Capítulo 27

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Guilherme ⚔️

Já ouvi muitas paradas a meu respeito, a respeito da minha família.. Mas eu ligo? Não.

Gosto deles? Também não.

Meu pai? Dizem que eu sou filho do tiquinho. Magoou, tá ligado? Mas minha avó falava que era um tal de Lucas, tio do Samuel.

Nunca me interessei em saber. Minha mãe também não!

Entrei no crime aos 14 anos, mas fumava desde os 12. Fumei um primeiro, bateu a onda, moleques que tavam fumando comigo, me chamaram pra fazer um assalto fora do morro, e eu fui.

Era de noite, arrastaram pra fora da favela com uma moto roubada. Quando eu senti a brisa da maconha e o vento frio percorrer pelo meu corpo, eu não quis mais parar.

O frio na barriga, a adrenalina nas veias, a moto em alta velocidade e tá com os parceiros, fez eu não querer sair mais.

Aos 16, virei gerente de uma boca no setor 2, e foi só aumentando o meu "currículo". Aos 18, eu caí. Fiquei um ano preso, e quando eu saí, a boca já não tava mais na minha gerência.

Tava na gerência do Luizinho, por ele ser filho do Vitti, ele teve mais nome que eu.

Não discuti não, pô! Moleque é peixe grande, e eu sou isca. Mas com o tempo, a boca entrou em crise e quase ninguém comprava mais.

Vitti ficou malucão, mané! E tirou ele. Eu sai do movimento, agora eu só fumo minha maconha em paz. As vezes tenho vontade de entrar? Claro, tenho saudades de quando eu era moleque, mas não tá na hora ainda.

Não tive o amor da minha mãe, apesar de ter ela ali. Isso mexeu comigo pra caralho.

Quando eu fumava, eu lembrava de quando ela me batia, e me comparava com o meu pai, que eu nem conheci.

Porra, eu era uma criança! Eu merecia ser amado, eu merecia ter recebido carinho, ao invés de porrada e humilhação.

O de cima, vai me perdoar.. mas eu não gosto dela. Eu não fico perto da minha coroa por muito tempo, porquê me dá vontade de explodir. Minha avó me deu um pouco, mas não supriu a falta do amor de uma mãe.

Gosto da tia Letícia, ela sim foi como uma mãe. Apesar de não ser "nada" minha, ela me deu amor. Ela vinha pro morro quando eu era moleque, e sempre tirava um tempo pra brincar comigo e o Samuel, me deixava na escola, me levava pra passear e tudo que eu queria ter recebido de quem me colocou no mundo.

Eu sentia inveja do Samuel as vezes, mas era coisa de moleque. Ele tinha tudo que eu sonhava em ter, mas eu fui crescendo e esse sentimento foi diminuindo. Hoje ela é como a minha mãe!

Amor de Fim de Noite. (CONCLUÍDO) Where stories live. Discover now