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Genuinamente, Druig achava que o universo estava conspirando contra ele. 

Sábado não havia sido o melhor de seus dias e hoje, um ensolarado domingo, também não estava melhor.

Druig estava de pé desde às sete da manhã, decidiu jogar algum jogo em seu videogame, afinal fazia tempo que não jogava algo e, ao ligar o aparelho tudo parecia correto mas após quarenta minutos de jogo, quando estava quase vencendo, o videogame fez um barulho e desligou. Quando o garoto fora checá-lo, percebera que alguma peça interna havia queimado.

Bufando, decidiu deixar para lá e desceu para a cozinha para então fazer seu desjejum. E foi aí que tudo começou.

— Belo show, o seu — de forma debochada, disse Ikaris indo até a geladeira.

Druig, que estava sentado em uma das cadeiras enquanto comia uma manga, olhou para Ikaris arqueando uma sobrancelha.

— Todos ficaram preocupados quando você saiu ontem — disse ele enquanto abria a geladeira. — Sério, precisava de tudo aquilo para chamar atenção?

Tratou de ignorar o mais velho.

— Ah vamos lá — provocou. — O gato comeu a sua língua? 

Ikaris pegou a garrafa de leite e em seguida um copo, colocou-o sobre o balcão de mármore e encheu com o líquido branco. À altura do campeonato, Druig havia terminado de comer sua fruta e cogitava pegar outra para comer.

— Sabe... não precisa ser um gênio para perceber de quem você queria chamar atenção — riu com escárnio e finalmente possuía total atenção do irmão mais novo. — Não é daquela garçonetezinha que nos atendeu aquele dia? Você não tirou os olhos dela ontem. Sem dizer que ela ficou toda preocupada com você depois que saiu, foi o que o Eros me contou. — Deu de ombros, não olhando para o irmão. — Então vocês são namoradinhos ou o que? Sério, se forem, o que ela viu em vo...

O que aconteceu em seguida foi muito rápido para os dois irmãos. Druig não sabe como foi parar de frente para o irmão, segurando-o pela gola da camisa e olhando-o no fundo dos olhos com uma raiva indescritível.

Em uma briga, Druig tinha plena consciência de que Ikaris o mataria, mas no momento começou a questionar aquele fato, dado as posições invertidas, podia jurar que viu o pânico passar diante os olhos azuis do irmão, semelhante aos dele.

E realmente passou, Druig nunca havia enfrentado o mais alto e aquilo havia sido uma surpresa para ele, fazendo-o ficar paralisado.

— Pense muito bem no que você for falar a respeito dela — Druig ameaçou entre os dentes. — Caso contrário eu juro que faço todos aqueles boatos que você espalhou no colégio sobre mim virarem verdadeiros.

Aquilo deixou Ikaris estupefato com toda a verdade que veio à tona.

— Do que raios você está falando? — Ikaris indagou tentando não deixar transparecer a quase gagueira.

— Eu sei muito bem que foi você que começou com os boatos naquela escola, não se faça de desentendido, irmãozinho — praticamente Druig havia cuspido aquelas verdades há tempos guardada em seu âmago.

— Que palhaçada é essa na minha cozinha? — Questionou ferozmente uma voz grave, interrompendo o mais baixo dos irmãos; diga-se de passagem que aquela interrupção fizera os membros um tanto tensos de Ikaris relaxarem um pouco.

Era Arishem, o pai dos dois.

Arishem era um homem alto, de cabelos negros com pontos grisalhos — dado aos seus quase cinquenta anos —, ele possuía olhos verdes, estava vestindo um terno. Arishem sempre carregava com si uma postura capaz de assustar qualquer um, mas depois de anos enfrentando o pai, essa tal postura não assustava mais Druig. 

Not That BadWhere stories live. Discover now