XXXII. MEILLEUR

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“O homem inteligente aprende com seus próprios sofrimentos. O homem sábio aprende com os sofrimentos alheios.”

- Platão

- Platão

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32. Melhor

A M A L I E

A floresta na qual paramos para acampar era um verdadeiro paraíso na terra

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A floresta na qual paramos para acampar era um verdadeiro paraíso na terra.

Um verde vivo se espalhava por todos os lugares. A terra, úmida e fresca. Perfeita para plantio.

Montanhas estendiam-se ao longe, cobertas pela névoa. O silêncio só não reinava inteiramente por conta de um pequeno riacho que lançava suas águas claras contra as rochas, causando um barulho baixo e agradável; relaxante.

De joelhos, levei as mãos a água fresca e trouxe-a para meu rosto; revigorando minha pele, meu ser. Apesar de termos água estocada na carruagem, bebi um pouco.

Tão doce...

Peixes passavam em cardumes ali, diante de meus olhos. Criaturas coloridas, lindas, embelezando ainda mais o fundo rochoso do riacho.

Uma lança me fez pular para trás ao atingir precisamente o ponto que eu observava.

— Diabos! — praguejei, voltando a posição inicial.

Uma risada estrondosa e divertida soou atrás de mim.

— Desculpe.

Revirei os olhos.

Christophe se aproximou para retirar a lança e pegar um peixe enorme.

Da distância que ele atirou, era necessária muita habilidade.

— Boa mira — elogiei.

— O jantar está garantido.

— Só o seu.

— O que?! Olhe bem... Parece um javali de tão grande.

Revirei os olhos de novo.

— Deus, como exagera...

Ele jogou o peixe em um cesto.

Debrucei-me novamente para beber mais água.

— É o caso de pegar mais alguns... Tem água nos jarros, sabia?

Olhei para trás.

— Prove esta aqui e duvido repetir isso.

Christophe ajoelhou ao meu lado para beber um pouco.

— Deus do céu!

Dei risada de sua expressão fascinada. Feito um cachorro, ele começou a beber mais, molhando todo seu rosto.

— Vá com calma — imitei a fala de meu pai —, a água não vai sair daqui.

Ele passou a língua entre os lábios.

— Quer mesmo falar sobre isso depois de quase ter perdido a boca por causa de um ensopado?

Meu queixo foi ao chão, de maneira teatral.

— Roy contou a você?

— Roy contou para Deus e o mundo. Ele é o fofoqueiro do palácio.

— Traidor!

— Não exagere. Este papel é meu, lembra?

Sorri, balançando a cabeça para os lados.

De repente, algo me ocorreu.

— Christophe, o que houve com Talbot?

Ele estava mexendo a mão dentro da água, para lá e para cá; brincando com as ondas que se formavam.

Então, deteve os movimentos.

— O quê?

— Bellamy morreu por minhas mãos, mas eu nunca soube o destino de Talbot. As pessoas no palácio davam a entender que ele morreu por minha causa. Foi pela mão mutilada? Alguma febre?

O rosto de Christophe mudou — de um semblante totalmente em paz para a face sombria que eu conhecia bem.

— Christophe... — chamei sua atenção em tom de aviso.

— Eu o matei.

Quase caí dentro da água.

— Você...? O quê?

— Não sabia que atribuíam isto a você. Desculpe. Prometo tomar providências.

Eu não compreendia.

— Por quê... por que você o matou? Ele era seu homem, não era?

— Não há espaço para estupradores em minha guarda. — Seu rosto estava sério como nunca. — Estou aguardando o momento correto para realizar os julgamentos daqueles que pensam que seus atos degenerados não chegaram aos ouvidos do rei.

Agora eu entendia.

Estupros para ele tinham a ver também com sua mãe. Era uma questão pessoal, que acabava ajudando outras pessoas. Por pensar na mãe, ele fazia justiça sem sequer perceber.

— Você é um bom homem, Christophe Toussaint.

Seus dedos molhados tocaram meu queixo.

— Sou melhor quando estou com você.

— Sou melhor quando estou com você

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Vossa Majestade, o Rei ✠ Livro IWhere stories live. Discover now