𝖈𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝖔𝖎𝖙𝖔

422 71 68
                                    

Laura nunca havia realmente se decepcionado com algo relacionado aos filhos. Certo que em alguns momentos eles a deixavam com os cabelos em pé ou coisa do tipo, mas decepcionada nunca foi o caso. Sua mãe, Talia, sempre disse que ela apoiava algumas situações irregulares, um exemplo simples eram as brigas de Theodore e o visconde Talbot. Acontece que ela não podia brigar com o filho, sendo que quem apanhava não era ele.

Quando ela analisava seus dois meninos, existia uma clara diferença de atitude e forma de criação. Ela era rígida com Theodore, mesmo não parecendo, o criou para ser um alfa de respeito, que pensasse na sua aldeia em primeiro lugar, no seu povo. Enquanto Alexander, ela criou como um bom ômega, semelhante ao seu pai.

O pai dos meninos era um ômega, Jonathan Raeken, ele era a pessoa mais doce e respondona do mundo. Sim, era improvável conhecer alguém assim, porém, Laura teve sorte. Na época, não existia isso de ter "ômegas para casar" e "omegas que não eram para casar", a vida era mais simples, mesmo sendo apenas vinte e poucos anos antes, existia uma diferença gritante.

Se fosse analisar o tempo passado, omegas que não são para casar, eram aqueles que realmente não queriam, que trabalhavam em Casas do Cio, ou que simplesmente se recusavam a viver sobre as ordens de um alfa.

No atual momento, omegas que não são para casar, podem não se encaixar em nenhuma das opções e apenas ser simpático demais, extrovertido demais. A verdade é que as pessoas querem alguém submisso ao extremo, coisa, que infelizmente, nem todos conseguem ser.

Laura nao gostava disso, achava injusto, se uma pessoa gostava ou se encantava com outra, deveria ficar com ela. Foda-se a sociedade, família ou qualquer outra merda. E ela sempre deixou bem claro aos filhos que apoiaria qualquer decisão deles. Então, por que seu filho tinha agido de forma vergonhosa e feito as pessoas pensarem que o ômega era da Casa do Cio?

Ela suspirou, incapaz de conseguir entender a atual situação do filho com esse ômega. Sem conseguir entender seu próprio irmão, que considera um sobrinho, sem conseguir a sociedade.

Uma batida na porta a acordou da bola decepcionada que tinha formado. Laura ergueu o rosto quando Theodore colocou a cabeça para dentro do quarto, uma feição assustada e temerosa no rosto.

— É... Me disseram que gostaria de falar comigo, antes de sair com os lenhadores...

Ele estava envergonhado. Alexander tinha certeza que nunca havia visto o irmão daquela forma, cabisbaixo e parecendo submisso a algo. Nem enquanto Derek finalizava o acordo com o marquês McCall, naquele café da manhã, o irmão tinha adquirido aquelas feições. Entretanto, ficar brigado com a mãe dos dois não parecia estar sendo fácil.

— Entre.

Como um bom filho, Theodore se arrastou para dentro do quarto, fechando a porta quando a mãe sinalizou e se aproximando devagar até a cama, onde a mulher estava para todos os efeitos lendo, mesmo que não tivesse avançado nenhuma página.

— Eu quero apenas fazer uma pergunta e gostaria que fosse totalmente sincero comigo, até porque saberei se estiver mentindo. — Laura falou ao perceber que o filho se manteria em silêncio.

— Sabe que nunca conseguiria mentir para a senhora.

— Mas esconder coisas consegue né? — alfinetou, revirando os olhos verdes tão parecidos com os do filho.

— Eu sinto muito.

Ela bateu no espaço ao seu lado, convidando Theo a sentar na cama. Ele subiu, depois de tirar as botas, se espreguiçando na cama, não conseguindo disfarçar o ânimo que a simples ação o causou. Em alguns momentos, Laura desconfiava que os filhos fossem descendentes de gatos e não de lobos.

O Cortejo Do Marquês Raeken-Hale│𝓣𝓱𝓲𝓪𝓶Where stories live. Discover now