Capítulo 12

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Saio daqui, sem nada. Além de um maço de cigarro no bolso.

Tô me sentindo até outra pessoa, sacou? Foi pesado, irmão. Mas eu consegui.

Me sinto livre, não devo mais o sistema. Tô leve como um pássaro voando pelo céu. Tô leve, porra! E olha que eu nem fumei nem uma erva ainda.

Puxei meu cigarro do bolso e acendi o mesmo. Porra!

Fui caminhando devagar, pensando como eu ia voltar pro Rio. Eu não tô duro, tenho uma grana. Mas como vai ser quando eu voltar? Minha família ainda tá lá? Quem tá comandando minha favela? Porra, neurose pra caralho!

Lembrei do meu antigo barraco, onde eu tinha um esquema com uma mina aí. Não sei se ela ainda mora lá, mas a vadia vai dar meu dinheiro todo.

Não fica tão longe, mas vai ser maneiro ir colocando as idéias no lugar.

Parceiro, não é só porquê eu saí da cadeia, que eu tô livre. Eu ainda tenho inimigos, mesmo depois de 15 anos. Não é algo tão fácil. Vou lutar pra sair da vista deles, e se eu conseguir voltar pro Rio, peita quem quiser.

[...]

Fui chegando na comunidade que ela mora, onde eu tenho outros aliados. Sou um homem humilde, caralho! Faço amizade com qualquer um, na mesma intensidade que eu também desfaço. (Se é que vocês me entendem.)

Charles : Porra! É sério que a lili cantou, cuzão? - Encontrei ele na calçada do beco, fumando o de sempre e um sorrisão no rosto.

Vidal : Sou eu mermo, lek! - Ele levantou, e eu abracei ele. - Foi bagulho louco, mas eu sou mais louco que o bagulho. - Ele assentiu. 

Charles : Veio procurar a Tati? - Concordei. - Irmão, ela não tá mais na tua não. - Eu ri fraco, pegando o verde da mão dele.

Vidal : Eu não vim por ela, vim por isso.. - Soprei a fumaça, fazendo o gesto de dinheiro com os dedos. - Deixei uma grana maneira com a vagabunda, parça! Ela vai me dar tudo, ou eu volto pro buraco. - Devolvi o cigarro.

Amor de Fim de Noite. (CONCLUÍDO) Where stories live. Discover now