8| You Tease All My Monsters, Nurse...

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Para melhor apreciação, leia com o fundo negro

1842
Início do século XIX

Elizabeth...

Ele dormia.
Ainda não havia acordado desde a dose do sedativo. Ele devia estar muito cansado e isso pode estar contribuindo para o seu sono pesado.

Eu havia preparado todo o quarto somente para ele. Geralmente os pacientes dividem esse espaço, mas achei melhor para ele ficar sozinho. Heathan ainda não está pronto para se misturar com os outros da instituição. Por certo tempo, ele só terá contato comigo.

[...]

Estava sentada ao lado da cama, e quando ele finalmente abriu os olhos, eles vieram direto a mim.

- Olá, Heathan.

Ele parecia um pouco perdido, olhou ao redor, desconhecendo o local, obviamente.

- Se lembra do que houve? - perguntei, calma.

Ele apenas concordou com um gesto. Ele se levantou sem minha ajuda, para que pudesse ficar sentado sobre a cama.

- Como você se sente?

Ele me olhou, e pareceu pensar por alguns instantes.

- Estou bem. - disse, frio.

- Se passaram várias horas desde o incidente, você dormiu mais do que o previsto. Ainda se sente cansado ou com sono?

Levei as mãos ao seu rosto, ele se esquivou, mas cedeu quando notou que eu não faria nenhum mal a ele ou coisa do tipo.
Usei os polegares para puxar um pouco suas olheiras para baixo.
Dessa forma, eu pude ver claramente suas pupilas. Soltei seu rosto.

- Por favor, siga o movimento da minha mão.

Levei-a para direita e para esquerda, e seus olhos acompanharam o movimento.

Sorrio.

- Você parece bem acordado. Agora, está com fome?

- Sim.

O observei por alguns segundos. Devo admitir que Heathan parece um pouco mais calmo agora.
Ele também parece incômodo com minha presença, com certeza gosta ou prefere ficar sozinho. Ele fica mais irritado e evasivo, desinquieto quando tem alguém por perto, como agora.
Eu tentarei me aproximar, conversar com ele, e espero que ele não permaneça na mesma ideia todo o sempre. Ele é uma pessoa extremamente teimosa e difícil de controlar. Não aceita ordens, tudo tem que ser em meio a muita luta e nas suas condições, isso é perceptível, pois ele não aceita se quer uma alteração de voz.
Enxergo Heathan como um grande desafio, mas serei capaz de ajuda-lo se as coisas continuarem melhorando. Até agora, já vejo o fato de ele conversar comigo sem graças ou deboches, estar em um quarto e estar mais calmo que o habitual, um grandioso avanço.
Posso dizer que já tive momentos piores com ele do que tudo o que está acontecendo agora.

Me levantei para trazer o seu jantar e logo o coloquei sobre a cômoda.

- Consegue comer sozinho ou prefere que eu lhe sirva?

Heathan tem o rosto magro e os olhos fundos. Acho que ele não come bem desde que chegou aqui. Não esperei que ele me respondesse.
O ensopado possuía um cheiro agradável, estava quente pois tinha sido preparado pouco tempo antes de ele acordar.
Levei a colher a sua boca, e por mais que ele tenha se esquivado, não resistiu quando sentiu o aroma, e cedeu a aceitar que eu lhe desse a comida em sua boca.
Ele comia de boa vontade, não precisei insistir. Ele foi solidário ao me deixar ter tal aproximação, e eu me sinto feliz por poder sentir que finalmente estou começando seu tratamento.

[...]

Após seu jantar, separei suas roupas e as deixei sobre a cama junto a toalhas brancas.

- Irei ajuda-lo com o seu banho, tudo bem para você?

Ele não disse nada.
Suspirei profundamente.

- Vamos.

O ajudei a se levantar da cama. Sua experiência de horas atrás foi algo traumático e chocante. Quero ajuda-lo com o que eu puder até que ele se recomponha do ocorrido.

Ele permaneceu em silêncio. O ajudei a se despir, peça por peça e a entrar na banheira. Fiquei ajoelhada no chão atrás dele.

- Feche os olhos, por favor. - pedi e assim o fez.

Joguei a água morna sobre sua cabeça, tomando todo o cuidado para que não entrassem em seus ouvidos por acidente.
Quando ele abriu os olhos, eles ficaram fixos em apenas um lugar. Ele escolheu um mísero canto do ambiente para olhar, e permanece assim enquanto eu estava ali.

Minhas mãos o tocavam de forma sutil, não quero que ele se sinta desconfortável.

Pescoço, ombros, braços, mãos.

Ele suspirou de forma profunda quando toquei suas mãos.

- Lhe incomoda?

Ele não me respondeu.
Permaneceu sem me olhar. Por nenhum instante ele se quer desviou o olhar da parede.

Suspirei.

Me levantei para lavar os seus cabelos. Meus dedos massageavam seus fios lisos e castanhos com todo o cuidado. Retirava a espuma com as mãos e as enxaguava na água da banheira, dessa forma, não teria risco de ela escorrer até os seus olhos.

- Feche os olhos novamente, por favor, Heathan.

Ele permaneceu quieto, e lentamente fechou os seus olhos.
Com uma pequena jarra de porcelana, eu jogava água sobre sua cabeça para tirar toda a espuma, a banheira estava pela metade, para que não transbordasse. Me ajoelhei a sua frente para que pudesse enxaguar o seu corpo. Jogava água sobre os seus ombros e com as mãos, retirava a espuma.

Peito, abdômen.

- Está tudo bem, Heathan? Se estiver incômodo eu posso parar.

Ele não disse nada, seu olhar não se encontrava com o meu em hipótese alguma.

Suspirei.

- Certo... terminamos. Irei buscar as toalhas, espere um segundo.

Me levantei para que pudesse sair, mas senti uma pressão em meu pulso.

Ele havia me agarrado.

- Já ouviu dizer... que monstros existem, enfermeira?

- ... Desculpe, o que disse? - perguntei confusa.

- A quem diga que eles vivem dentro de nós. Na nossa mente.

- Desculpe, Heathan... eu... - ele me interrompeu.

- As vezes é impossível os controlar... e eles saem.

Ele me puxou, jogando-me dentro da banheira com ele. Suas mãos seguraram os meus pulsos enquanto ele se posicionava sobre mim.

- Eu mesmo sempre tento o máximo possível, mas eu não consigo os segurar dentro de mim.

- He... Heathan... O que está fazendo?...

- Você provoca todos os meus monstros, enfermeira...

~"~

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