20| In Search For Happiness.

7.8K 825 354
                                    

1842 , Início do século XIX.

Elizabeth

Abri meus olhos, minha respiração estava pesada e me assustei comigo mesma ao sentir lagrimas molhando minhas bochechas. Olhei a minha volta, buscando compreender o que estava acontecendo.

- Está tudo bem, Elizabeth?

A voz que ouvi me reconfortou e imediatamente olhei na direção dela.

Tommy acabará de sair do banheiro, com uma toalha sob os quadris e uma em suas mãos. Ele secava seus cabelos negros e me olhava tentando entender minha expressão de espanto.

Eu me levantei da cama rapidamente e me joguei em seus braços. Ele se assustou, mas me abraçou de volta enquanto eu me desmanchava em lágrimas,

- Você esta aqui... - disse afundando meu rosto em seu peito molhado.

- Eu achei que deveria ficar aqui com você durante a noite. Tive uma sensação estranha ontem, como se tivesse alguém observando sua casa. O que aconteceu? Por que está chorando? - ele segurou-me pelo queixo, me fazendo erguer o olhar para encontrar o dele.

- Eu tive um sonho... - suspirei. - Um sonho ruim.

Ele acariciou meus cabelos e me confortou em seus braços.

- E com o que você sonhou?

- Haviam te tirado de mim... - o apertei em meus braços.

Ele me olhava sem entender meu desespero. Aquele pesadelo havia me trazido uma sensação horripilante, uma falta de ar como se minhas vias áreas estivessem completamente obstruídas, como se eu estivesse me afogando naquela escuridão profunda que os olhos de Heathan possuem.

- Tommy... eu não quero sentir isso nunca mais.

Ele segurou-me em seus braços carinhosamente, alisando as mechas dos meus cabelos com suas mãos molhadas.

- Elizabeth, isso nunca vai acontecer. Nunca irão me tirar de você, sempre serei seu, como sempre será minha...

..

.

Sua voz foi como um eco em minha mente, desaparecendo conforme a claridade do dia e o calor do sol transcendia sob a pele do meu rosto. Minha vista estava turva, mas eu sentia que estava em movimento, ouvia o galopar dos cavalos e por isso sabia que estava em uma carruagem, também podia ouvir o cantar dos pássaros e o estalar dos galhos se quebrando no chão.

- Que bom! Você acordou.

Estava tão zonza, sentia uma vertigem forte.

- Acho que exagerei ao dopar você. Mas você não ficava quieta, gritava e se sacudia. Deveria ter colaborado comigo quando estávamos a sair de sua casa.

Respirei fundo, fechando os meus olhos e tentando entender melhor a situação. Abri os meus olhos lentamente, esperando ter foco. Tudo o que eu queria, era que minha primeira imagem nítida, não fosse o sangue em minhas mãos, pois instantaneamente, as imagens da noite anterior me vieram a mente e eu entendi que não, não havia sido um pesadelo e que a promessa de Tommy, havia sido um reflexo que minha mente criou para me enganar perante o trauma que sofri na noite anterior.

Minhas mãos se fecharam em punho enquanto eu sentia os meus olhos se marejarem.

- Não chore, olhe... já estamos chegando.

Ergui meu olhar, observando ao longe uma casa, uma casa rustica e de tamanho descomunal. Heathan estava ao meu lado, ele direcionava a carruagem e não tirava um sorriso do rosto. Acho que essa é a primeira vez que o vejo dessa forma... branda.

Estava enjoada, queria dizer-lhe mil coisas, mas minha voz simplesmente havia desaparecido. Estava com medo e não sabia o que estava me esperando após as portas da mansão a qual estávamos nos dirigindo.

Após percorrer a extensa estrada, nós havíamos chegado. Heathan desceu da carruagem e se dirigiu ao meu lado, pegando-me pela cintura e me colocando no chão, a sua frente. Minhas pernas tremiam e eu mal me aguentava de pé, mas tenho certeza que teria forças para correr se minhas mãos e meus pés não estivessem acorrentados, como se eu fosse um mero animal selvagem.

Os dedos de Heathan percorreram suavemente meu rosto, um toque gentil, e ele me puxou para si, abraçando-me com força, como se a anos não nos víssemos.

- Você finalmente está aqui... Não sabe por quanto tempo te esperei.

Eu fiquei imóvel, não sabia o que dizer ou como reagir. Tenho certeza que se, nesse instante, eu tivesse forças e principalmente, não estivesse com tanto medo, eu o empurraria e correria gritando por ajuda, qualquer e absoluta ajuda.

- Heathan... O que você está fazendo?...

Minha voz ressoou quase como um sussurro, mas sei que ele me ouviu, pois se afastou, me olhou nos olhos e me respondeu com sutileza o que eu jamais esperaria ouvir sair de sua boca:

- Estou tentando ser feliz...

Meus olhos se saltaram em espanto e eu o encarei com desentendimento.

- Eu vou te contar toda a verdade, em breve, você vai entender tudo.

- Heathan... Eu quero ir para casa... por favor... - disse entre lágrimas.

Suas mãos imediatamente secaram meu rosto e ele descansou sua testa sobre a minha.

- Shh... Você já está em casa, Elizabeth. Nós dois estamos...

Seus dedos dedilharam meus lábios, suavemente.

- Você não sabe o quanto quero te beijar agora... - ele sorriu, aquele sorriso de perversidade que eu já vi diversas vezes, o verdadeiro sorriso de Heathan. - Mas darei tempo ao tempo. Irei esperar que se acostume, para que você mesma venha até mim.

- Do que você está falando? - disse tentando afasta-lo de mim, mas ele não me permitiu tal ato, me segurou com mais firmeza enquanto eu me debatia. - Heathan, não pode me manter aqui! Não pode fazer isso comigo! - exclamei, iniciando um choro de desespero ao ver seus olhos se aprofundarem na mais assustadora frieza e ele passar seu braço ao redor de meu pescoço, pressionando-o, me tirando o ar dos pulmões.

Tentei soltar-me, mas meus esforços foram inúteis em tais condições.

- He.. Heath...

Minha vista se tornou turva novamente, enquanto aquela terrível sensação de sufocamento me invadia, por fim, eu desisti e fechei meus olhos me entregando a aquela mais devasta escuridão.

~"~

+16 | CASO N° 44 | Bill Skarsgård - Dark RomanceOnde as histórias ganham vida. Descobre agora