22| Do You Know What Is Love?

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1842 , Início do século XIX

Elizabeth

Dia após dia.
Eu estava no dia oito e contando. Todos os dias acordo pensando que alguém virá me buscar, mas quando me lembro o que aconteceu com Tommy, também me lembro que não tenho mais ninguém.

Na maior parte do tempo eu fico presa dentro do quarto. Bill me deixa sair para caminhar no jardim, mas ele sempre anda atrás de mim e, recentemente, a dois dias atrás para ter mais exatidão, tive a ligeira impressão de que ele estava armado. Desde então, qualquer ideia que me tenha vindo a mente de fugir correndo e gritando se esvaeceu.
Nós não nos falamos muito, o que, para ser muito sincera, me surpreende e assusta pois ele sempre gostou muito de falar, ele sempre tinha uma resposta para tudo, uma piada maldosa ou comentário sarcástico para derramar sobre mim ao primeiro momento que me visse, mas agora, ele está quieto.

Ele vem ao quarto, me deixa o que preciso, pergunta se estou bem e as vezes se deita comigo a cama, não o deixo me tocar, mas ele sempre da o seu próprio jeito de conseguir o que quer. E é apenas isso. As vezes imagino que ele não sabe o que fazer ou como reagir, mas aí me lembro de suas palavras:

"...eu vou esperar até que você venha até mim... se eu resistir até lá."

Quando isso me vem a tona, sei que ele esta apenas se controlando e me dando um pequeno "espaço" até desistir e acabar... e acabar fazendo o que bem entender comigo.

- Elizabeth?

Olhei em direção a porta e lá estava ele.

- Diga...

Ele entrou no quarto e caminhou até mim, sentou ao meu lado a beira da janela e me observou por alguns segundos antes de começar a falar.

- Você quer caminhar um pouco?

Suspirei olhando o jardim pela janela. Me lembrei da brisa suave tocado minha pele e da pouca, porém, para mim, imensa sensação de liberdade que eu sentia com essa sensação e acenei a ele dizendo que sim.
Ele se levantou, me estendeu a mão e eu exitei em pega-la inicialmente, mas... a segurei e ele me guiou para fora do quarto.

[...]

Estava sentada em um banco de pedra em frente a casa. O sol estava com sua luz suave da manhã e quando eu suspirava, podia sentir o cheiro do orvalho na grama nova que nascia abaixo dos meus pés.

Ele estava de pé a alguns passos atrás de mim, me observando em silêncio como sempre fazia.

Suspirei.

- Bill... me responderia uma coisa?

O olhei sob meu ombro.

- O que quer saber? - disse caminhando em minha direção.

- Você sabe o que é amor?

Ele parou em meio ao caminho em silêncio. Pareceu reflexivo e incerto com minha pergunta. Seus olhos sobre mim me fizeram acreditar que ele estava tentando deduzir o por que de uma pergunta tão acentuada e repentina.

- Por que esta me perguntando algo assim?

Abaixei o olhar.

- Você me disse que eu aprenderia a lhe amar, que essa seria minha única opção e que eu deveria apenas aceita-la.

- E...?

Olhei em sua direção, sentindo a brisa levantar meus fios de cabelo em direção ao meu rosto.

- Como quer que eu lhe dê algo que você mesmo não sabe o que é?

Ele ficou em silêncio.

- Eu demorei para compreender que o amor não é um sentimento que vem para si mesmo, ele sempre virá para fora. Para os seus pais, seus filhos, talvez seus amigos, trabalho... são infinitas as possibilidades.
Nós confundimos as coisas, você compreende? Somos capazes de confundir o amor com as sensações de calma, aconchego, carinho... mas como eu disse, essas são apenas sensações. Sensações que queremos ter em um relacimento com alguém, mas o amor... ele vai além disso. Não podemos dizer amar alguém apenas para termos essas boas sensações...

-... Por que?

- Por que isso acaba. Sensações são coisas que vem e vão. Elas passam, como quando se está com sede e bebemos água... a sede se vai. O amor vai além das sensações.

- Eu não entendo onde você quer chegar.

- Estou lhe dizendo que não posso... não posso dizer amar você apenas para que não se sinta sozinho. Seria mentira e, em algum momento, você seria infeliz por perceber isso. Amar alguém é um ato de ação, é ser capaz de fazer o outro feliz e... quando olho para você, me sinto incapaz de realizar tal feito.

Ele segurou-me pelo pulso vigorosamente. Assustei-me com seu ato e o olhei nos olhos.

- Pare de dizer tantas bobagens. - disse friamente.

- Bill...

- Fique quieta, Elizabeth! - gritou comigo.

Me recolhi com seu tom e por alguns segundos, o silêncio reinou entre nós enquanto seu eco vagava pela floresta ao redor da casa.

- Você tem razão. Eu não sei o que é, não sei o que é amar alguém ou o que seja receber isso. O mais próximo de algo bom que senti na vida, foi quando vi você, foi quando senti você pela primeira vez. - ele apertou meu pulso. - E não me importa que para você isso seja apenas uma sensação, pois para mim é real, é de verdade como carne e ossos. - ele colocou minha mão sobre seu peito e eu senti seu coração, batendo tão rápido como se fosse sair de seu peito. - Eu vivi toda a minha vida querendo me esquecer de diversas lembranças dolorosas e bastou eu conviver poucos dias com você para que elas desaparecessem sem eu precisar me esforçar. Eu não precisei fazer nada a ninguém para preencher o vazio, o escuro... precisava apenas ouvir você falar comigo, apenas provoca-la, apenas ver você sorrindo... eu não sei o que é, mas não vou perder isso, então apenas desista de tentar me convencer a deixa-la ir... sei que essas são suas intenções e elas não terão vigor.

Puxei meu pulso vigorosamente para soltar-me de seu toque ríspido e corri para longe dele. Ele permaneceu lá, me olhando correr. Fui para o outro lado da casa e me escondi em meio aos lençóis nas cordas de sisal. O observava de longe atrás dos lençóis quando o vento os erguia no ar.

"O que eu devo fazer?..."

~"~

+16 | CASO N° 44 | Bill Skarsgård - Dark RomanceOnde as histórias ganham vida. Descobre agora