mudou a página.
 
— O papai — seu tom era saudoso — ele me faz tanta falta. Gostaria dele aqui com a gente. Ele se preocupava tanto comigo e achava que eu nunca iria casar.
 
— Ah, nem tanto — apontou para outra foto que estava em baixo no canto do álbum — lembra disso aqui?
 
Era difícil esquecer o dia que ela e Lena foram para Paris. Aquela talvez tenha sido a melhor viagem da sua vida.
 
— Paris — seu rosto se iluminou com as lembranças de tudo — como tem essa foto? Nem eu tenho.
 
— Lena me deu quando vocês foram até Midvale. Agora eu sei que seu pai estava errado.
 
— Como assim? — olhou para a mãe sem entender.
 
— É que ele sempre teve certeza que se um dia você fosse se casar, se casaria com a Lena.
 
— Sério, mãe? — perguntou surpresa.
 
Com um meio sorriso, Eliza fechou o álbum e deu um beijo na testa de Kara.
 
— Boa noite, filha — fez uma leve caricia em seu rosto e logo saiu do quarto levando o álbum.
 
Eliza esperava ter conseguido abrir os olhos da filha com a sua — nem tanto — sutileza.
 
 

:)

A Melhor Amiga da Noiva Where stories live. Discover now