Eu preciso de ajuda

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Eu tinha planejado. Previ. Ainda assim, havia algo tão definitivo na retirada da coleira e em como parecia quebrada da forma como estava disposta na mesa.

Não conseguia tirar os olhos dela. Não conseguia me forçar a olhar para Mi com o pescoço desnudo.

Ela não é mais sua.

Fechei os olhos contra a dor. Não conseguia pensar nisso por ora. Ainda tinha um papel a representar.

— Muito bem, Hermione — falei, finalmente olhando-a. — Se é o que quer.

— Sim — replicou. — Se vai fingir que a noite passada não foi nada além de uma porcaria de encenação, é isto que quero.

Ela sabia. Ela sabia que eu estava fingindo. Talvez assim fosse mais fácil para ela lidar depois. Assenti.

— Conheço muitos doms na região de Nova York. Eu ficaria muito feliz em lhe dar alguns nomes.

Na noite anterior, eu tinha repassado vários nomes em minha cabeça. Eu sabia que ela ia precisar de um dominador ou dominatrix, cedo ou tarde, mas não conseguira decidir por ninguém que fosse bom o suficiente para ela. Torcia para que ela não visse meu blefe — eu não tinha nomes para dar agora.

— Ou poderia dar o seu a eles.

Eu pretendia que minha oferta fosse gentil, mas o olhar que ela me lançou era tão magoado, tão triste. Ela não entendeu. Será que ela não sabia o quanto me doía oferecer-lhe os nomes de meus amigos? Imaginar, mesmo que por um momento, que ela estava com outra pessoa?

— Vou me lembrar disso — cuspiu ela.

Fiquei sentada ali, em silêncio, sem me mexer.

— Vou pegar minhas coisas. — Ela se virou e saiu.

Quando ouvi passos na escada, baixei a cabeça nas mãos. Ah, meu Deus. Ela ia embora. Ela ia me deixar. Eu a veria antes de ela partir ou minha última visão dela seria sua expressão de dor enquanto minhas palavras a dilaceravam?

Athena se levantou de onde estava, a meus pés, e tombou a cabeça de lado para mim.

— Vá — sussurrei. — Vá com ela. — Ela continuou a meu lado.

Minutos depois, ela desceu a escada. Athena ouviu e correu para encontrá-la.

— Ah, Athena — disse ela do hall. — Você é uma boa menina.

Baixei a cabeça e puxei o cabelo. Era pior do que meu pior pesadelo.

— Vou sentir sua falta — disse ela a minha cadela. — Não vou mais ficar aqui, então não a verei de novo. Mas seja boazinha e... prometa que vai cuidar de Pansy, está bem?

Um soluço rasgou meu peito. Seus últimos pensamentos foram em mim. A porta da frente se abriu e fechou.

Reuni toda a força que podia e me levantei. Eu tinha uma última tarefa como dom de Mi: vê-la chegar em casa em segurança.

Horas depois, tendo dirigido atrás dela todo o caminho até a cidade sem que ela soubesse, voltei a minha casa vazia.

Acabou-se. Ela se foi.

Entrei no hall, meus passos ecoando no silêncio. Mesmo quando Mi partia aos domingos, a casa nunca ficou tão desolada. Era porque ela nunca mais voltaria. Agora a casa sempre ficaria vazia. Eu não suportava aquele vazio; precisava me livrar dele.

Athena olhou atrás de mim, como se esperasse que Mi entrasse, mas só olhei rapidamente para ela enquanto ia diretamente à biblioteca.

Havia várias garrafas no bar. Fui direto a elas, sem nem mesmo me incomodar em olhar o resto da biblioteca. Eu ainda não conseguia olhar aquela sala.

A Dominatrix - Pansmione | Parte 2/3Where stories live. Discover now