Capítulo 3

152 17 8
                                    

  Quinta feira Beatrice não apareceu, ao contrário de Dante que César teve a certeza de que deu as caras pois o loiro foi escolhido pela professora para fazer a atividade em dupla de física com ele. O Cohen descobriu que Dante e Beatrice alternavam os dias para ajudar a mãe na floricultura pois ainda estava complicado contratar alguém para o serviço. O moreno poderia dizer que o loiro era uma pessoa legal, só um pouco calmo e quieto demais e bem introvertido, até mais do que ele.

  — Ei, cabeludo! — A cabeleira vermelha de Mia pulou na sua frente tirando César dos devaneios sobre Dante.

  O Cohen percebeu seu arqui-inimigo Samuel acompanhando ela, os dois logo se deram um olhar mortal mas a animação de Mia os interrompeu.

  — Obrigada, cabeludo! — Ela exclamou abraçando o Cohen, o deixando surpreso. — Ontem o tio Arnaldo apareceu com um filhotinho pra mim! O papai nem pensou em recusar. Como você conseguiu fazer isso?

  César ficou mudo por alguns segundos, como assim o tio Arnaldo era tio da Mia também? Tipo, ele sabia que Arnaldo era próximo do diretor, mas tão próximo assim pra Mia chamar ele de tio também?

  — Qual o nome do cachorro? — Foi a única coisa que ele perguntou.

  — Lupi!

  — Loop? Pelo menos ele vai e volta.

  — Não, cabeludo! L-U-P-I. Lupi. Ele é desse tamaninho. — Ela indicou o tamanho do filhote com as mãos. César sorriu, achando fofo a animação dela.

  — Já entendi, ketchup. E o que eu te pedi? — Fez uma expressão séria sem motivo algum.

  — Botei na mesa dela, quando ela chegar vai vai dar de cara.

  — Muito obrigado pelos seus serviços. — Mia riu.

  — Devo minha alma a você. — Ela brincou. — Vamos Samuca, antes que você pule no pescoço do meu salvador.

  Ela pegou o braço do garoto negro de dreadlocks e o arrastou para longe de César, o levando para o outro lado do pátio.

  O Cohen percebeu Beatrice entrar pelo portão principal e ir direto para o andar da sua sala. César ergueu o capuz do moletom que usava por cima do uniforme e foi até a sala do clube de música, mexendo com o prato da bateria enquanto desviava o olhar para a sala do primeiro ano. Não queria ser um weirdo ou stalker, só estava curioso em como ela reagiria, se jogaria a foto no lixo, se apenas ignoraria ou se denunciaria para o diretor que alguém estava tirando foto dela escondido; César não tirava fotos dela e guardava em um templo com coisas esquisitas, tendo pensamentos estranhos e toda aquela coisa bizarrice de stalkers e pervetidos. Ele só tinha tirado uma foto dela que era exatamente aquela foto no envelope, ele estava tirando fotos dela para ela, não queria guardar aquilo, ainda não tinha intimidade com ela, e dependendo da reação dela com as fotos aí que não teria intimidade mesmo.

  Beatrice assim que chegou até a sua mesa, pegou o envelope e franziu o cenho, o virando algumas vezes tentando encontrar um remetente ou pelo menos um destinatário; ela pegou a foto, rapidamente virando o papel ao sentir a textura da flor, sorrindo com o hibisco. A Portinari olhou ao redor e César rapidamente abaixou o olhar para o prato da bateria.

  Beatrice observou agora a sua imagem na foto e rapidamente guardou o papel dentro da sua bolsa, sentando na mesa e pegando os cadernos.

  — Bia, Bia! — Uma voz alta, mas ainda assim doce, exclamou nos corredores e entrou na sala com pressa. César reconheceu a garota chamada Erin, também conhecida como a doida da aula de química por sempre produzir materiais perigosos.

Ah, Meu Pobre Coração!Where stories live. Discover now